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Artista do Mês: revolução do Metal, Spiritbox lança disco de estreia e fala com o TMDQA! em papo exclusivo

Spiritbox é Artista do Mês no Tenho Mais Discos Que Amigos! em Setembro e Courtney LaPlante conta tudo sobre o ótimo "Eternal Blue" em entrevista exclusiva.

Spiritbox
Foto por Travis Shinn

Foto cedida ao TMDQA! por Travis Shinn / Spiritbox

Spiritbox é o Artista do Mês de Setembro aqui no Tenho Mais Discos Que Amigos!

O trio canadense, formado por Courtney LaPlante (vocais), Mike Stringer (guitarras) e Bill Crook (baixo), se tornou um verdadeiro fenômeno nos últimos tempos ao dar uma nova cara à música pesada, mostrando que ainda há muito a ser explorado dentro do Heavy Metal.

Continua após o vídeo

Em entrevista exclusiva a Felipe Ernani, editor do TMDQA!, a vocalista nos levou por uma viagem sobre a sua relação com esse gênero e também com o Pop, que permeia de forma espetacular boa parte das faixas de Eternal Blue, disco de estreia do grupo lançado nesta sexta-feira (17).

Mais ainda, Courtney também falou sobre suas experiências passadas na música e, claro, deu detalhes exclusivos sobre o já aclamado trabalho — elegendo, inclusive, suas canções preferidas.

Por enquanto, você confere a transcrição completa dessa entrevista logo a seguir, mas fique ligado para assistir ao papo na íntegra em vídeo muito em breve. Não deixe também de seguir o Instagram do TMDQA!, porque teremos uma promoção valendo pôster com a arte desse especial nos próximos dias!

Artista do Mês TMDQA! — Courtney LaPlante (Spiritbox)

TMDQA!: Oi, Courtney! Como você está? Onde você está agora?

Courtney LaPlante: Agora eu estou em Los Angeles, na Califórnia!

TMDQA!: Ah, que chique. Eu vi que vocês estavam andando de limusine ontem.

Courtney: [risos] O nosso amigo Jose [Mangin] é um DJ da SiriusXM, nos programas Liquid Metal e Octane, e nós fizemos entrevistas com ele ontem e [nos levou] de surpresa. Ele restaurou a limusine do Vinnie Paul e do Dimebag Darrell, do Pantera. Tipo, ele pegou e passou alguns anos restaurando-a e aí ele nos surpreendeu nos buscando naquela limusine.

TMDQA!: Que demais. Vocês pareciam estar se divertindo muito.

Courtney: Foi uma loucura! Eu nunca tinha andado de limusine antes. Eu entrei em uma quando eu e o Mike [Stringer, guitarrista da banda e marido de Courtney] nos casamos e meu pai me surpreendeu alugando uma limusine por, tipo, meia hora. Então essa foi a minha primeira vez em uma dessas, foi bem legal.

Spiritbox, Artista do Mês TMDQA!

TMDQA!: Bom, então, parabéns pelo disco! Eu acabei de ouvir o Eternal Blue e, bom, obviamente eu não posso falar para muitas pessoas ainda mas eu estou tão, tão empolgado [pelo lançamento]. E sendo sincero, vocês são uma das minhas bandas preferidas neste momento e eu estava super, super ansioso para fazer essa entrevista. E isso me deixou pensando, como vocês estão se sentindo? Porque a data de lançamento está chegando, e a recepção dos singles até agora tem sido incrível. Vocês estão meio com medo que talvez fique meio diferente? Como estão se sentindo com a chegada das novas músicas?

Courtney: Obrigada, isso significa muito! É bem legal que você curtiu o novo álbum. E, sim, eu estou com medo, porque tipo… Tipo, eu estou empolgada. Acho que eu estou mais ansiosa. Tipo, estou ansiosa para… não estou ansiosa para que as pessoas ouçam ou estou preocupada sobre o que elas vão pensar, mas eu estou só ansiosa para lançar o álbum porque a gente nunca quis que demorasse tanto assim.

E uma vez que demorou tanto, a máquina de “hype” aumentou muito, além do que eu poderia ter imaginado. Então, é só tipo, coloca um pouco mais de pressão em você. Mas, só, sabe, eu amo esse álbum e estou tão empolgada para que as pessoas o ouçam. Então, eu acho que quando ele for lançado eu não vou mais sentir essa pressão — porque já saiu, não tem mais nada que eu possa fazer.

