Um dos assuntos mais em alta atualmente no mundo das artes, o NFT segue fazendo barulho e já está oficialmente no Brasil por plataformas como a Phonogram.me, pioneira na chegada da tecnologia ao Brasil.
Fundada pelo produtor musical Lucas Mayer e pela designer Janara Lopes, a startup ainda conta com a ajuda do publicitário e diretor de criação Felipe Cury, do advogado especialista em direito autoral Filipe Tavares e de Guido Malato, dono da empresa Gmalato, especializada em blockchain, tecnologia fundamental para a realização das vendas de NFTs.
Em entrevista exclusiva ao TMDQA!, Janara conta como surgiu a ideia de investir na tecnologia e trazê-la ao Brasil logo em seus primórdios:
O que deixou claro o potencial do NFT para a música foi a venda do álbum de platina do 3LAU por 11,6 milhões de dólares. O leilão dele chamou a atenção do mundo para olhar a música como um ativo cultural com o status de obra de arte. O Lucas já estava investindo em cripto[moedas] há alguns anos e ficou atento à entrada dos NFTs no mercado bem cedo e, como produtor musical e compositor, viu no NFT uma ferramenta para valoração do trabalho de artista e potencial de redefinição do modelo de arrecadação do Brasil.
A sócia-fundadora comenta também sobre o projeto do Kings of Leon, que deu nova visibilidade à tecnologia e exploramos melhor por aqui.
Phonogram.me e NFT no Brasil
A ideia da Phonogram.me é simples: a partir da plataforma, qualquer pessoa pode adquirir um fonograma e receber os royalties quando ele é executado, além de permitir uma maior conexão entre músicos, colecionadores e investidores por meio de um catálogo poderoso e aprofundado de diversas vertentes musicais.
Fortalecendo essa ideia, surge uma parceria entre a empresa e André Abujamra, conhecido por ser um vanguardista da música brasileira. Na nossa conversa, Lopes explica que a decisão por Abujamra veio ao pensar em alguém que “poderia falar com facilidade sobre NFT e que fosse carismático e respeitado por artistas de todos os níveis e gerações da música brasileira”.
A resposta foi “fácil” de encontrar e o resultado foi espetacular:
Quando vi o Abujamra divulgando a venda do seu primeiro NFT, a decisão foi imediata e extremamente assertiva. O vídeo se espalhou pelos WhatsApps de várias pessoas dentro da indústria da música e gerou a atenção que a gente precisava para começar a falar sobre NFTs no mercado da música brasileira.
Naturalmente, no entanto, tudo que envolve algo tão novo ainda gera muitas dúvidas. Para esclarecer o máximo possível, Janara nos forneceu uma explicação bem completa sobre o modelo de negociação:
O artista pode oferecer para leilão na plataforma diversos produtos, já que basicamente tudo pode ser registrado em NFT. No caso de um fonograma, ele pode disponibilizar uma parte (ou o todo) da porcentagem que ele tem de um fonograma. Isso vale tanto para o intérprete como para os músicos acompanhantes (direitos conexos).
O colecionador do NFT vira então parceiro do músico dentro do ‘share’ adquirido, já que ela é a representação real do direito sobre aquela arrecadação proveniente do ‘share’ do artista. A diferença dessa transação para o mundo ‘real’ é que, quando registrada na blockchain, o dono original do NFT fica registrado como dono para sempre, e sempre recebe 10% em cima de qualquer revenda daquele NFT.
Além disso, outros ativos culturais podem ser registrados em NFT, como a letra manuscrita de uma música clássica, ingressos vitalícios, uma live ou show feito apenas para o comprador. Não existem limites para a criação desses produtos. Mas no caso da nossa plataforma, eles precisam estar atrelados a artistas musicais.
Outra dúvida rápida é quanto a existência de taxas, e Lopes deixa bem claro que a plataforma recebe apenas 2,5% em cima do valor total do leilão e 5% por cada revenda posterior. Fora isso, não existem taxas sobre os royalties.
Quanto aos produtos, as possibilidades são divididas pela empresa em 3 categorias, explicadas pela sócia-fundadora.
A primeira são as experiências reais: ingressos vitalícios, assistir a shows do palco, Zoom com a banda e coisas do tipo. A segunda inclui os colecionáveis, ou seja, todo tipo de memorabilia, letras manuscritas, álbuns digitais enumerados com possíveis benefícios de experiências reais e afins. Por fim, os fonogramas, o que também inclui a venda de loops e samples que possam ser usados em novas obras.
Vem aí!
Além de Abujamra, mais dois nomes fortes da cena nacional estão começando a caminhar junto com a Phonogram.me: Gabriel Andrade, do Coala Festival, e Fabrício Nobre, do Festival Bananada. Ambos serão responsáveis pela criação de novas ações com artistas de grande porte, fechamento de agenda de lançamentos, leilões de marketplace e novos produtos.
Isso não significa que só os maiores artistas do país estarão envolvidos. Nós já temos visto alguns artistas se movimentando por conta própria: a capa do disco Éter, da Scalene, é um exemplo disso, bem como Pabllo Vittar, que afirmou há algum tempo estar trabalhando em “grandes planos” no formato.
A empolgação toma conta de Janara quando ela olha para o futuro, já explicando os planos da Phonogram.me:
A plataforma estará com os leilões disponíveis na primeira semana de Junho de 2021. Ainda não divulgamos os nomes confirmados até agora, mas podemos adiantar que além de grandes músicos da cena independente, estamos com nomes do alto escalão da música brasileira. Vai fazer barulho!
Vale muito a pena ficar ligado, hein? Você pode acessar o site oficial da plataforma por aqui.
O que é NFT?
Se você ainda está perdido com tudo isso, não se preocupe. A tecnologia ainda é definitivamente muito nova e há muito a aprender — até mesmo para aqueles que já investem nos NFTs.
Em uma tentativa de torná-la mais acessível aos nossos leitores, nós montamos uma espécie de “manual” para entender como funcionam os non-fungible tokens e você pode acessá-lo por aqui. Para os artistas, também elaboramos um guia prático de como vender seu material em NFT, acessível por este link.