Não precisamos definir Caetano Veloso. Talvez nem seria possível chegar a um fator comum para um artista com uma obra tão rica e diversa — Caetano é completo e isso nos basta.
Ao longo de mais de 50 anos de carreira desde o primeiro disco, lançado em 1967, fez de Bossa Nova a Rock and Roll de várias maneiras e incontáveis vezes, de forma espetacular, caetaneou e fez o Brasil enxergar a MPB de uma forma diferente, com músicas que marcaram várias gerações.
Já que estamos ansiosos com as notícias confirmadas sobre um novo disco a ser lançado ainda esse ano, vamos passear por essas obras e relembrar grandes clássicos da nossa música enquanto esperamos mais um registro de estúdio.
Apesar do duro desafio, listamos um disco de cada década de Caetano, começando lá nos anos 60 e chegando aos dias atuais. Confira!
Década de 60: Caetano Veloso (1968)
O segundo disco de Caetano é o seu primeiro trabalho solo, pois o primeiro, intitulado Domingo, foi lançado em parceria com Gal Costa um ano antes.
O registro de 68 chegou com as obras primas “Tropicália”, “Soy Loco Por Ti America” e “Alegria Alegria”, faixa que na época chamou muita atenção para todo o movimento em volta do tropicalismo e ganhou muita popularidade através dos Festivais da Música Brasileira, na TV Record.
Década de 70: Transa (1972)
Transa é figura certa em qualquer lista de melhores disco da história da música da brasileira, algumas vezes no topo.
É uma obra atemporal que mostrou um Caetano com diversas influências do Rock, da psicodelia, da paixão pelo Reggae após conhecer a obra de Bob Marley e com a saudade da Bahia inflamada pelos anos de exílio que incluíram a gravação do disco em Londres.
Tudo isso vem traduzido em sete faixas que nos deixam uma difícil missão de escolher um ou dois destaques. Se você ainda não ouviu, sabe-se lá por qual motivo, corra, faça isso agora e recupere o tempo perdido. Transa é obrigatório.
Década de 80: Uns (1983)
Chegamos à década de 80 e, nela, Caetano teve uma extensa série de lançamentos, incluindo alguns discos ao vivo e coletâneas.
Entre os trabalhos inéditos, Uns se mostra o mais consistente. Mais uma vez o cantor apresentou diversas influências musicais e letras extremamente ricas como na música título, além de outras como “Peter Gast” e a “Outra Banda da Terra”.
Caetano continua mostrando nesse disco a imensa capacidade — ou facilidade — de fazer hits, como “Eclipse Oculto” e a espetacular “Você é Linda”.
Década de 90: Circuladô (1991)
Caetano entrou nos anos 90 prestes a completar 50 anos de idade e lançou o disco Circuladô, que já abre com a impactante “Fora da Ordem”, uma das mais marcantes construções musicais de toda a sua discografia.
O disco, que trouxe outros destaques como “O Cu do Mundo” e “Lindeza”, também nos brinda com as participação de Gal Costa, Gilberto Gil, Jaques Morelembaun e Milton Nascimento.
Década de 2000: Cê (2006)
Caetano sempre esteve próximo do Rock and Roll em diversos momentos, mas digamos que em Cê ele entrou nesse universo de cabeça e alma.
Seu violão e uma banda com guitarra, baixo e bateria formada por Pedro Sá, Marcelo Callado e Ricardo Dias Gomes deram uma roupagem moderna que resultou num dos melhores álbuns da década e um dos melhores de toda a discografia.
O artista baiano se aproximou de toda uma nova geração, celebrou nomes como Los Hermanos e deu vida ao primeiro passo de uma trilogia com a mesma sonoridade que continuou na sequência de discos Zii e Zie (2009) e no também incrível Abraçaço (2012).
“Outro”, “Rocks”, “Não Me Arrependo” e “Odeio” são verdadeiras pérolas para serem ouvidas no último volume.
Década de 2010: Ofertório – Ao Vivo (2018)
Chegamos aos tempos atuais e como é prazeroso ver um artista do tamanho de Caetano Veloso num palco, ao lado dos filhos Moreno, Zeca e Tom, celebrando a vida, sua obra e sendo celebrado.
Assim é Ofertório, que entre tantos registros ao vivo do cantor se destaca por ser um verdadeiro álbum de família escrito, aberto e cantado na frente do público.
Zeca Veloso brilha na emocionante “Todo Homem”, que ganhou status de hit. Aqui, apenas tentamos imaginar a alegria do pai Caetano vendo o filho cantar e encantar, ali do seu lado, quase como se fosse uma mera roda de violão, num descontraído e alegre encontro de pai e filhos num domingo qualquer.