Grana, indiferença e cansaço: Jimmy London lista motivos para o fim do Matanza

Em entrevista, Jimmy London finalmente falou sobre os motivos que levaram ao fim do Matanza e abriu o jogo sobre temas como grana, indiferença e cansaço.

Jimmy London fala sobre fim do Matanza
Reprodução/YouTube

Já faz algum tempo que o Matanza chegou ao seu fim, encerrando uma história que marcou o Rock brasileiro. Ainda assim, muitas dúvidas continuam presentes e Jimmy London, ex-vocalista do grupo, finalmente falou sobre essas questões em uma participação no podcast Colisão.

Jimmy revela que, durante os 22 anos da banda, foi “artista e empresário” e já inicia dizendo que isso foi algo que lhe “cansou muito”. Ele então complementa:

O tempo foi passando, essas porras vão levando as pessoas pra lados distantes, sabe, e aí um lado começa a achar que o que tá fazendo é o que dá certo e ‘Não, eu vou fazer aqui o que eu tiver que fazer e o que eu faço é que é bom’ e aí começa a desvalorizar o teu… […] Mas o que me incomodou muito foi chegar em um ponto onde a galera começou a achar que aquilo ali não era trabalho.

Começar a reclamar porque ‘Ah, não tá divertido’. Velho, olha só, são 22 anos de banda, a gente tá em um lugar super difícil de chegar, eu prefiro MUITO que seja divertido, mas é o meu trabalho. Minha casa eu sustento com esse dinheiro aqui. ‘Ah, mas pô, não sei o quê’… Eu tenho sérias desavenças em relação ao que pensaram, que levou a gente a terminar a banda. Eu não concordo com absolutamente nada, eu entendo a banda como um trabalho que você faz com que seja o mais divertido possível, mas é trabalho.

[…] Chegou uma hora em que estava tão… indiferente, na verdade. Se vai ter, não vai ter, vai acabar, então tá bom, acaba aí. ‘Ah não sei o quê’, tá bom, tudo bem. […] Também foi foda que a gente teve vários problemas. Pegamos vários anos de crise, a gente passou a [produzir] todos os [nossos] shows a partir de 2015, sei lá, e dava certo pra caralho, a gente ganhava muito melhor inclusive do que sendo contratado. A gente começou a fazer isso em 2012, que eu fiz um escritório pra gente, pra fazer só isso, [mas] chegou ali 2015 começou a rolar aquela crise fodida geral de banda tudo quebrada, ninguém fazendo show. A gente deu uma encarada ali em 2016, ninguém fazendo show, a gente botou na rua, fez show pra caralho, mas a gente trabalhava tipo três vezes mais pra ganhar metade do que ganhava antes.

E é foda porque você olha e fala, tipo, ‘Ah, a bilheteria deu 20 mil reais’. Aí todo mundo, ‘Opa, vai entrar um dinheirinho’. Que entrar um dinheiro, meu irmão, a gente tá pagando 10 mil de aluguel, 5 mil de som, 3 mil de van, 2 mil de segurança… chegou no fim não sobrou dinheiro nenhum pra ninguém. Também sem querer falar que isso errado, mas o dinheiro é uma graxa nas relações dentro de uma banda, de uma empresa: [se] todo mundo tá ganhando um dinheirinho maneiro, todo mundo volta pra casa em uma situação tranquila, todos os ânimos se acalmam. Meu irmão, quando tu pega dois anos ralando pra caralho, fazendo show pra caralho, o dinheiro não tá dando, puta que pariu… aí todas as coisas se inflamam muito.

Em seguida, o vocalista — que hoje comanda o projeto Jimmy & Rats — deixa bem claro que não tem mais nada a ver com os ex-companheiros de banda e que eles nunca mais se falaram, ainda que não tenha havido qualquer “treta” ou coisa do tipo.

Você pode conferir esse trecho do papo na íntegra pelo vídeo abaixo. Vale lembrar que o Jimmy & Rats lançou o disco Só Há Um Caminho a Seguir em Março de 2021.

Jimmy London lista motivos para o fim do Matanza

https://www.youtube.com/watch?v=b9WxQA3v2JE