[RESENHA] Epica apresenta "Omega Alive", emocionante show online

A icônica banda banda holandesa de metal sinfônico Epica deu o pontapé inicial da turnê do álbum Omega (2021). Confira nossa resenha!

Epica
Foto por Tim Tronckoe

por Julia Ourique

Os shows online podem ter diminuído pelo Brasil, mas na gringa eles estão apenas começando. Depois do show online do Nightwish (que ganhou resenha no TMDQA), foi no sábado do dia 12/06 que o Epica se tornou o próximo grupo a dar o pontapé da turnê do álbum Omega (2021) em uma apresentação online. Lançado em março deste ano, o disco recebeu inúmeros elogios da mídia especializada e se tornou um dos queridinhos dos fãs; chegamos até a entrevistar a vocalista Simone Simons durante o lançamento do trabalho.

Anunciado em abril, o show online foi aguardado com altas expectativas pelos epicans (como são chamados os fãs da banda), que não se decepcionaram com o espetáculo apresentado pelos holandeses: gravado ao vivo e transmitido via streaming, o show contou com o coral de crianças e de adultos que participaram do álbum, artistas de pirotecnia, acrobatas, bailarinos e até chuva!

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A apresentação teve início com a intro do disco Omega, “Alpha – Anteludium”, que acompanha uma atriz mirim acordando em um mundo no qual, abaixo de sua cama, nascem raízes que têm vida própria, como se fosse a abertura para um mundo de terror. Esta primeira parte do show é chamada “Ωvertura”, e a banda aparece ao som da excelente “Abyss of Time – Countdown to Singularity”, que foi o primeiro single do álbum. No início do show já dá para notar que o fogo tem um papel importante na apresentação: a cada quebra na música, as chamas sobem ao fundo do palco. É como se a banda mostrasse que é preciso do fogo para queimar o que não funciona e dar início a uma nova fase, mais leve e muito mais produtiva. O Epica se apresenta com fogo nos olhos!

Seguindo o setlist presente no Omega, a faixa seguinte é “The Skeleton Key”, que traz forte inspiração em pesadelos e nas trilhas sonoras de Danny Elfman. Enquanto a chama do fogo continua a queimar, no fundo do palco nota-se uma bailarina que se move dentro de uma roda alemã. A leveza de seus movimentos contrasta com o gutural de Mark Jansen, que canta sobre terrores noturnos. O coral de crianças — que era o sonho do tecladista e idealizador do Omega Alive, Coen Janssen — aparece novamente na versão ao vivo, o que mostra o empenho da banda em aproveitar ao máximo as possibilidades de um show online. Sem mundos digitais, só música boa, com excelentes profissionais os acompanhando. Explicando a menção ao coral de crianças: Coen contou durante os vlogs da produção do disco que era um sonho poder utilizar o coral de crianças no Epica e que somente neste ponto da carreira, no oitavo álbum, é que ele pode realizar este objetivo.

Em seguida a banda retorna para o álbum The Quantum Enigma (2014), com a faixa “Unchain Utopia”. Com a voz aquecida, Simone Simons alcança e sustenta agudos ENQUANTO segura chuvas de prata. A execução da faixa conta também com a presença de bailarinos que dançam com bastões de fogo no fundo do palco. A próxima canção é “The Obsessive Devotion”, do disco The Divine Conspiracy (2007), que abre a segunda parte do show, intitulada Magnituda. É durante a execução desta música, que fala sobre um relacionamento abusivo, que Simone Simons matou todos os fãs do coração ao se jogar do topo do palco — uma encenação, claro. Os fãs morreram, mas passam bem. É também nesta canção que Isaac Delahaye (guitarrista) e Mark protagonizam um dos momentos mais fofos do show, demonstrando alegria ao tocarem juntos pela primeira vez em 18 meses.

