Morrissey ficou realmente revoltado com o episódio recente de Os Simpsons onde ele (e a banda The Smiths) foram retratados.
Como falamos por aqui, uma mensagem foi postada em sua página oficial do Facebook fazendo duras críticas a respeito do programa, batizado como Panic On The Streets Of Springfield.
Nele, a personagem Lisa Simpson se apaixona pela música alternativa britânica e por um músico extremamente parecido com Morrissey, dublado por Benedict Cumberbach. Tempos depois, o vocalista acaba a decepcionando já que teria abandonado o veganismo e se tornado uma pessoa desleixada e com visões de extrema direita.
Declaração de Morrissey
Como o primeiro post na página oficial de Morrissey no Facebook veio sem assinatura, muitos acharam que o autor era ele mesmo ou alguém muito próximo a ele, e a notícia correu o mundo falando sobre o posicionamento do cara.
Agora, através da mágica de se identificar e dizer quem realmente é quem, o próprio usou o site Morrissey Central para falar a respeito e dizer que gostaria de processar a produção do programa mas “não tem recursos”.
Em um texto acompanhado do título “Olá Inferno”, ele afirmou:
Esse é o meu primeiro comentário (e espero que seja o último) sobre o episódio de Os Simpsons – que eu sei que irritou muita gente. O ódio direcionado a mim a partir dos criadores de Os Simpsons é obviamente um processo judicial provocador, mas é também um processo que precisa de mais financiamento do que eu poderia reunir para ter uma chance. Eu também não tenho uma equipe determinada de advogados pronta para agir. Eu acho que isso é compreendido de forma geral e é o motivo pelo qual eu sou atacado de forma tão descuidada e tão barulhenta. Você é especialmente odiado se a sua música afeta as pessoas de uma forma poderosa e bela, já que a música não é mais algo requisitado.
Na verdade, a pior coisa que você pode fazer em 2021 é oferecer um pouco de força para as vidas de outras pessoas. Não há lugar na música moderna para alguém com emoções fortes. Limitações foram colocadas em cima da arte e nenhuma gravadora irá contratar um artista que possa responder à altura. De qualquer forma, peço desculpas, todos sabemos disso porque podemos ver como a música – e o mundo em geral, se tornou uma bagunça hipnotizante, e todos devemos deixar pra lá e girar juntos porque a liberdade de expressão não existe mais. Todos sabemos disso. No meu caso, nada sobre a minha vida já foi ‘questão de fato’; nada em relação às minhas canções já foi ‘questão de fato’… então por que elas seriam agora?
Desde a minha primeira entrevista há várias décadas eu convivi com acusações horríveis que chegaram a um nível em que as pessoas padronizaram que ‘é assim que escrevemos sobre Morrissey’. Em outras palavras, eu estou acostumado. Eu já tive terror o suficiente arremessado para cima de mim que poderia matar uma manada de bisões.
As acusações normalmente vêm de alguém com algum desejo maluco de importância; eles não operam em um nível muito alto. Escrever para Os Simpsons, por exemplo, evidentemente requer apenas completa ignorância. Mas todas essas coisas são muito fáceis para que eu diga. Em um mundo obcecado com Leis de Ódio, não há nenhuma para me proteger. Com frequência, os ‘papeis de escândalo’ (nós AINDA nos referimos a eles como jornais de ‘notícias’?) tentam machucar um artista psicologicamente, e aí, reunir ódio suficiente contra aquele artista para que ele/ela seja fisicamente machucado. Falsas teorias de raça são agora o aspecto mais comum (e entediante) das críticas, e continuarão sendo até que as acusações de racismo sejam, por elas mesmas, ilícitas.
Eu já vi fãs de Smiths sendo atacados pela imprensa do Reino Unido pelo motivo de que ‘os fãs de Smiths’ são muito atrasados para entender a pessoa que eu sou; eu já vi as plateias modernas de Morrissey sendo ridicularizadas pela imprensa do Reino Unido com a crença de que eles, também, não poderiam saber quem eu sou, e eu perdi vários amigos de renome porque eles não conseguiam mais viver com a perseguição diária dos jornalistas britânicos, que são angustiados de forma suicida porque não conseguem fazer com que as pessoas ao meu redor apareçam com incidentes fabricados de racismo. Eu carrego sozinho a fadiga dessa batalha, apesar de ser muito grato à escritora Fiona Dodwell por suas mensagens eloquentes a respeito da vitimização que agora é automaticamente associada ao meu nome, e sobre as quais o mais recente episódio de Os Simpsons se delicia.
As pessoas me perguntam com frequência sobre por que eu não inicio uma retaliação – especialmente após as críticas abertas no [canal de TV] Sky Sports. A resposta está explicada nas primeiras linhas desse comentário. A vida é difícil e você deve enfrentá-la por conta própria, e até mesmo com a artilharia legal impossível-de-imaginar, tudo pode ser reparado… exceto o coração humano.
Para mim é mais fácil não seguir em frente. Você sabe que eu não duraria.
E aí, o que achou da declaração do Morrissey?