Do frio da Noruega vem um dos sons mais quentes para a pista de dança em 2021: o ótimo novo single “Mirror”, de Sigrid, é o recomeço de uma cantora que explodiu para o mundo com o mega hit “Strangers” em 2017.
Depois de lançar seu disco de estreia Sucker Punch em 2019 e abraçar de vez a carreira na música, a jovem de 24 passou por um processo para se conhecer melhor durante a pandemia e o resultado disso é uma personalidade mais confiante do que nunca e, para a nossa alegria, bem dançante.
“Mirror”, no entanto, é só o começo. A cantora prepara um novo trabalho de estúdio que deve chegar ainda em 2021 e tentamos descobrir um pouco mais sobre as inspirações e tudo que a trouxe até este momento em um papo exclusivo que você confere na íntegra logo abaixo!
TMDQA! Entrevista Sigrid
TMDQA!: Oi, Sigrid! Como você está?
Sigrid: Eu estou bem! E você?
TMDQA!: Tudo certo por aqui! É um prazer estar falando com você hoje, e eu queria já começar falando logo de “Mirror” porque essa música me pegou de surpresa do melhor jeito possível. Ela soa bem diferente do que você já fez antes, mas ao mesmo tempo mantém a sua identidade. A maior diferença pra mim foi ter uma vibe tão de música ao vivo, sabe? Como se ela tivesse sido pensada para ser ouvida em uma grande arena ou coisa assim. Foi algo que você teve em mente na hora de escrevê-la?
Sigrid: Acertou em cheio! Essa é a sem dúvidas a maior inspiração pra “Mirror”. Eu acho que a gente realmente queria criar uma grande música Pop, com um refrão grudento e uma produção muito boa, mas a gente queria que tivesse esse sentimento do ao vivo porque, não sei, eu sempre amei ver minhas canções ao vivo, sabe? Com uma plateia, com os PAs, tudo mais enérgico, de certa forma, e eu realmente curti isso. Foi algo que eu realmente tentei trazer pra essas nova música.
TMDQA!: E você diria que o resto do disco também tem essa abordagem?
Sigrid: As novas músicas são definitivamente mais inspiradas nas apresentações ao vivo, eu diria! Mais instrumentos… Tipo, eu toco piano, eu toco guitarra; não sou tão boa, mas… [risos] Muito mais instrumentos, definitivamente.
TMDQA!: Legal, estou ansioso! Sigrid, é curioso a gente ver que você é tão nova mas já está por aí há algum tempo, com bastante experiência e rodagem. Em especial depois do último disco e o ciclo que o acompanhou, como você vê a influência dessas experiências na forma como você enxerga a indústria musical e nas suas composições?
Sigrid: Eu acho que… Olha, eu tenho uma resposta agora, mas eu acho que seria super interessante ouvir a minha resposta daqui a um ano. Porque é difícil interpretar suas ações agora, no momento, sabe? Eu não sei, vamos ver. Mas a sensação é de que eu estou um pouco mais preparada com algumas coisas; eu ainda acho que tomar decisões é muito difícil, o que é o certo a fazer e o que é errado… Tipo, coisas estratégicas. Aff! Mas eu conheço o processo um pouco mais agora.
Também tento não me estressar tanto com as coisas, mas… Tá tudo bem. [risos]
TMDQA!: Justo! [risos] Tomara que a gente possa se falar daqui a um ano então para voltar nessa resposta.
Sigrid: Sim! Precisamos!
TMDQA!: Outra coisa que me chamou atenção foi você ter dito que tem uma influência de Muse em “Mirror”. É curioso porque eu só percebi depois que você falou, mas fica bem claro mesmo! Tem mais alguma outra influência inesperada nesse trabalho?
Sigrid: Bom, eu ainda estou tentando manter tudo meio escondido. [risos] Mas, olha, minhas inspirações e influências em geral, que sempre estão comigo, são tipo, Neil Young — porque eu cresci com esse tipo de música com meus pais —, Joni Mitchell, acho que tudo que tem essa pegada meio Folk mas que também te faz lembrar de algumas das notas que estão ali.
