A cada dia que passa, a cultura do sampling — o uso de trechos de canções antigas em novas músicas — cresce mais. Junto a isso, aparecem a disponibilização de faixas isoladas, versões karaokê e tantas outras formas diferentes de “brincar” com músicas disponíveis ao redor do mundo.
Hoje em dia, essa revolução na indústria musical é comandada por uma plataforma brasileira: o Moises. Desenvolvido pelo pernambucano Geraldo Ramos e cofundado pelo paraibano Eddie Hsu, o aplicativo atende mais de 1 milhão de usuários em 170 países e já vem sendo usado tanto por profissionais como amadores que gostam de explorar novas possibilidades e sons.
Um caso bem emblemático é o do produtor Kassin, que trabalhou com Luana Carvalho — filha de Beth Carvalho — na música “Visual”, lançada em 2020 no disco Baile de Máscara mas contando com vocais de Beth, falecida em 2019. A separação das faixas, para conseguir a voz isolada, foi feita através do Moises.
Basicamente, o que a plataforma faz é permitir ao usuário criar, de maneira intuitiva, samples ou karaokês com qualidade profissional e acesso democrático a qualquer um — seja um beatmaker, um jovem que queira estudar música e gravar covers ou até mesmo um produtor que esteja procurando isolar uma faixa, como no caso de Kassin.
Moises
Quem trabalha ou já trabalhou com música, mesmo de forma amadora, sabe o quanto uma ferramenta como o Moises é objeto de desejo há anos. A técnica era antigamente restrita apenas a grandes estúdios e necessitava de estudos; justamente por isso, em um papo com o TMDQA!, os desenvolvedores do app detalharam um pouco mais sobre como foi prazeroso democratizar essa habilidade e tantas outras:
A gente acredita que a experiência na plataforma como um todo empodera pessoas de múltiplas formas. O acesso às faixas separadas é ao nosso ver apenas um dos desafios do músico contemporâneo. Falamos isso pois existem outras necessidades clássicas como a sincronização do metrônomo com qualquer música. Por mais que pareça ser uma tarefa trivial, até a chegada do Moises, a sincronização do metrônomo era algo que tomava tempo e requeria o uso de ferramentas de produção profissionais. A gente acredita que a democratização vai muito além do valor monetário acessível de uma plataforma, nossa missão é criar experiências para que qualquer pessoa possa rapidamente aprender e utilizar.
Os brasileiros, que hoje têm base em Salt Lake City (Utah, EUA) destacam que o projeto “cresceu rapidamente” e afirmam “com muita felicidade” que vivem só a partir da renda da plataforma. Ele é gratuito tanto pela web quanto no aplicativo para smartphones, mas há opções de serviços premium que certamente acrescentam à experiência (ainda que a gratuita já seja bastante completa).
Os dois criadores trabalhavam em outras empresas na área de tecnologia antes do Moises e, hoje, já são 13 colaboradores no total envolvidos na plataforma — ambos, aliás, deixaram seus empregos para se dedicar apenas ao app. E o resultado já está sendo visto, em especial com os profissionais que adotaram a ferramenta:
Produtores como DJ Memê, Kassin e DJ Zé Pedro foram alguns dos profissionais que nos deram feedbacks incríveis sobre como o Moises facilita a extração de samples.
Mas é claro que o feedback do público amador também é fundamental. Na nossa conversa, os fundadores explicam que a ideia sempre foi “atingir um público que não estava plenamente servido”, uma classe que eles denominam como “desk-less musicians” — basicamente “as pessoas que sequer têm um computador”.
Eles explicam que, através de pesquisas, perceberam que esse público está “pronto para usar ferramentas como o aplicativo Moises e o que faltava era o fácil acesso nos dispositivos”. Ainda assim, o resultado da chegada aos smartphones surpreendeu, até mesmo por incluir novas funcionalidades que antes “eram limitadas pela arquitetura dos browsers”.
Democratização da indústria musical
O tema central de toda essa discussão, naturalmente, é a democratização do acesso que já foi citada acima. Ela não aconteceu por acaso, e a dupla deixou isso bem claro no papo conosco: foram “centenas de entrevistas para descobrir como deixar a experiência dos músicos, produtores e artistas ainda mais fácil”.
Criar uma ferramenta de verdadeira revolução musical não vem do nada, e para Ramos e Hsu tudo que vem acontecendo é a realização de um sonho de infância — um combustível que os colocou no caminho certo para popularizar o acesso às técnicas de produção outrora restritas:
Desde criança, sonhávamos em tocar com nossas bandas favoritas. Contribuir para que esse sonho se transforme em realidade para o mundo inteiro é um privilégio que temos!
Isso não significa que os desafios tenham acabado, e eles já garantem que 2021 será “cheio de novidades” e terá muito trabalho para apresentar novas funcionalidades mensalmente.
Sem dúvida, vale muito ficar ligado no que eles vão oferecer daqui pra frente e, se você ainda não conhece o Moises, pode acompanhá-lo pelo site oficial ou pelo Instagram. Para fazer o download do aplicativo para smartphones, é só ir à App Store ou Google Play Store.
É do Brasil!