Um cantor folclórico, Fawad Andarabi, foi assassinado por membros do Talibã na última sexta-feira (27) no Afeganistão e muitas pessoas estão temendo que as músicas tradicionais sejam proibidas.
Isso porque essa foi uma das regras implementadas à força pelo grupo fundamentalista no país quando eles estiveram no poder pela primeira vez, de 1996 a 2001.
De acordo com informações do Associated Press (via Folha de S.Paulo), o músico conhecido no Vale do Andarabi, região onde reside um núcleo de resistência conta os Talibãs, foi arrastado para fora de sua casa pelos combatentes e morto a tiros.
Segundo a família de Fawad, o grupo responsável por matar o músico revistou a casa dele dias antes do ocorrido e tomou chá com ele. O filho do artista, Jawad, disse:
Ele era inocente, um cantor que só estava entretendo as pessoas. Atiraram na cabeça dele.
O assassinato também foi comentado pelo ex-ministro afegão do Interior, Masud Andarabi, que é da mesma região que o músico:
A brutalidade do Talibã continua em Andarabi. Eles mataram Fawad Andarabi, que estava apenas trazendo alegria para este vale e para seu povo. Como ele cantava, ‘nosso belo vale, a terra dos nossos antepassados’ não se submeterá à brutalidade Talibã.
Música no Afeganistão e Talibã
A morte de Fawad deixou muito cidadãos preocupados com as possíveis práticas que serão impostas pelo grupo fundamentalista a partir de agora.
Na última semana, o porta-voz do Talibã, Zabihullah Mujahid, disse em entrevista ao New York Times que a facção não está perseguindo opositores, mulheres e afegãos que colaboraram com as tropas americanas durante o período de 20 anos em que elas permaneceram no país. Porém, o responsável declarou que música não será permitida em público:
A música é proibida no islã. Mas esperamos que possamos persuadir as pessoas a não fazer essas coisas, em vez de pressioná-las.
O folclore é um dos principais tipos de música regional no Afeganistão. Fawad Andarabi interpretava algumas canções tradicionais que falavam sobre seu local e seu povo, além de ser conhecido por tocar guichak, um tipo de alaúde.
Além dos moradores, a situação também preocupa a relatora especial da ONU para direitos culturais, Karima Bennoune. Antes do ocorrido, ela estava chamando atenção para o que classifica como um possível “desastre cultural” no Afeganistão devido à tomada de poder do Talibã neste último dia 15.