Sempre amei isso nas músicas. Quando ela está ali, fluindo, e você vai junto até que você ouve um verso que realmente você passa a lembrar pelo resto da sua vida; isso acontece muito nas músicas do Neil Young e é algo que eu realmente amo.
TMDQA!: Ainda sobre influências, eu sempre tive a percepção de que o Pop escandinavo tem uma sonoridade tão única. Gosto muito de nomes como Robyn e Röyksopp e eu sinto algo parecido com você. Esses artistas foram importantes pra você, serviram como exemplo?
Sigrid: Foram muito importantes! Eu fico feliz que você pergunte, na verdade, porque eu devo muito aos outros artistas e bandas da Escandinávia que conseguiram fazer sucesso fora. Crescendo na Noruega, eu não chegava a pensar que isso era uma possibilidade, sabe? A primeira vez que eu escrevi em inglês eu pensei, “Bom, isso até que é legal”, mas eu não pensei que uma carreira internacional seria possível porque, tipo, eu sou da Noruega, sou de uma cidade pequena!
Eu nem sabia como era a indústria da música, como eu faria para sair daqui. E obviamente as coisas são diferentes hoje, como o streaming — que já estava começando quando eu comecei, eu não sou tão velha assim! [risos] Mas eu sinto que há uma coisa diferente hoje, que te permite sair do seu quarto direto para outdoors muito rapidamente.
Mas, sim, eu devo muito a artistas como a Robyn, que é uma verdadeira inspiração. Nem que seja só por ter conseguido o sucesso, sabe? Não porque ela é da Escandinávia mas porque a música é boa. Pessoas como a Zara Larsson também, incrível, sou muito fã.
TMDQA!: Vamos falar sobre o clipe de “Mirror”! Da mesma forma que em “Strangers”, parece demais que você está se divertindo muito na gravação. Parece tudo tão natural, você fica realmente bem solta e o resultado é maravilhoso. Então me conta, quão divertido é fazer esses clipes?
Sigrid: É muito divertido! Eu amo estar de frente pra câmera! [risos] Não posso fazer nada sobre isso, eu realmente amo. Eu fico muito confortável, sinto que tenho uma boa amizade com as câmeras. Mas, sabe, pode ser bem difícil — demanda muito fisicamente, e nós já chegamos a fazer antes filmagens que levaram uma noite inteira ou que nós nem dormimos das 11 da manhã até 7 da manhã do dia seguinte.
Então pode ser bem, bem intenso, e você tem que tentar se manter no ritmo, sabe? [risos] Mas aí há outros. “Strangers” foi tão, tão divertido de fazer. Eu sempre amei — eu amo planejar, então eu sempre planejo antes de ir e eu me envolvo muito em todos os clipes, é sempre colaborativo com o diretor e o time de direção de arte e tudo mais, mas eu sempre gosto de deixar um espaço para ser espontânea. Sempre tenho isso em tudo que eu faço, aliás.
Tipo, sim, eu planejo todos os shows ao vivo — mas eu gosto de deixar meio em aberto, tipo, “Uuh, o que vem agora?”. [risos] E o mesmo com clipes, no estúdio. Eu não sou a pessoa que chega no estúdio tipo, “Ok, ISSO é o que a gente vai fazer hoje”. Sou mais tipo, “Vamos ver qual a vibe” e aí eu olho minhas anotações e tal.
Mas o clipe de “Mirror” eu acho que foi o que eu mais me diverti. Porque, de novo, talvez seja por eu ter ficado desligada por um tempo, talvez eu tenha aprendido um pouco mais sobre clipes por conta do passado. Os primeiros clipes foram bem difíceis, porque tem tanta gente no set! Você quer impressioná-los, você quer se impressionar. Mas em “Mirror” eu acho que eu só tive um alívio intenso de voltar ao trabalho porque eu senti tanta falta e eu já tinha, tipo, tido um ano de folga — ou um ano estranho, como o de todo mundo — e não tinha trabalhado direito, quase tinha esquecido como ser artista. [risos]
Eu estava tipo, “Será que eu lembro disso?”. [risos] Mas aí em “Mirror” eu fiquei tão, tão aliviada! E eu fiquei tipo, “É isso aí, eu ainda sei fazer isso”! [risos]
TMDQA!: E você também brincou um monte com figurinos, né. Deve ter sido ótimo. [risos]
Sigrid: Foi demais! Eu amei.
