Música

Billie Joe Armstrong se declara por banda Punk feminista que mudou o hardcore

Frontman do Green Day, Billie Joe Armstrong se declarou para o Spitboy, banda de Punk feminista fundamental para o Hardcore. Leia sua mensagem!

Billie Joe Armstrong e Spitboy
Fotos via Wikimedia Commons

Lendária banda do Punk nos Anos 90 e com um forte viés feminista, o Spitboy está compilando todo seu material e ganhou um “presente” de Billie Joe Armstrong, líder do Green Day.

O músico escreveu o prefácio que está contido em Body of Work (1990 – 1995), novo trabalho que reúne o catálogo desses 5 anos. Nesse período, a banda formada apenas por mulheres descrevia entre sua lista de inimigos a sociedade capitalista, a mídia, o patriarcado, os grandes negócios e o governo — lembrando, estamos falando dos Anos 90, não dos tempos atuais.

Você pode ler as palavras de Billie Joe logo abaixo, com transcrição exclusiva da Rolling Stone dos EUA e tradução do TMDQA!. Ao final da matéria, não deixe de conferir a versão remasterizada da icônica faixa “In Your Face” e, se quiser, faça a pré-compra da compilação por aqui; todos os lucros serão doados ao Centro Nacional de Legislação para Mulheres dos EUA.

Prefácio de Billie Joe

Em algum momento de 1991, aconteceu um show em uma cooperativa no campus de Berkeley chamada Cloyne Court, que em um momento foi a maior cooperativa de alojamento comandada por estudantes. O Green Day estava tocando em último de um total de três bandas, e eu me lembro de um ambiente particularmente hostil no local. O Spitboy estava tocando um set feroz. Uma plateia de cerca de 300 pessoas estava dançando e cambaleando a ponto de violência e satisfação. Era um daqueles shows que você estava feliz em estar no local para testemunhar. Havia uma mistura de Punks da Baía Leste, jovens universitários, e até alguns garotos de fraternidades na plateia. Era como assistir a duas tribos diferentes tentando coexistir. Foi alegre e hostil, e o Spitboy parecia estar tocando/gritando/pregando aos já convertidos e o aos não convertidos naquela noite, tudo ao mesmo tempo. Definitivamente não era a cena típica do Punk da Baía Leste que estávamos acostumados. Não estávamos tocando no Gilman Street.

A vocalista Adrienne Droogas cantava em uma prosa pessoal e política que ecoava através do local. Antes da última música, ela começou a falar como se fosse agradecer a todos por terem ido. Ao invés disso, ela gritou, ‘Essa é a nossa música, e ela é dedicada a todos os babacas sexistas de merda nesse lugar.’

Boom!

A hostilidade tomou conta, e eu vi alguns socos voando. Eu fiquei pensando, ‘Que merda — vai ficar feio.’ E eu acho que ficou feio de fato nos últimos dois minutos de música Punk do Spitboy, que também marretaram a plateia. Eu acredito que é preciso de hostilidade para criar mudança. É isso que a música do Spitboy representa, quatro mulheres em seus vinte anos, usando sua paixão e ética como combustível para entregar uma missão pela mudança não apenas na cena mas também no mundo de forma geral.

Eu sempre admirei a baterista, Michelle Gonzales (Todd). Eu vi a sua primeira banda Bitch Fight tocar um protesto com o MDC em San Francisco quando eu tinha uns 16 anos. Depois que o Bitch Fight acabou, alguns anos depois, ela me falou de sua nova banda, o Spitboy. Ela estava muito empolgada. Eu pensei, ‘Que belo nome para uma banda.’

Eu vi o primeiro show delas no Gilman, e foi tipo, ‘Puta merda, essa banda não está de brincadeira.’ Eu falei à Michelle que as achei ótimas. Ela olhou pra mim e meio que rosnou. Meio que dizendo ‘obrigada’ e ‘duh’ ao mesmo tempo. É uma das razões que eu tenho para admirá-la, e o Spitboy também.

Elas foram uma daquelas bandas que foram um prólogo do que o futuro estava se tornando. Feminismo, direitos humanos, direitos dos animais, proteção do meio ambiente, questões de gênero… o Spitboy estava cantando sobre essas questões há 30 anos, porra. Eu sou tão grato por ter testemunhado isso.

– Billie Joe Armstrong, 21 de Junho de 2020