Com apenas 19 anos, a cantora Melly passeia entre a intensidade e a leveza em seu R&B com B de Bahia. A artista, uma excelente nova aposta da música brasileira, lançou recentemente o EP de estreia, intitulado Azul.
Em quatro faixas autorais, o registro sonoriza lugares e sentimentos da Bahia e é uma passagem de voo direto para o fim de tarde em Salvador: intenso, mas tranquilo e leve como os tons que pintam o céu. É a potência do gênero norte-americano com as batidas da musicalidade baiana.
Azul foi gravado no Estúdio A Lagoa Grande, por Paulinho Rocha, com produção musical de Manigga e Sullivan (Afrocidade). Trazendo inspirações do soul, R&B e trap, o EP conta histórias sobre a origem, os afetos e momentos vividos por Melly. Ela comenta:
Esse é o meu primeiro EP. O primeiro trabalho pensado e construído com minha identidade. A primeira vez que misturo minhas influências, que migro do R&B já estabelecido e crio, junto com Manigga, meu próprio estilo. É a primeira vez que me arrisco. Saio da zona de conforto e apresento Melly como ela é.
O lançamento tem guitarras de Pedro da Mota (B.A.G.U.M) e Chibatinha (Àttoxxá), sax de Celiva Sax, baixo de Alexandre Vieira e violão de Marcos Cupertino. O EP conta ainda com as participações especiais de Victor Santos, em “Feriado“; e Murilo Chester, em “Barril“.
A faixa-título “Azul” ganhou um lindo videoclipe com direção da Marias Produtora. Você pode conferir o resultado logo abaixo. O EP está disponível nas principais plataformas digitais.
Xavier
Refletindo sobre tempo, acolhimento e esperança, o músico cearense Xavier estreou seu novo single, “Travessia“, em parceria com a conterrânea Soledad. A música, que flerta com o reggae/dub, é a primeira faixa do próximo projeto do artista.
A canção traz questões existenciais a serem refletidas entre as batidas do dub e a sutileza vocal de Soledad, vibrando em uma atmosfera de esperança. Sobre a composição, Xavier explica:
Fiz essa música num momento delicado, mas para quem está vivendo o que estamos passando, é muito fácil identificar. ‘Travessia’ fala de força, de ter calma, entender o tempo das coisas, do silêncio e, principalmente, saber acolher a tristeza, sem perder a esperança.
“Travessia” estreia via selo Índigo Azul e traz Soledad assumindo a voz, com inserções sutis de Xavier, que assina a produção musical em parceria com o produtor e músico cearense Klaus Sena. O processo criativo do single já previa a voz de Soledad para somar na faixa:
Começamos os testes de voz e tom, tudo à distância. Depois que a canção ganhou corpo, convidei o parceiro e também amante de reggae, Klaus Sena, para trocarmos referências e gravações. Foi ele que trouxe, por exemplo, a sonoridade que estava faltando, do timbre ao astral.
O videoclipe da canção foi dirigido pela artista visual Patrícia Araujo, com fotografia assinada por Leandro Gomes Pinheiro. A produção foi inspirada na performance “Association Area” (1971), de Vito Acconci, em que o artista propõe a ampliação da percepção do outro em cena a partir da obstrução dos sons e da visão, com a utilização de vendas nos olhos e protetores de ouvidos. Sobre a relação do clipe com a performance, Patrícia reflete:
A performance de Vito Acconci traz elementos visuais muito fortes e me instigou a pensar nas relações com a música e também de como desenvolver uma narrativa não-linear para a ação. Muitas vezes é preciso silenciar certos estímulos para conseguir, de fato, enxergar caminhos e fazer travessias.
Marcos Marinho
O músico e compositor baiano Marcos Marinho estreou recentemente o seu primeiro álbum solo, AURA, que já se encontra disponível em todas as plataformas digitais.
Composto por 8 faixas, AURA é música popular brasileira, completamente autoral, feita por um artista e professor nordestino em busca de uma arte autêntica, capaz de expressar emoções reais e estabelecer uma comunicação sincera com o público.
Esse é um registro criado por uma pessoa simples, da classe trabalhadora e que, sem muitos recursos artísticos e financeiros, buscou valorizar a autenticidade e a originalidade na sua produção. Nele, expresso sentimentos e visões de mundo críticos e autocríticos, conscientes das minhas contradições próprias.
O álbum narra uma tentativa real de compreender a vida e seus altos e baixos emocionais, expondo – além de questões politicas e sociais – sensibilidade, memórias, angústia, verdades e amor. Nessa viagem, samba, blues, trap, reggae e uma seresta anticapitalista, cantada num flow típico de rap, se misturam.
Para essa construção, Marcos Marinho se inspira na obra de grandes artistas da música brasileira, como Gilberto Gil, Ponto de Equilíbrio, Aldir Blanc, Cássia Eller, Milton Nascimento e tantos outros, evidenciando a natureza eclética (e sincrética) do seu trabalho.
Não considero ‘AURA’ um disco criado para agradar eruditos ou colecionadores de música. É um disco feito para pessoas de diferentes contextos sociais e estilos de vida, onde me expresso de forma simples, de modo semelhante ao que ocorre nas músicas comerciais que cresci ouvindo no rádio de minha mãe. Isso é algo de que me orgulho muito em minhas músicas.
AURA nos convida para cuidarmos uns dos outros e olharmos para nós mesmos com mais carinho, indo contra tudo que nos obriga a trair quem somos, o que desejamos e o que sentimos. Marcos ainda destaca que esse disco é um retrato da sua “sobrevivência, existência e resistência” enquanto professor e artista, duas profissões desvalorizadas no Brasil.
Gravado no Estúdio 878, AURA foi produzido pelo próprio Marcos Marinho, em parceria com os músicos Fernando Guimarães, Gabriel Moreira e Adilson Moreira, também responsável por assinar a mixagem e masterização. Ouça o disco na íntegra no player abaixo.