A cantora catarinense Kia Sajo traz a solidão da mulher como tema de seu mais recente single, a envolvente “Carmim“. A música é uma parceria de Kia com Lucas Romero e aponta para um norte musical mais moderno, colocando a artista entre os expoentes do trip hop no Brasil.
Ao falar sobre uma mulher desejada, mas presa numa redoma, Kia permite a conexão com o outro. Segundo a cantora, pensar na dor das mulheres que se sentem abandonadas ou desprezadas dentro do seu próprio relacionamento, em paralelo à musa de “Carmim”, tornou a gravação emocionante.
[…] A personagem dessa música é uma dama principal de um cabaré dos anos 40/50, que todo mundo quer beijar, tirar a roupa, mas é uma mulher muito triste, que se acostumou com esse tipo de amor sem valor, violento. Ela é cantada por outro personagem, falando coisas para essa cortesã. É muito emocionante.
A estética do single, que tem mixagem e masterização de Alwin Rhomberg Monteiro, reproduziu com acerto esse cenário dramático desenhado pela letra da música, reforçada pela interpretação da cantora, que consegue passar sentimento, mas também soa relaxada, numa ambiência jazz hop/lofi.
LESBITERIA
O projeto LESBITERIA homenageia as mães lésbicas em “Cosmonauta“. Cheia de afeto, a canção foi composta pela cantora Maranda como parte da primeira edição da campanha COSMONAUTA, que celebra o Dia das Mães em clima de diversidade e inclusão.
Ainda que não tenham muita visibilidade na mídia, famílias LGBTI+ existem. E é por esse motivo que o projeto realizou no último mês de Abril a segunda edição da campanha, exibindo depoimentos de mães lésbicas sobre gravidez, burocracia no registro das crianças, adoção, casamento e sobre ser mãe solo.
Em 2020, a diretora artística Carina Rocha convidou Maranda para compor e interpretar uma música que embalasse toda a visibilidade desse conteúdo emocionante. Foi assim que nasceu “Cosmonauta”, a trilha de um encontro intergalático: as crianças que cruzam o espaço sideral e encontram o amor de suas mães.
A novidade da segunda edição é o lançamento da canção como singles, que chega às plataformas digitais no dia 07 de Maio. Idealizado e produzido por Carina Rocha, e dirigido e montado por Maiara Líbano, o clipe de “Cosmonauta” conta a participação de mães lésbicas de diversas regiões do Brasil.
LESBITERIA é um projeto sociocultural que produz conteúdos musicais e informativos sobre e para mulheres que se relacionam com mulheres, cis e trans.
Orquestra Raiz
O projeto Orquestra Raiz é fruto da troca de saberes e intercâmbio cultural entre o norte-americano Alex Tea e o cearense Klaus Sena. A dupla lançou recentemente o seu novo EP Íris, onde celebra a amizade e a pluralidade de sons e ritmos dessa conexão musical USA-BRA.
Mergulhar em um mar de referências, fundir gêneros, apresentar uma roupagem contemporânea para antigas canções e alcançar inusitadas texturas são algumas das propostas do novo trabalho, que sai via selo Índigo Azul.
Segundo Klaus Sena, Íris “tem como norte o amor em suas mais diferentes formas, seja entre pessoas ou até mesmo o amor-próprio”. Alex Tea, por sua vez, complementa:
Convidamos o ouvinte a saborear e vivenciar essa viagem de ritmo, melodia, harmonia e poesia. É um trabalho de coração, que celebra a amizade de pessoas de diferentes países, misturando influências de cada um.
Em Íris, o duo passeia pela música popular e regional do Brasil, o roots reggae, old-world, soul e jazz, dentre outros estilos, a partir das próprias referências e vivências de seus integrantes. O EP conta com três autorais e uma versão musical de “Adminimistério”, poema de Paulo Leminski. Dentre as canções, um destaque para a participação da cantora paulistana Kika em “Flor de Maio“.
Qinhones
O músico carioca Qinhones — antes conhecido como Qinho — acaba de alterar seu pseudônimo e já chega preparando uma série de lançamentos para 2021. O primeiro deles chegou recentemente, o single “Garota Mangá“, que se encontra disponível nas principais plataformas.
Composta por Qinhones e Arthur Kunz (Strobo), a música marca a estreia do artista pelo selo LAB 344. Trata-se de canção-ode a uma musa “meio Bjork, meio Binoche” que prega mais fogo e menos romance. Para somar ao clima, o arranjo é recheado por sintetizadores, baixo onipresente e cantos em falsete.
Gravada remotamente, “Garota Mangá” tem produção musical de Diogo Strausz e conta com Curumin na bateria eletrônica e Alberto Continentino no baixo, além de Strausz nos teclados e o próprio Qinhones no violão de nylon. A arte da capa é assinada por Micaela Bravo.
Qinhones, que já lançou 5 álbuns de estúdio e colaborou com nomes como Fernanda Abreu, Mahmundi, Elba Ramalho e o saudoso Luiz Melodia, lança ainda este ano um EP de inéditas com produção musical de Diogo Strausz e Lourenço Rebetez.
Ambivalente
Ambivalente, projeto musical e laboratório criativo do carioca Rodolfo Ribeiro, está de volta com um novo single. Intitulada “Verde“, a canção, que chegou acompanhada por um videoclipe, sai em parceria com o selo Primata e marca o novo momento do projeto.
A música aborda o turbilhão de sentimentos, pensamentos e sensações que só aparecem quando a gente se sente apaixonado, mas Ambivalente resolveu explorar a temática ao seu modo, explica o cantor e compositor.
Gosto de falar sobre amor de uma forma diferente das já abordadas. Mostrar as facetas negativas do amor. É muito comum ouvir músicas que falam sobre o quanto esse sentimento preenche elas. Eu queria trazer também os aspectos negativos do ‘se apaixonar’ na canção. Essa fixação no outro pode virar algo mega problemático.
Tomando a frente da produção musical de seu próprio projeto, Rodolfo aproveitou da liberdade para experimentar novas ambientações, que unem a essência sonora e temática de Ambivalente ao pop alternativo, mpb, música eletrônica e influências que passam por Aphex Twin, Dj Rashad, Vegyn, Tirzah, James Blake, Rosalía até nomes brasileiros como ROSABEGE, Rico Dalasam e Crizin da ZO.
O clipe de “Verde” conecta as temáticas da composição melancólica aos momentos solitários que vivemos em pleno isolamento social. A falta de contato com outras pessoas, o uso excessivo da Internet, ansiedades e angústias são retratadas por ambivalências entre o que é estar bem ou mal.