Pesquisas revelam que é possível julgar pessoas pelo gosto musical

Uma reportagem dos EUA compilou pesquisas que conseguiram comprovar cientificamente que é possível julgar pessoas pelo gosto musical. Entenda!

Mulher com fones de ouvido
Foto de Stock via Shutterstock

A máxima de não julgar um livro pela capa pode continuar valendo, mas agora a ciência está autorizando julgar as pessoas pelo gosto musical.

Bom, quem é que estamos enganando? Quase todo mundo que tem uma ligação forte com a música faz isso há tempos, mas pelo menos você pode ter um embasamento para isso daqui pra frente!

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Uma reportagem do The Hill uniu resultados de pesquisas feitas ao longo dos últimos anos que comprovaram cientificamente essa possibilidade. O que elas encontraram foi que as preferências musicais estão intimamente ligadas à forma como enxergamos o mundo e às atitudes que tomamos com relação a ele.

O psicólogo musical David Greenberg é um dos grandes responsáveis pelos estudos na área, tendo publicado um dos mais relevantes em 2015 ao lado de outros profissionais de renomes da área, como Simon Baron-Cohen (que, sim, é primo de Sacha Baron-Cohen, o Borat).

Por lá, eles explicam como as preferências musicais estão conectadas aos estilos cognitivos. Usando um exemplo bem claro, a empatia é considerada mais presente em pessoas que ouvem músicas leves — como R&B e Soft Rock — do que naqueles que ouvem Heavy Metal, uma vez que estes possuem um pensamento mais lógico e sistematizado, menos afetado pela emoção.

É claro que isso não quer dizer que as pessoas que ouvem Heavy Metal não são capazes de mostrar empatia. Mas, por conta da ligação entre a empatia e a capacidade de reagir emocionalmente e fisiologicamente, é natural que aqueles mais conectados com músicas com atributos “gentis, confortáveis e sensuais” — ou seja, canções mais poéticas e sentimentais — tenham mais facilidade em processar essas coisas na “vida real”.

Estudos de David Greenberg sobre psicologia musical

Em 2016, outro estudo de Greenberg trouxe resultados bastante interessantes. Intitulado The Song Is You, a pesquisa buscava mostrar como as três “dimensões” principais da música refletiam nas personalidades dos ouvintes.

Essas dimensões, segundo o psicólogo, são a “excitação”, a “valência” e a “profundidade”. A primeira mede o nível de energia da música, enquanto a segunda representa o espectro de emoções entre tristeza e felicidade na música e a última mede a presença de sofisticação e profundidade emocional das canções. A partir disso, ele faz uma ligação com os cinco grandes traços de personalidade: abertura, consciência, extroversão, concordância e neuroticismo.

O resultado é o mais simples possível e mostra que você provavelmente estava certo nos seus julgamentos esse tempo todo. Pessoas que gostam de músicas positivas, com uma valência alta, têm uma tendência a serem mais confiantes e “de bem com a vida”. O contrário também é válido, mas é importante dizer que o estudo também identifica as pessoas “cabeça aberta”, que, segundo Greenberg, são aquelas mais propensas a curtir todo tipo de música sem se preocupar com gêneros.

Gosto musical e o teste das 16 Personalidades

Outra pesquisa pra lá de interessante é a do site 16 Personalities, famoso aqui no Brasil e no mundo por ser um dos lugares mais acessíveis de fazer o teste de Myers-Briggs que te enquadra como uma das 16 personalidades básicas.

Eles relacionaram esses tipos com as preferências musicais e há alguns resultados bem curiosos. O Punk, por exemplo, tem a maioria dos seus ouvintes encaixados no estereótipo do “Lógico” — o que parece bastante contrário ao que se esperaria, mas esse tipo de personalidade tem um forte desprezo pela tradição, o que definitivamente colabora para curtir bandas como The Clash e Yeah Yeah Yeahs, que rejeitam o status quo tanto na política quanto na música.

Já o Rock, por exemplo, é a preferência dos Inovadores. A tendência ao debate é marcante tanto na cena musical quanto na pessoal da vida dessas pessoas, que possuem opiniões fortes e não resistem a um desafio intelectual. Não é de se surpreender, portanto, que eles curtam um gênero cheio de pensamentos provocativos.

Como o estudo original só está disponível em inglês, resolvemos listar abaixo alguns dos resultados. Você pode fazer o teste das 16 Personalidades em português por aqui. Não deixe de contar pra gente nos comentários do Facebook e Instagram se deu certo pra você!

  • Punk: mais ouvido por Lógicos/INTP (51%), Mediadores/INFP (49%) e Virtuosos/ISTP (48%)
  • Jazz: mais ouvido por Comandantes/ENTJ (64%), Protagonistas/ENFJ (64%) e Ativistas/ENFP (62%)
  • Música clássica: mais ouvida por Comandantes/ENTJ (79%), Arquitetos/INTJ (78%) e Inovadores/ENTP (76%)
  • Rock: mais ouvido por Inovadores/ENTP (84%), Mediadores/INFP (82%) e Lógicos/INTP (82%)
  • Rock alternativo: mais ouvido por Inovadores/ENTP (88%), Mediadores/INFP (86%) e Advogados/INFJ (84%)
  • Reggae: mais ouvido por Aventureiros/ISFP (46%), Empresários/ESTP (42%) e Ativistas/ENFP (42%)
  • Música ambiente: mais ouvida por Ativistas/ENFP (65%), Aventureiros/ISFP (64%) e Animadores/ESFP (62%)
  • World Music: mais ouvida por Ativistas/ENFP (62%), Protagonistas/ENFJ (52%) e Advogados/INFJ (46%)
  • Pop: mais ouvido por Animadores/ESFP (88%), Cônsules/ESFJ (80%) e Aventureiros/ISFP (78%)
  • Heavy Metal: mais ouvido por Empresários/ESTP (50%), Lógicos/INTP (48%) e Arquitetos/INTJ (42%)
  • Hip Hop: mais ouvido por Empresários/ESTP (58%), Animadores/ESFP (57%) e Executivos/ESTJ (57%)
  • Música eletrônica: mais ouvida por Empresários/ESTP (79%), Ativistas/ENFP (75%) e Comandantes/ENTJ (70%)
  • Religiosa: mais ouvida por Executivos/ESTJ (48%), Defensores/ISTJ (42%) e Cônsules/ESFJ (39%)
  • Blues: mais ouvido por Ativistas/ENFP (52%), Protagonistas/ENFJ (52%) e Cônsules/ESFJ (47%)
  • Country/Sertanejo: mais ouvido por Cônsules/ESFJ (53%), Animadores/ESFP (52%) e Protagonistas/ENFJ (46%)
  • Soul: mais ouvido por Ativistas/ENFP (58%), Cônsules/ESFJ (57%) e Animadores/ESFP (56%)
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