Música

Paul McCartney quer que streaming pague mais aos artistas: "é uma porcentagem tão pequena"

Em mesa redonda, Paul McCartney expõe sua opinião sobre os royalties de streaming que os músicos recebem com seus trabalhos e fala sobre venda de catálogo.

As plataformas de streaming, principalmente o Spotify, têm sido alvo de diversas críticas nos últimos anos por conta do seu pagamento, ou falta dele, aos artistas.

Recentemente o lendário Paul McCartney falou o que pensa sobre os royalties de streaming que os músicos recebem com seus trabalhos.

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O cantor participou do programa The Price of Song, da BBC Radio 4, ao lado da cantora e compositora Nadine Shah e também do fundador da Hipgnosis, Merck Mercuriadis.

Na mesa redonda eles conversaram sobre assuntos que estão dando o que falar como as realidades econômicas do streaming e as recentes movimentações milionárias com as vendas de catálogos musicais (via Digital Music News).

Pagamento do Spotify

Nadine comentou que está lutando para conseguir pagar o aluguel mesmo tendo mais de 100 mil ouvintes mensais no Spotify. Ao entrar no assunto, Sir Paul McCartney expôs sua opinião.

Eu acho que é mais difícil para os artistas agora, infelizmente. É uma porcentagem [de pagamento] tão pequena.

E o que eles vão te dizer é: ‘Sim, mas se você tiver milhões, ficará bem com essa pequena porcentagem’. Depois de um tempo, se você tiver sorte, terá algum sucesso, e então teu trabalho pode ser sua arte, em vez de você apenas ter que pagar as contas.

O entrevistador John Wilson perguntou ao ex-Beatle se ele gostaria de ver os artistas ganhando uma proporção maior dos royalties.

McCartney, que gera mais de 9,7 milhões de streams mensais com seus trabalhos solos no Spotify, respondeu:

Bem, sim. Eu sou um artista, você sabe, sim. A verdade é que, John, são os artistas que fazem a música.

Você sabe, os Beatles cantaram e tocaram todos aqueles discos. Uma pessoa comum pensaria apenas: ‘Bem, então você fica com todo o dinheiro.’ Tipo, você foi trabalhar, fez todo o trabalho, recebeu todo o dinheiro. Mas, como você sabe, não é esse o caminho.

Em Outubro do ano passado o governo britânico anunciou que estava realizando uma investigação formal sobre royalties de streaming.

Segundo o presidente do Comitê Digital, Cultura, Mídia e Esporte, Solihull Julian Knight, a investigação tem como intuito determinar “se os modelos de negócios usados pelas principais plataformas de streaming são justos para os compositores e artistas que fornecem o material”.

Além de Nadine, nomes como Ed O’Brien (Radiohead), Jimmy Page (Led Zeppelin) e Gary Numan também se pronunciaram sobre a luta por pagamentos mais justos aos artistas nas plataformas de streaming.

É importante lembrar que nesta semana o Soundcloud anunciou um modelo de negócios que possivelmente será abraçada pelos artistas de menor porte. A plataforma tem como proposta pagar seus royalties com base no consumo do usuário, saiba mais aqui.

Também é importante lembrar que em muitos casos há contratos com gravadoras e/ou distribuidoras que fazem com que as porcentagens aos artistas sejam efetivamente menores.

Essa é uma discussão pra lá de ampla que rende ótimas conversas e que, nos últimos tempos, viu muitas pessoas abordando pura e simplesmente a partir de dois pontos, a plataforma e o artista, sendo que como o próprio Paul McCartney falou, há diversas outras questões no meio.

A venda dos catálogos

Com o baixo retorno dos royalties pagos pelas plataformas de streaming, alguns artistas optaram pela venda de seus catálogos em troca de pagamentos únicos de altíssimos valores.

Até agora, nomes como Bob Dylan, Neil Younge Lil Wayne fizeram acordos milionários na venda de seus materiais.

Questionado sobre a possível venda de suas músicas, como as artistas citados acima fizeram, Paul McCartney revelou que não tem vontade de vendê-las.

Estou muito orgulhoso de tê-las. Eu e John [Lennon] fomos um pouco enganados no início. Assinamos um pequeno contrato – não tínhamos ideia de quais contratos eram justos.

Lembro-me de dizer a esse cara: ‘Parece bom?’ E ele disse, ‘Sim!’ Então, nós assinamos. Mais tarde descobrimos que ele era nosso advogado. Nem sabíamos que ele era nosso advogado.

Comecei a fazer minhas próprias músicas, depois dos Beatles, e algumas músicas dos Beatles começaram a voltar. Sinto que estou cuidando delas, por isso não tenho vontade de vendê-las.

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