Você deve ter visto nos últimos dias um forte discurso de Spike Lee, famoso diretor dos EUA, chamando líderes mundiais — inclusive o brasileiro Jair Bolsonaro — de “gângsters”. O que você talvez não tenha visto é que foi justamente uma fala do diretor brasileiro Kleber Mendonça Filho que o inspirou a dizer isso.
A declaração começou a circular na íntegra há pouco e traz a resposta de Kleber quando questionado “como resistir” ao intenso sucateamento da cultura — e do cinema, é claro — no Brasil. O diretor de Bacurau falou:
Essa é uma pergunta bastante difícil, claro. Hoje, no Brasil, nós atingimos 500 mil mortos pela pandemia da COVID-19. Sabemos, por dados técnicos, que se o governo tivesse agido corretamente, 350 mil pessoas teriam sido salvas. Então penso que um modo de resistir é compartilhar informação, falar, discutir. É interessante, porque acho que posso mencionar o que está acontecendo agora com a Cinemateca Brasileira.
A Cinemateca Brasileira está fechada há pouco mais de um ano. 90 mil títulos e 230 mil rolos de filmes e fitas televisivas. Todos os técnicos e especialistas foram demitidos, e essa é uma demonstração muito clara do desprezo pela cultura e pelo cinema. E eu acho que devo mencionar isso porque estamos em um festival de cinema, e todos amamos cinema aqui e eu penso que esse é também um templo de memória e preservação.
Então, alguns dos meus amigos que não são brasileiros perguntam, ‘O que podemos fazer?’. E eu digo, fale sobre isso, discuta isso, escreva sobre isso, fale sobre isso no seu podcast. Talvez ligue para alguém do governo e pergunte, ‘Por que você está fazendo isso?’.
Complicado. Você pode ver a fala de Kleber na íntegra e com legendas em português pelo vídeo abaixo ou clicando aqui.
Desabafo de Kleber Mendonça Filho em Cannes
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