Quem já viu entrevistas de John Frusciante sabe que muitas vezes o cara se expressa melhor com uma guitarra do que com palavras.
Ainda assim, ou talvez justamente por isso, ele deu uma entrevista sensacional há algum tempo em que fala sobre como o Red Hot Chili Peppers é uma das melhores bandas de seu tempo e “elogia” o vocalista Anthony Kiedis de um jeito bem peculiar:
Eu acho que no que diz respeito à popularidade — sem querer falar bem de mim mesmo, mas eu acho que em relação a grupos populares nós somos um dos que está fazendo algo mais do coração, pelos motivos certos.
Nesses tempos em que há tanta música — na verdade, provavelmente sempre teve, muita gente entra na música porque acha que é um bom negócio mas há certos grupos que fazem isso porque eles realmente se importam com a música que eles tocam. E a maioria dos grupos que se sente assim não chega a esse nível de popularidade, mas para mim… eu acho que eu encontraria mais grupos que valem a pena para mim que nunca chegaram a esse nível de sucesso, provavelmente porque todas as pessoas na minha banda são fãs de bandas que, na maioria, eram bandas que não chegaram a esse nível de sucesso. Nós fazemos as coisas mais pelo amor à música do que por fazer música pelo negócio, sabe?
Eu acho que a ideia original de ter um vocalista como o Anthony era… todos nós o víamos como sendo um ‘não-músico’, e ele vem do ponto de vista de uma pessoa cujos sentimentos pela música são muito concisos. E ele tem uma grande capacidade de sentir a música, mas ele não sabe nada de música ou notas ou coisas assim, então isso cria uma justaposição interessante com pessoas como o Flea [baixista] ou o Hillel [Slovak], que era o guitarrista antes de mim, que são muito dedicados aos seus instrumentos.
Gera um bom equilíbrio. Digo, durante o tempo que eu estive na banda ele foi de todos os seus vocais serem basicamente melodias faladas para melodias com notas de verdade, de um movimento tipo de Rap, que não é melódico, para agora, onde ele canta quase que exclusivamente de forma melódica. Então, para mim, ele cresceu e virou um compositor muito maduro; eu acho que originalmente ele vinha desse lugar de não fazer melodias e tal, mas…
Para mim, mesmo com o tanto que ele cresceu, é tudo só intuição para ele, sabe? Ele não consegue se encontrar em um piano ou coisa do tipo, então é tudo intuição. E, para mim, isso é inspirador. Porque eu gosto de dar a ele uma progressão de acordes, uma série de acordes, e ver o que ele faz com aquilo, quais notas ele escolhe nos acordes. Porque muitas vezes ele vai escolher uma nota estranha do acorde que eu não esperaria que alguém que não toca instrumentos fosse sequer saber que aquela nota está ali e ele está cantando.
É, John é certamente uma pessoa bastante curiosa — mas não dá para dizer que ele falou alguma besteira ou que seus argumentos não fazem sentido.
Você pode ver esse relato do cara pelos primeiros minutos do vídeo abaixo (em inglês, sem legendas).
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