Crítica: novo live action de "Cruella" é a inovação que a Disney precisa

No segundo live action da trama de 101 Dálmatas, Emma Stone interpreta Cruella De Vil em novo filme da vilã disponível para stream na Disney+.

Emma Stone interpreta Cruella, em novo live action da Disney
(Foto: Divulgação/Disney)

Assim que o segundo live action da história de 101 Dálmatas foi anunciado, houve receio por parte de alguns. Afinal, não seria a primeira vez que essa narrativa seria contada nesse formato.

Além do mais, em 1996, Cruella foi interpretada por ninguém menos do que Glenn Close. Mas este segundo live action está longe de trazer uma competitividade ao seu antecessor: a própria Glenn Close (de tão apegada à narrativa) assina a produção executiva da versão de 2021. 

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O longa-metragem se propõe em trazer um tom humanizado para uma das vilãs mais conhecidas do acervo Disney, e o filme atende muito bem a tarefa.

(Foto: Divulgação/Disney)

Na nova obra, acompanhamos a trajetória de Cruella desde o berçário (já com os cabelos pretos e brancos), passando por sua infância difícil, crescendo como órfã dentro de uma Londres de 1960. No pano de fundo da história, vemos um país que atravessa a efervescência cultural da Inglaterra nesse período, conforme se prepara para receber o movimento pós-punk no futuro próximo. 

No filme descobrimos o nome verdadeiro de Cruella: Stella. Uma mulher que aspira desde cedo o universo da moda, mas não só isso. Logo na primeira cena do filme a personagem já mostra a que veio: 

Eu já nasci fazendo declarações, isso não agradava a todos.

Desde a infância, a protagonista deixa clara sua transgressão ao não se enquadrar dentro das normas de costume. Justamente por isso, em Cruella, acompanhamos uma história que se mostra necessariamente transgressora para a Disney. 

Cruella

Cruella é uma protagonista que cresce órfã, até perceber que sua mãe biológica tentou matá-la em duas situações. Diferentemente de inúmeras histórias da Disney, não vemos uma personagem refém do amor romântico, tampouco ela atua como uma figura que precisa ser salva. Cruella está elegantemente no controle de sua própria narrativa. 

(Foto: Divulgação/Disney)

A elegância permeia o filme. Foram mais de 45 figurinos utilizados apenas pela protagonista, desde as roupas vitorianas extravagantes no primeiro baile a ser exibido até uma Cruella vestida com roupas no estilo pós-punk. Todo o trabalho de direção de arte trouxe inúmeras referências ao contexto social do país na época, como também de figurinos usados no filme de 1996. 

Apesar de muitos pontos positivos, um aspecto fica a desejar. Diferentemente da história original dos livros (1956) ou do filme anterior, o icônico cigarro vermelho de Cruella não está presente. Mas quanto a esse aspecto, a decisão parte da própria Disney: a ordem é de abandonar o cigarro (dentre outros elementos/cenas “proibidas”) em seus live actions.

(Foto: Divulgação/Disney)

Outro elemento que merece destaque e grande louvor é a trilha sonora assinada por Nicholas Britell. Nela, observamos um repertório Rock and Roll que abraça a cena cultural da época sem receios com nomes como The Doors, Rolling Stones, Black Sabbath, The Clash, Queen, David Bowie Blondie.

Cruella assume sua transgressão com primor, embalada em boa música, sem falar nas composições originais como “Call me Cruella” interpretada por Florence and the Machine, além de não deixar faltar o clássico tema da vilã, “Cruella de Vil”, interpretado no piano pelo personagem Roger.

O filme termina com as possibilidades abertas para uma continuação, mostrando que a gigante do entretenimento considera ir além no desenvolvimento dessa história que traz uma inovação bastante necessária para a Disney.

Confira abaixo o trailer de Cruella, disponível no Brasil pela plataforma Disney+.

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