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Crítica: "Meu Pai" mostra o esgotamento da sanidade pelo ponto de vista do próprio doente

Filme conta com uma atuação brilhante de Anthony Hopkins e nos coloca na perspectiva de um senhor que vai apresentando cada vez mais sinais de demência.

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Foto: Divulgação

Meu Pai não é apenas um dos melhores filmes do Oscar 2021, mas também um dos melhores da carreira de Anthony Hopkins – e isso é um feito enorme. O drama familiar dirigido por Florian Zeller coloca o espectador no meio da confusa mente de um senhor de idade, fazendo do filme uma experiência tocante e, ainda assim, magnífica.

A trama inicialmente conta como Anne (Olivia Colman) tem se desdobrado para que o pai, Anthony (Anthony Hopkins), fique confortável antes que ela mude para o exterior. Ele tem alguns problemas de saúde e constantemente rejeita as cuidadoras designadas para cuidar dele.

O foco, no entanto, rapidamente muda para o desafio de entender o que está acontecendo ali. Meu Pai é a adaptação de uma peça de teatro (também dirigida por Zeller) e se passa todo dentro de um apartamento – às vezes o de Anthony, às vezes o de Anne. No entanto, pequenos detalhes são alterados, pessoas desconhecidas entram e saem com a maior naturalidade, objetos são trocados de lugar. Tudo para que fique clara a confusão mental pela qual o senhor está passando.

O êxito desta tentativa é fruto do profundo conhecimento que Zeller tem da história. Além de guiar perfeitamente os olhos dos espectadores, ele dá espaço para que dois dos melhores atores da atualidade brilhem. O desempenho de Hopkins sequer é surpreendente, uma vez que sabemos o potencial que ele tem para entregar papéis arrasadores.

No entanto, em Meu Pai, ele atinge um nível de perfeição que, no fundo, ninguém espera de um ator já com 83 anos. Já sabemos que ele é incrível, nem precisava de tudo isso para a gente gostar, sabe? Ele impressiona tanto que temos que lembrar que Olivia Colman também está magnífica ao seu lado.

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Foto: Divulgação

Os outros aspectos técnicos, além da direção e das atuações, também contribuem para o alto nível alcançado por Meu Pai. A montagem e a fotografia, principalmente, precisavam ser afiadas para que a imersão do espectador fosse possível. A partir daí, seria possível entender o momento pelo qual o protagonista estava vivendo.

Para quem já passou por isso em um nível pessoal, com algum familiar ou conhecido sendo consumido pelos sinais da demência, a experiência é ainda mais impactante. Ver as pessoas se afastando e perdendo gradativamente a paciência é doloroso, especialmente quando o ponto de vista da narrativa é da própria pessoa doente.

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Foto: Divulgação

Meu Pai é um filme que deixa o espectador emocionalmente desgastado. No entanto, é uma produção cinematográfica tão sublime que os sentimentos se misturam. A tristeza pela história contada está ali, mas há também um contentamento pelo alto nível técnico entregue.

Por outro lado, é para isso que serve o cinema como entretenimento, não é mesmo? Assistir às histórias, se divertir quando dá e, sempre que possível, aprender com elas. 


Confira o trailer de Meu Pai: