Um dos grandes promotores da paz mundial em seu tempo de vida, John Lennon também teve seus acessos de raiva — afinal de contas, com o assédio que ele recebia diariamente, era impossível manter a cabeça no lugar o tempo todo.
Em uma ocasião específica, a perda de paciência do ex-Beatle foi gravada e exibida por ter acontecido durante uma entrevista com Gloria Emerson, correspondente de guerra do New York Times que fez duras críticas à “campanha pela paz” que o músico promoveu ao lado de Yoko Ono.
Ela acusa Lennon de ter “se tornado ridículo” e questiona, sarcasticamente, se ele realmente acredita que salvou alguma vida. Em seguida, em referência à campanha que veio com propagandas e cartazes, pergunta se o britânico estava “promovendo John Lennon ou a paz”.
É nessa hora que John não consegue mais segurar e dispara:
Nós fizemos uma campanha de publicidade pela paz! Você entende isso? Uma campanha bem grande de publicidade pela paz. Você quer gestos bonzinhos, de classe média, pela paz? E manifestos intelectuais, escritos por um monte de intelectuais de meia tigela? Ninguém os lê! Esse é o problema com o movimento pela paz!
A discussão continuou e, percebendo que a entrevistadora possuía uma clara preferência pela fase menos consciente social e politicamente de sua carreira, Lennon fala sarcasticamente sobre a evolução de sua carreira:
Olha, eu sinto muito que você prefira os antigos cabelos tigelinha, querida, e que você tenha pensado que eu fui muito satírico e nós somos espertinhos e você gosta de ‘Hard Day’s Night’, meu bem. Mas eu cresci, e você obviamente não.
Por fim, em outro trecho do papo, o ex-Beatle explica como suas canções tinham o poder de unir as pessoas em movimentos positivos — segundo ele, era essa a sua intenção ao lançar discos e escrever sobre o tema, não vender e ganhar dinheiro:
Vocês estava dizendo que nos EUA eles levam os movimentos de protesto tão a sério, mas eles são tão irreverentes que eles estavam cantando uma música alegrinha que, por acaso, fui eu que escrevi, e eu fico feliz por eles terem cantado! E quando eu for pra lá, eu vou cantar com eles.
E essa foi a minha mensagem para a América ou para qualquer lugar: que eu uso a minha habilidade como compositor para escrever uma música que todos nós podemos cantar juntos. E eu fico orgulhoso que eles a tenham cantado na moratória. Eu não teria ligado se eles tivessem cantado ‘We Shall Overcome’, mas acontece que eles cantaram [a minha música] e eu tenho orgulho disso, e eu ficarei feliz de ir até lá e cantar com eles.
Para fechar com chave de ouro, a entrevistadora diz ironicamente que o trabalho de John é “fazer tudo ser alegre”, inclusive protestos. Sem nem pensar duas vezes, ele confirma que essa é, de fato, sua intenção.
Você pode ver essa confusão toda pelo vídeo abaixo, que possui legendas em inglês.