Recentemente, o triste acidente que tirou a vida de todos os integrantes do lendário grupo Mamonas Assassinas completou 25 anos. Mas, decerto, precisamos celebrar as contribuições que eles nos deixaram. Em menos de 1 ano de holofote, os integrantes foram capazes de conquistar o Brasil inteiro com sua irreverência estética, musical e lírica, espalhando bom humor e boas risadas por onde eram ouvidos.
Escolher só uma canção para citar no #TBTMDQA de hoje foi uma missão árdua, mas decidimos relembrar o legado da divertidíssima “Pelados em Santos“. Com referências de pop rock, brega, heavy metal e mais, entre o som do trompete e dos power chords de guitarra que antecedem o famoso “Oxente, ai, ai, ai…”, essa música se tornou atemporal simplesmente pelo fato de existir. Quem era vivo nos anos 90 certamente lembra, mesmo que de forma superficial, do impacto meteórico dessa música (que segue até hoje como um hino em eventos sociais).
LEIA TAMBÉM: erga a taça para as estrelas e saiba tudo sobre “Get Lucky”, clássico de Daft Punk, Nile Rodgers e Pharrell Williams
Confira algumas curiosidades sobre esse grande hit logo depois do player abaixo. Viva o Mamonas!
A primeira música
Dinho já afirmou em entrevistas que “Pelados em Santos” foi sua primeira composição a ser gravada. Isso aconteceu ainda em 1991, o que faz com que seja a música mais antiga do disco homônimo de 95. Na época, a banda atendia pelo nome de Utopia e tinha uma sonoridade um pouco mais “séria”, incorporando mais elementos de funk rock e do rock alternativo.
Uma gravação demo, gravada pelo grupo, mostra uma versão bem diferente da que conhecemos. Apesar de já ter os trejeitos do humor característico dos Mamonas, a versão é mais sóbria, lenta, e bem mais voltada ao brega (do jeito que Dinho canta, consegue-se entender que é uma brincadeira com Reginaldo Rossi) e conta com versos adicionais.
O clipe
Os Mamonas lançaram apenas dois videoclipes em vida, e um deles foi justamente para “Pelados em Santos”. No entanto, o vídeo é basicamente uma síntese da proposta humorística do grupo.
Viajando (de fato) em uma Brasília amarela, os integrantes passeiam por um deserto (que aparentemente remete ao México), atropelam pessoas e fazem um show lotado para uma legião de fãs. Os efeitos de motion e animação tornam o vídeo ainda mais exagerado e divertido. Fora isso, toda a magia fica na conta dos próprios Mamonas, que aparecem no clipe com suas características roupas exageradas. No mais, só o Dinho mesmo para simular uma guitarra em um cacto!
“Oh, yes!”
Dentre toda a meteórica tracklist de único disco de estúdio lançado pelos Mamonas, talvez seja mesmo “Pelados em Santos” a que teve maior repercussão.
O grupo dominou as rádios brasileiras em 1995. De acordo com um levantamento, “Pelados em Santos” foi a terceira música mais tocada no ano. Completando o pódio, temos em segundo lugar “Vira-Vira“, outra música do Mamonas, e “Take a Bow“, da Madonna, em primeiro.
A canção recebeu homenagem póstuma na edição de 1996 do Troféu Imprensa, ao ganhar a categoria Melhor Música. A banda ainda foi contemplada com o Prêmio Revelação do evento.
Elton John
Não é segredo nenhum que os Mamonas Assassinas homenageavam grandes nomes da música de forma divertidíssima. O único disco de estúdio do grupo faz referência desde The Cure (no título da música “Bois Don’t Cry”) até Titãs (cuja música “Cabeça Dinossauro” serviu de inspiração para a letra de “Cabeça de Bagre II”).
Especificamente para “Pelados Em Santos”, o homenageado foi o cantor e compositor britânico Elton John. As passagens instrumentais da parte “brega” da canção relembram bastante trechos de “Crocodile Rock“, lançada originalmente em 1972.
Compare (as semelhanças ficam bem claras a partir de 1:20):
“Quem ficou pelado em Santos?”
No fim de 1995, o jornal A Folha de S.Paulo convidou quatro crianças para entrevistar a banda (uma jogada ótima, já que a banda fazia muito sucesso com a garotada). Por sinal, a própria banda sabia do seu impacto com o público infantil e, na época, chegou até a recusar convite para estrelar um comercial de cerveja.
Na ocasião, os jovens entrevistadores fizeram perguntas curiosas para os integrantes, incluindo desde dúvidas sobre a origem do nome da banda até detalhes das canções. Logo depois de fazer uma pergunta sobre “uma tal de suruba”, a jovem Deborah Lia Corrêa Pinto, então aos 9 anos de idade, perguntou: “Quem ficou pelado em Santos”? Irreverente como sempre, Dinho respondeu: “Eu mesmo! Essa menina só pergunta pornografia… Vocês viram? Só pensa naquilo… (risos)”.
Você pode conferir a entrevista na íntegra aqui.
A tal da Brasília amarela de portas abertas
Bom, o modelo Volkswagen Brasília, citado descaradamente pela voz de Dinho na música, existe até hoje. Após ter sido leiloada em 1996 em um programa do SBT, o carro foi para o Rio de Janeiro e lá permaneceu até 2015, quando foi resgatado pela família do ex-vocalista Dinho.
Segundo familiares, o mesmo modelo foi restaurado e será usado em uma adaptação cinematográfica da trajetória do grupo, ainda sem data de estreia prevista. Confira mais detalhes aqui.
En español
Sem ninguém pedir, a banda também gravou uma versão em espanhol para a canção. Santos, sob esse nova perspectiva, se tornou a cidade mexicana de Cancún.
Segue abaixo um trecho da tradução:
Chica
Tus cabellos es da hora
Tu cuerpo es una guitarra
Dulcezito de coco
Me estás dejando loco
Mi Bollita amarilla
Tiene abiertas las puertas
Para podernos amar
Desnudos en Cancún
Titãs?!?
Quando se fala em Mamonas, inquestionavelmente “Pelados em Santos” é uma das primeira canções a virem em mente. Afinal, nunca é demais reproduzi-la em festas, karaokês ou qualquer outro tipo de evento. Sempre vai ter alguém cantando!
Alguns artistas ajudaram a reforçar essa ideia ao longo dos anos, disponibilizando remixes e releituras para esta emblemática canção. Em 1999, os Titãs, grandes fãs do trabalho da banda, regravaram a música para o disco As Dez Mais. Para ajudar na divulgação, a canção veio acompanhada de um clipe polêmico. Dirigido por Washington Olivetto e Andres Bukowski, o vídeo busca brincar com a ideia de os Titãs serem uma banda comercial.
Reforçando essa ideia, uma das participações especiais do clipe é Carlos Moreno, famoso por suas aparições nas propagandas da marca Bombril. As atrizes Bárbara Paz e Cheila Ferlin também aparecem fazendo topless, enquanto os integrantes “vendiam” ao telespectador produtor que vão desde bonecas infláveis até “batatinhas” de maconha.
Confira abaixo (caso tenha mais de 18 anos):