A faixa seguinte é a balada “In All Conscience”, que é sucedida por “Victims of Contingency”, ambas presentes no já mencionado The Quantum Enigma. A canção e a energia dos músicos no palco têm gosto de fim de show, e a chuva torrencial que cai no palco molhando todos os integrantes dá a impressão que é o fim. Mas calma, só se passaram pouco mais de 30 minutos de show! Este é o Epica lavando os pecados do disco mais criticado da carreira. Após o banho de chuva, entramos em mais uma parte da história da garotinha que conhecemos no início do show: agora ela está em um grande salão vazio e, na frente dela, aparece uma Simone Simons gigante, sentada em um trono enquanto observa a criança. Uma enorme porta se abre e a menina caminha para ela e encontra a luz.

Entramos na terceira parte do Omega Alive, intitulada Elysia, ao som de “Kingdom of Heaven (A New Age Dawns, Prt. 5)”, que fala sobre experiência de quase morte e está presente no disco Design your Universe (2009). Esta é sucedida pela inédita “Kingdom of Heaven, Prt. 3 (The Antediluvian Universe)”, um retorno para as canções de Omega em grande estilo! Na introdução, o lustre que fica acima da banda surge com três acrobatas que giram em círculo enquanto equilibram bastões de fogo; mais ainda, o piano se inflama em grandes labaredas de fogo enquanto Coen toca o seu solo, um espetáculo de performance fruto da mente criativa por trás do Omega Alive (já disse isso, mas não vou deixar de elogiar).

Voltamos para observar um novo ponto na história da garotinha. Agora ela está em um labirinto (o mesmo observado na capa de Omega) e, ao tocar nos símbolos flamejantes de Pi que a cercam, eles se desfazem no ar. Chegamos na penúltima parte do show, chamada Gravitas. A transição nos apresenta uma versão a capella de “River”, a balada mais emocionante presente em Omega, em que Simone Simons é acompanhada por um coral adulto de homens e mulheres. Em seguida ouvimos “Once Upon a Nightmare”, mais uma balada, agora do álbum “The Holographic Principle” (2016), e é com ela que Simone Simons canta em meio a um círculo de fogo.

A última parte do show, chamada Alpha Omega, retorna para a história da garotinha presa no labirinto que, ao encontrar a saída, volta para o início da história em sua cama repleta de raízes com vida própria. Retornamos para o álbum Omega com a faixa mais pop do disco, o single “Freedom – The Wolves Within”, que ganhou coreografia com bailarinas de street dance que rebolam ao som do metal sinfônico dos holandeses. Em seguida, o Epica emociona os fãs com “Cry for the Moon”, com imagens dos primeiros show da banda exibidas lado a lado com o que vemos agora, no Epica do futuro. Este foi o primeiro single da banda, lançado há cerca de 20 anos — a canção foi o Alpha da banda, o início, e é neste show que eles comemoram o fim de uma fase e o início de outra, com Omega, e eu admito que me emocionei. É durante este momento da música que Simone agradece aos fãs e à equipe em nome da banda: “Olhando para trás nesta jornada, nós percebemos que é tudo por causa de vocês. Vocês são a razão pela qual estamos aqui. Nós amamos vocês, para sempre e sempre”, finaliza a vocalista.

Em apresentações ao vivo, é com “Cry for the Moon” que o povo vai para casa. Mas em Omega Alive, esta ainda não foi a despedida. A canção seguinte é “Beyond the Matrix”, do álbum The Holographic Principle, e vem acompanhada por artistas que balançam bandeiras nas cores amarela e vermelha, ao fundo do palco, simbolizando as cores do fogo. É nesta faixa que acompanhamos uma chuva de fogo (na verdade, faíscas) banhar a banda, que se prepara para a última música: “Omega – Sovereign of the Sun Spheres”. A última faixa do disco mais recente traz em sua apresentação duas acrobatas em um anel duplo, formando o símbolo do infinito acima da banda que finaliza a performance no Omega Alive. Retornam ao palco as crianças do coral, os dançarinos, os porta-bandeira e todos que performaram nesta noite se unem em um espetáculo de fogo, encerrando o primeiro show da turnê do Omega.

A apresentação contou com direção de Jens de Vos, diretor e cineasta da Panda Productions, que acompanha o Epica desde 2014.

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