O Dia Mundial do Rock já passou, mas é claro que o #TBTMDQA da semana precisava prestar uma homenagem a algum hino do rock.
Opções não faltam e, quase que automaticamente, pensamos em nomes como Queen, The Who, AC/DC, Pink Floyd, Guns N’ Roses, Bon Jovi e por aí vai. Mas tentamos ser mais literais ao destacar “I Love Rock And Roll“, clássico lançado originalmente em 1975. Este hino, quase metalinguístico, fala sobre um tipo de energia que só o rock pode causar. A música tem versões nas vozes de dezenas de intérpretes, sempre com seu singular riff principal de guitarra.
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Separamos algumas curiosidades sobre a história dessa música, suas diferentes versões e seu legado. Confira abaixo, logo após o vídeo!
Alan Merrill
“I Love Rock And Roll” ganhou diversas versões ao longo dos anos, mas tudo remete à criatividade e ao talento de Alan Merrill. Conhecido por ter sido baixista e vocalista da banda The Arrows, Merrill escreveu tanto a música quanto a letra.
Infelizmente, o músico morreu no ano passado, aos 69 anos, em decorrência de complicações do coronavírus. Descanse em paz, mestre!
Rolling Stones
A frase que intitula a música não está ali por acaso. “I Love Rock And Roll” é, na verdade, uma resposta direta à canção “It’s Only Rock And Roll (But I Like It)“, dos Rolling Stones. A mensagem do hit do Arrows implica que não se deve ter vergonha de amar rock e que esse sentimento não pode ser contido.
Nas palavras de Merrill, em entrevista para o Songfacts:
“Encontrei com o Mick Jagger algumas vezes. Soube que ele estava andando com o Príncipe Rupert Lowenstein e pessoas assim, da alta sociedade. Senti como se ‘It’s Only Rock and Roll’ fosse um pedido de desculpas para essas pessoas. Foi minha interpretação dessa música quando eu era jovem. Pensei: ‘OK, eu amo rock and roll. Agora, o que eu faço com isso?’.”
Faltou visão
Acredite se quiser, mas “I Love Rock And Roll” nasceu inicialmente como uma B-side!
Sem imaginar o sucesso posterior, a banda lançou a canção como um complemento para o single “Broken Down Heart“. Acontece que esse era o melhor cenário para Mickie Most, líder da RAK Records, gravadora da banda na época. A ideia de “trocar” os lados veio de Christina Hayes, esposa do executivo. Mas, como o lançamento já havia acontecido, isso prejudicou a performance de ambas as faixas.
Além dos atritos com a gravadora, o timing do lançamento também não foi muito favorável. Na época, os funcionários de um dos principais jornais britânicos que divulgavam novas músicas entraram em greve. Isso contribuiu para que a canção não tivesse a exposição imaginada (e merecida).
Acerto de contas
Merrill é o autor da música e, logo, o principal responsável por um dos maiores sucessos da história do rock. No entanto, a composição da faixa também está atribuída ao guitarrista Jake Hooker, mesmo que ele não tenha participado diretamente do processo.
O motivo? Em 1974, em uma viagem do Japão para o Reino Unido, Hooker pagou a passagem de avião de Merrill “na camaradagem”. O vocalista não precisaria pagar o preço de volta, mas sob uma condição: Hooker passaria a receber crédito de coautor em todas as B-sides da banda.
Bom, considerando-se que veríamos o nascimento de “I Love Rock And Roll” um ano após a tal viagem, podemos dizer que a dívida foi quitada rapidamente (e que pagar a passagem foi realmente um baita investimento).
Fica a dica: ajudem seus amigos sempre que possível. A recompensa sempre vem!
Arrows na TV
Apesar de os jornais não terem dado a devida atenção ao lançamento de “I Love Rock And Roll”, a televisão abraçou a banda e abriu uma janela de novas possibilidades.
A banda teve a oportunidade de apresentar a música ao público no programa britânico Pop 45. A produtora Muriel Young ficou impressionada com a performance e ofereceu aos Arrows um programa semanal. Simples assim!
No ano seguinte, o The Arrows Show já estava no ar. O programa teve duas temporadas e foi responsável por fazer o trabalho da banda atingir um maior público. Foi nesse momento, por sinal, que uma certa futura intérprete teve seu primeiro contato com o hino.
Pode entrar, Joan Jett!
É bem capaz que você tenha conhecido “I Love Rock And Roll” a partir da interpretação de Joan Jett e de sua banda, The Blackhearts. Essa é uma das covers de maior sucesso na história da música, alcançando o #1 do Hot 100 da Billboard. Foi esta também a versão que entrou para o Hall da Fama do Grammy, em 2016.
A popularidade dessa releitura, lançada em 1981, foi esmagadora. Além de ter conquistado a MTV com seu icônico videoclipe, a nova versão conquistou posições relevantes em rankings de “Melhores Músicas de Todos os Tempos” de veículos como Q Magazine, Rolling Stone e Billboard.
Por sinal, montamos uma lista com outras músicas cujas covers se deram melhor do que suas gravações originais. Vale dar uma olhada!
Joan Jett e Sex Pistols?
Apesar de todo o sucesso, a versão com os Blackhearts não foi a primeira tentativa de Joan Jett de emplacar “I Love Rock And Roll”. Apaixonada pela canção desde que a viu no programa dos Arrows, a cantora chegou a gravar uma versão com dois membros do Sex Pistols: Steve Jones e Paul Cook.
Em 1979, a versão foi lançada em vinil como lado B (sim, de novo) para uma cover de “You Don’t Owe Me” (Lesley Gore). Não alcançou sucesso, o que motivou a cantora a tentar novamente com sua então nova banda, sem mudanças em termos instrumentais.
Britney roqueira, b*tch!
Ame-a ou deteste-a, você já deve ter ouvido a versão de Britney Spears para esse clássico. A cover integra o repertório do homônimo terceiro disco de estúdio da cantora. Na mesma época, a cantora trabalhava um conjunto de singles que conta com os hits “I’m a Slave 4 U” e “Overprotected“. A canção, inclusive, aparece na trilha sonora do filme “Crossroads” (2002), estrelado pela própria princesa do pop.
Britney já falou que gravou a cover pelo fato de que esta é uma de suas músicas prediletas. Na época, a versão foi relativamente bem recebida, apresentando o hino para uma geração ainda mais jovem. Alguns, no entanto, criticaram a inserção da música na tracklist do disco. A cover chegou até a ser ironicamente comparada com o trabalho do Limp Bizkit.
Desta vez, Britney falhou em entrar no Hot 100, mas ganhou posições de destaque em paradas da Austrália e de países europeus. No Reino Unido, por exemplo, a canção alcançou a segunda colocação de um ranking para músicas indie (sim, não entendemos nada também).
Esse mashup!
A gente poderia destacar outras versões criativamente concebidas a partir de modernidades tecnológicas, como é o caso do popular remix de Alex Gaudino. No entanto, precisamos enfatizar que esse mashup de “I Love Rock And Roll” com “We Will Rock You” (Queen) é satisfatório demais.
E é bom notar que qualquer versão dessa música, seja remix ou releitura, terá sempre um dos mais clássicos riffs da história do rock.