Quem conhece o Garbage sabe que a banda nunca desviou de assuntos delicados, mas o quarteto formado por Shirley Manson, Duke Erikson, Steve Marker e Butch Vig está mais afiado do que nunca em seu recém-chegado sétimo disco de estúdio, o ótimo No Gods No Masters.
Sendo lançado cinco anos depois do antecessor, Strange Little Birds (2016), o trabalho já abre com uma mensagem fortíssima em “The Men Who Rule the World” — “Os Homens Que Comandam o Mundo”. Sem papas na língua, Shirley canta:
Os homens que comandam o mundo / Fizeram uma porra de uma bagunça / A história do poder / A adoração do sucesso / O rei está na sala da contabilidade / Ele é o presidente do conselho / As mulheres que enchem os tribunais / Todas acusadas de serem putas
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O tom do trabalho é exatamente esse: críticas fortes, sempre politizadas e ligadas a movimentos sociais importantíssimos como o feminismo e a luta pela igualdade de direitos, feitas da forma mais direta possível.
Em entrevista exclusiva com o TMDQA!, que irá ao ar em breve, Butch Vig deixa bem claro que “esse não é um disco que [o Garbage] poderia ter feito há 20 anos”. Mas hoje, com tudo engasgado há tanto tempo, é impossível não tocar nesses temas que permeiam o álbum inteiro de forma explícita, como em “Godhead”:
Se eu tivesse um pinto / Você o conheceria? / Se eu tivesse um pinto / Você o chuparia?
Garbage mais inventivo do que nunca
Falando em Butch Vig, o lendário produtor que já trabalhou em discos como o Nevermind, do Nirvana, e o Wasting Light, do Foo Fighters, é uma parte integral para o sucesso da nova obra. Apesar de “só” tocar bateria com o Garbage, Butch é peça fundamental das composições e isso fica evidente.
No papo com o TMDQA!, ele comentou que grande parte das músicas surgiu em sessões de improviso — o que definitivamente dá um ar mais descompromissado à obra, que viaja por diversos gêneros musicais e vai desde o peso do Metal Industrial até um suave — porém sombrio — final em “This City Will Kill You”.
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De forma geral, o Garbage está mais inventivo do que nunca. A liberdade é algo que foi conquistado após tantos anos de carreira: humilde e perceptivo, Vig comentou conosco que, depois de tanto tempo, a banda sabe que não vai liderar as paradas mundiais e dessa forma é capaz de explorar outros sons e, claro, falar o que pensa sem qualquer medo.
O resultado é um dos melhores discos de 2021, uma pedida imperdível para quem curte o Rock Alternativo e um exemplo de como é possível se atualizar, tanto em questão de temática quanto em questão de sonoridade, sem perder a identidade do passado.