O Spotify está sempre em busca de recursos inovadores para melhorar a experiência do usuário, mas qual é o limite para ele não invadir a privacidade do seu cliente com essas novas ideias?
Recentemente a equipe do aplicativo foi duramente criticada após entrar com um pedido de reconhecimento de voz que permitiria ao Spotify recomendar músicas a partir do ambiente e das emoções do usuário.
De acordo com o Digital Music News, artistas se uniram e assinaram uma carta destinada à empresa de streaming de música apontando que a patente proposta era “perigosa, uma violação da privacidade e de outros direitos humanos”.
Uma integrante norte-americana do Access Now, organização que defende e estende os direitos digitais de usuários em risco em todo o mundo, a analista de política Isedua Oribhabor argumentou sobre o possível novo recurso do aplicativo.
Não há absolutamente nenhuma razão válida para o Spotify tentar discernir como estamos nos sentindo, quantas pessoas estão na sala conosco, nosso sexo, idade ou qualquer outra característica que a patente alega detectar. Os milhões de pessoas que usam o Spotify merecem respeito e privacidade, não manipulação e monitoramento encobertos.
O diretor jurídico do Spotify, Horacio Gutierrez, foi questionado sobre a patente de reconhecimento de voz e após ser pressionado declarou que a empresa “nunca implementou a tecnologia descrita em nenhum de seus produtos e não tem planos para fazê-lo”.
Nova “patente de vigilância” do Spotify
O argumento utilizado pela profissional do Access Now também se encaixa em outra nova patente sugerida pelo Spotify. Segundo sua descrição, o novo recurso tem como intuito recomendar músicas com base nos aspectos físicos do usuário.
O dispositivo eletrônico filtra a primeira lista de itens de conteúdo de mídia, com base nos dados associados a um usuário para gerar uma segunda lista de itens de conteúdo de mídia. Itens de conteúdo de mídia na segunda lista estão associados com os respectivos atributos.
O dispositivo determina um valor de um ou mais parâmetros físicos do usuário e gera uma lista classificada de itens de conteúdo de mídia com base na segunda lista de itens de conteúdo de mídia, incluindo a determinação de um grau de correlação entre os respectivos atributos dos respectivos itens de conteúdo de mídia de a segunda lista de itens de conteúdo de mídia e o valor de um ou mais parâmetros físicos do usuário.
Um exemplo claro desse novo recurso seria: a partir do momento que o Spotify identificar que você nasceu na metade dos Anos 80, é mais provável que ele recomende músicas de sucesso dos anos 90 para suas listas de reprodução.
O sistema entenderia que provavelmente você ouviu essas músicas durante sua vida e elas te proporcionam um sentimento de nostalgia, e caso tivesse oportunidade você ouviria essas canções.
O Spotify busca com essa nova patente personalizar suas recomendações de música de forma semelhante às sugestões de anúncios do Facebook. Então, quanto mais informações ele souber sobre seu usuário, ele poderá recomendar temas ainda mais específicos. A questão é que muitas pessoas estão tentando justamente fugir dessa modo automático.