TMDQA! Entrevista: Los Fabulosos Cadillacs, ícone do Rock argentino abraçado por Debbie Harry, Mick Jones e Talking Heads

Nesta entrevista exclusiva ao TMDQA!, conheça mais do Los Fabulosos Cadillacs, banda argentina que tem no currículo parcerias com grandes nome do Rock.

Los Fabulosos Cadillacs
Divulgação

Por Martín Ramicone

Audiência linda da TMDQA!, nesta oportunidade venho apresentar uma banda Argentina de longa data que vale muito a pena vocês conhecerem. Eles são Los Fabulosos Cadillacs!

Nas primeiras apresentações, levavam o nome de Cadillacs 57, fazendo seu primeiro show na cidade de Mar del Plata no ano de 1985. Já no ano seguinte, lançam seu primeiro disco Bares y Fondas com uma ótima recepção do público e, sem perder tempo, gravam seu segundo álbum Yo Te Avise produzido por Andrés Calamaro, saindo então em turnês para o Chile e Peru.

Em 1988, vem El ritmo mundial, que conta com a participação da cantora cubana Celia Cruz e logo em seguida, em 89, El satánico Dr. Cadillac. É nestes dois que a banda finalmente consegue firmar sua versatilidade musical, com raiz marcada no ska inglês misturado com toques bem latinos, resultando em uma sopa sonora bem mestiça.

Nos anos 90, lançam Volumen V que lhes deu acesso ao mercado norte-americano, através do contrato assinado com o produtor internacional Tommy Cookman. Esta nova etapa os coloca definitivamente no plano internacional e gravam um dos melhores discos em 1992, El León, e o compilado Vasos Vacíos em 94 celebra essa trajetória com algumas grandes músicas regravadas e a nova “Matador”, com aquele toque afro típico da Bahia aproximando o grupo cada vez mais do Brasil. Ainda gravaram, também, um Acústico MTV.

Continua após o vídeo

Em 1995 aparece Rey Azúcar, décimo álbum produzido por Tina Weymouth e Chris Frantz do Talking Heads, que contou com participações especiais dos ícones Mick Jones, do The Clash, e Debbie Harry, do Blondie, além da estrela do reggae Big Youth.

No ano seguinte lançam Fabulosos Calavera, que leva o prêmio Grammy para Melhor Álbum Latino de Rock e depois, em 99, vem La marcha del golazo solitario onde escutamos os Cadillacs mais pessoais em novos ritmos e explorações artísticas que os integrantes vinham apresentando de forma solitária. Também gravam o CD duplo/DVD ao vivo Hola, Chau no estádio Obras Sanitárias em Buenos Aires, cenário ícone do rock local.

Este último trabalho levou o grupo a dar uma pausa nas atividades por um tempo para seguir seus projetos paralelos. Eles retomaram as atividades em meados de 2008, com a volta aos estúdios sendo marcada por La Luz del Ritmo, onde se nota um grupo já incorporando elementos de tango, jazz, bossa e outros estilos que vinham explorando nas produções anteriores. Trazem, também, seis versões de músicas anteriores e, na mesma tônica, lançam El Arte de la Elegancia de LFC continuando com as versões próprias.

Em 2015, celebram 30 anos de trajetória e, no ano seguinte, lançam La Salvación de Solo y Juan. Nestes últimos anos, o grupo se dedicou muito às turnês europeias, inclusive com muitos shows também nos Estados Unidos e México.

Confira abaixo uma entrevista exclusiva com o tecladista da banda, Mario Siperman, para conhecê-los ainda melhor!

TMDQA! Entrevista Mario Siperman (Los Fabulosos Cadillacs)

TMDQA!: Mario, primeiro queria que contasse ao público do TMDQA! quem são Los Fabulosos Cadillacs.

Mario Siperman: Somos uma banda de Buenos Aires que começou há 34 anos tocando Ska por causa do nosso grande amor a bandas do two tone inglês como Madness, The Specials, English Beat. Gravamos mais de 15 discos e com o tempo incorporamos outros ritmos e influências, principalmente depois de começarmos a fazer turnês pela América Latina onde descobrimos e nos interiorizamos em outros estilos da região, sempre com uma formação de voz, guitarra, baixo, teclado, bateria, percussão e seção de metais.

TMDQA!: Em um Top 5 das melhores coisas que aconteceram nestes anos, o que pode nos contar?

Mario: As melhores coisas que vivemos foram ter gravado com Santana, Mick Jones do The Clash, Ruben Blades, Debbie Harry, Chris Frantz e Tina Weymouth; tocar em festivais por toda América e Europa; em 2017, tocar no Madison Square Garden em Nova York e ganhar dois Grammys de Melhor Álbum de Rock Latino e Melhor Álbum de Rock.

TMDQA!: Como conseguem integrar a fusão musical ao compor e gravar?

Mario: Em geral, com o Los Fabulosos Cadillacs as canções são do Vicentico e Flavio e em menor medida do Sergio Rotman. Não existe um método de composição, é bastante livre e mudou muito ao longo do tempo. Começamos a gravar quando tínhamos apenas 20 ou 21 anos e agora aos 56 ou 57 continuamos trabalhando juntos, embora às vezes passemos por longos períodos de inatividade em grupo para trabalhar em projetos individuais.

Continua após o vídeo

TMDQA!: Sabendo que o grupo viveu as mudanças da indústria fonográfica, você prefere os anos 80, com vinil e fita K7, ou apoia a digitalização da música?

Mario: Eu pessoalmente gosto de formatos físicos, mas reconheço que o formato digital dá a você uma chance de chegar a lugares inesperados, onde as gravadoras de uma forma tradicional nunca teriam apostado que isso poderia ser alcançado.

TMDQA!: Quais artistas brasileiros você gosta e o que acha da música brasileira?

Mario: A música brasileira faz muito sucesso e é muito ouvida na Argentina. De criança ouvia muito [Tom] Jobim, Vinicius [de Moraes] e Baden Powell pelos meus pais. Na adolescência, ouvia muito Egberto Gismonti, Hermeto Pascoal, Ney Matogrosso e hoje ainda sou fã dos clássicos da bossa e revalorizei algumas grandes composições de Roberto Carlos.

Continua após o vídeo

TMDQA!: Quando você planeja visitar o Brasil?

Mario: Adoraríamos ir tocar no Brasil, embora nunca tenhamos tido uma proposta para tocar.

TMDQA!: Que mensagem você deseja deixar ao público?

Mario: Envio uma grande saudação e a premissa de que na música não existem diferentes línguas, nem diferentes religiões, nem diferentes ideologias, desde que a música seja feita com o coração.

Martín Ramicone é CEO da agência Da Chance Music, empresário e agente de imprensa de artistas latinoamericanos e europeus, com 21 anos na indústria e 8 anos radicado no Brasil.