Quem ainda não conhece Getúlio Abelha está perdendo um grande entretenimento visual e musical. O artista piauiense radicado em Fortaleza lançou na última terça-feira, 8, o álbum Marmota, o primeiro de sua carreira já cheio de hits e parcerias memoráveis como, por exemplo, Pabllo Vittar. A estreia ainda traz o clipe da faixa “Perigo” que, como o próprio Getúlio diz, destoa da estética do álbum.
“Por mais que ‘Perigo’ não represente bem a estética do álbum, a música expõe o que eu preciso falar nesse momento, para além de entreter pessoas. Foi um posicionamento político e uma maneira de colocar minha visão pro mundo, de forma que possa contribuir para algumas pessoas pensarem em possibilidades de como elas podem lidar com a situação que a gente tá vivendo”, diz o artista.
Dirigido e roteirizado por Getúlio e João Barretto (Artífice Filmes), “Perigo” acompanha uma noite protagonizada pelo cantor interpretando dois papeis distintos.
“Não fica nítido se essas personagens são reais ou se são fantasmas. Elas trazem meus dois lados, um mais frágil e outro mais forte, mas ainda assim nada é dado ali”, elabora Getúlio sobre o vídeo.
Marmota: uma coleção de histórias
Se “Perigo” é tão diferente do restante do álbum, teria ele alguma faixa de trabalho que o representasse melhor, então? Getúlio diz que “Não, porque não acredito que o álbum é um momento específico, ele é uma coleção de histórias que passou por muitos contextos e agora essas histórias só estão compiladas”.
Antes de Marmota, o cantor já havia lançado diversos singles como “Laricado”, “Tamanco de Fogo” — que com humor aborda a intolerância religiosa com pessoas LGBTI+ e a imposição da comunidade frente à ela — “Aquenda”, “Sinal Fechado”, que é um brega romântico cujo clipe remete a uma estética incrível de terror trash anos 80 (e que vale muito a pena conferir), além de “Vogue Bike”, aclamada pelos fãs. Todas estão presentes no álbum junto às inéditas.
Apesar do apelo de seu público por um clipe de “Vogue Bike”, Getúlio optou por “Perigo” não só pela importância contextual mas também para justamente contradizer as expectativas.
“Se torna desinteressante pra mim imaginar que eu sempre vou ter que fazer coisas a partir da demanda das pessoas e do que elas esperam que eu faça”, explica. Outro ponto é a falta de orçamento para gravá-lo: “Acho que ‘Vogue Bike’ vai ter que esperar um pouco mais para ganhar um clipe, caso ganhe”.
“A cegonha que me trouxe, passou por um arco-íris…”
Envolvendo extravagância e escracho com o riso e a dança, em uma mistura de ritmos genuinamente brasileiros como o forró eletrônico, calypso e carimbó, tudo isso com um “quê” de brega romântico (haja referência!), Getúlio Abelha é um artista que desperta sentimentos controversos, dependendo de quem vê: cativante para uns, demais para outros mas, sem dúvidas, talentoso e necessário para esse tempo.
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Marmota é um termo nordestino para designar alguém no mínimo extravagante, excêntrico ou mesmo diferente; logo, a apropriação dele pelo cantor para se referir a si é totalmente coerente.
Já disponível em todas as plataformas digitais, o álbum foi lançado pelo selo Rec-Beat, com direção musical do próprio Getúlio Abelha, que também assina a produção musical ao lado de Guilherme Mendonça. A capa do disco é de Tiego e Felipe Franco Tomazella.
Assista ao clipe de “Perigo” abaixo e ouça o disco Marmota na íntegra. Aproveite e conheça essa pérola da música brasileira underground e forrozeira atual pelo perfil em vídeo do artista, produzido pelo jornal O Povo.