TMDQA!: Eu li também que você teve uma certa dificuldade em ser vista como mais do que apenas o seu trabalho por conta da pandemia, e fiquei curioso para saber como isso acabou te influenciando. Porque, de uma forma ou de outra, você voltou pro trabalho, né? E agora, com essa separação entre seu lado artista e seu lado pessoa, ficou mais fácil ou mais difícil compor?
Sigrid: Eu ainda não descobri nada! [risos] Seria mais fácil eu dizer qualquer coisa mas a verdade é que eu não sei. Ainda estou pensando sobre isso. O trabalho é uma parte tão grande de quem eu sou e eu sei que você não deve colocar seu valor próprio como ser humano [no trabalho], e eu até escrevi uma música sobre isso, mas eu acho que talvez, tipo, se “Mirror” é real ou não… definitivamente é muito real pra mim.
É muito pessoal, eu precisava dessa música. Eu ainda preciso ouvi-la, sabe, “Você está ótima como está”, e às vezes só fazer o melhor que você pode é bom o suficiente. E essa é uma indústria que é realmente muito perfeccionista. Eu amo, eu amo meu trabalho. De verdade. Mas eu sempre quero fazê-lo bem, sabe?
TMDQA!: Entendo! Olha, sendo sincero, eu andei vendo umas apresentações suas ao vivo porque eu não tinha visto antes…
Sigrid: Você tem que vir nos ver tocar algum dia!
TMDQA!: Espero que sim! [risos] Aliás, espero que você venha para o Brasil, porque obviamente muita gente aqui gostaria de te ver também.
Sigrid: Eu ia amar isso!
TMDQA!: Vou torcer! Mas me conta, quão empolgada você está para ver as músicas desse novo disco ao vivo, uma vez que elas são justamente pensadas dessa forma, ainda mais agora com o retorno aos palcos iminente?
Sigrid: Eu já estou sonhando com isso. “Mirror” e… outras coisas… são feitas para o ao vivo, definitivamente. [risos] O último ano foi muito difícil. Estar no estúdio, escrevendo, foi definitivamente uma espécie de fuga do mundo pra mim. E onde eu realmente queria estar era ao vivo, no palco, com minha banda e minha equipe olhando para um oceano de gente com todos celebrando o mesmo momento e curtindo a música! E eu diria que essas músicas são feitas para celebrar isso.
Me coloca no palco, eu estou pronta! [risos]
TMDQA!: Eu sei que é difícil agora, mas como estão os planos para vir para o Brasil? Algo que você pode contar?
Sigrid: Eu realmente, realmente quero que aconteça. Então por favor me chamem. [risos] Seria um sonho.
TMDQA!: Você nunca sabe quem está lendo! Sigrid, pra fechar, a pergunta que adoramos fazer por aqui: você tem mais discos que amigos? Que disco você diria que é seu melhor amigo?
Sigrid: Primeiro eu queria dizer que amei esse nome pro site. [risos] É muito original. Olha, eu me sinto tão fora da música… Aff! Olha, eu tenho alguns discos de vinil. Mas eu não ouço muito o vinil. Eu sou uma pessoa das playlists.
TMDQA!: Ah, mas tá valendo. Não deixam de ser discos — só não em formato físico. Eu mesmo nem tenho discos, só coleciono CDs.
Sigrid: Ah, você é dos CDs! Eu cresci com os CDs, você também?
TMDQA!: Sim! Eu sei que parece mas não sou tão velho assim. [risos]
Sigrid: Não, não! [risos] Mas olha, meu vinil favorito, se estivermos falando dos discos que eu tenho em casa, eu diria que é ou o Harvest, do Neil Young… Eu não consigo escolher um!
TMDQA!: Sensacional! Sigrid, muito obrigado pelo seu tempo e espero que a gente consiga fazer esse papo de novo em breve para atualizar as respostas. [risos] Até mais!
Sigrid: Com certeza! Vamos botar o papo em dia ano que vem. [risos] Até!