Elas são as suas músicas, não mais as minhas agora. Então, eu estou sim bem nervosa só por ser tanta atenção que eu não achei que eu estaria recebendo agora.

TMDQA!: E eu acho que há algumas boas surpresas ali. Acho que “Yellowjacket” foi uma surpresa incrível, o Sam [Carter, do Architects] é incrível e vocês juntos se encaixaram bem demais. Então, acho que as pessoas vão amar.

Courtney: Obrigada! Eu espero que sim, cara, espero que sim.

TMDQA!: A história do Spiritbox é muito legal pra mim, porque vocês tiveram uma virada tão bela na carreira. Há alguns anos, vocês eram meio que uma banda de nicho, e agora vocês estão meio que furando a bolha. Então, eu fiquei pensando… pra mim, foi “Holy Roller” — eu conheci vocês com “Holy Roller”. Mas eu acho que talvez isso tenha começado um pouco antes, com “Blessed Be” ou “Rule of Nines”, talvez até “Constance”. Onde você sentiu que a bolha estourou pra vocês? Onde rolou aquela sensação de ‘Opa, o que está acontecendo’?

Courtney: Definitivamente “Holy Roller”. Mas eu acho que o motivo pelo qual eu, ou o Michael e eu fomos compelidos a continuar fazendo essa música mesmo que nós não tivéssemos nenhum dinheiro e estivéssemos gastando todo o nosso tempo e dinheiro com isso quando provavelmente deveríamos estar tentando descobrir uma outra forma de ganhar dinheiro foi essa obsessão.

Eu acho que a coisa que nos fez continuar seguindo foi que sempre houve esse grupo bem, bem pequeno de pessoas que nos mostrou tanto… tipo, eles nos entendiam. Eu acho que por conta da internet, a gente continuava encontrando pessoas que a gente nunca iria conhecer na vida real porque eles moram em cidades diferentes e países diferentes da gente, e eles nos encontraram e vieram até nós e nos apoiaram online.

Então, as pequenas coisas continuaram me dando dicas para seguir em frente. Sabe, todos nós estivemos em bandas antes mas nenhum de nós jamais havia sentido algo como isso. Então eu acho que a gente sabe que é único. Tipo, a forma como nós nos conectamos com as pessoas através da nossa música é realmente única.

Então, especialmente em qualquer momento que eu me sinto derrotada ou algo assim, eu só fico pensando nisso. Porque não é normal! É especial. Essa é a questão. O tempo todo, desde a primeira música que lançamos. Enfim, essa é uma maneira longa de dizer que, sim, foi com “Holy Roller” que de repente as pessoas que meio que nos ignoravam e não se importavam o suficiente para olhar para nós meio que, de repente, estavam tipo, “Uau, quem diabos são essas pessoas?”. [risos]

TMDQA!: E foi engraçado porque, não foi o meu caso, mas eu sei de muita gente que conheceu vocês por conta de vídeos de reações na internet. E eu sempre te vejo comentando por lá! Quão divertido é ver isso? Especialmente quando você canta, porque as pessoas ficam surpresas quando você canta e grita. Quão divertido é ficar vendo isso?

Courtney: Eu tento não deixá-los ter tanto poder sobre mim, porque a maioria dos vídeos de reação são bem positivos. E eu gosto deles, então eu tento não lhes dar muito poder sobre mim porque aí eu acho que, quando eles não gostaram da minha música, eu vou ficar muito triste. Então eu estou tentando manter minha guarda alta!

Mas eu acho que o motivo pelo qual somos tão fascinados por isso e amamos tanto é porque a gente não pôde tocar muito para as pessoas ao vivo. Então a gente não tem sido capaz de ter essa, tipo, reação de pessoa para pessoa na vida real. Então eu acho que conseguir ver isso online é realmente especial para nós, porque quase que nos faz sentir como se estivéssemos nos apresentando para essas pessoas, sabe?

É meio que uma reposição por não estarmos fazendo shows, então, eu não sei, só nos faz sentir como se estivéssemos tendo essa reação na vida real. Então eu acho que nós da banda gostamos tanto de assistir às reações. E nossa família, todo mundo está sempre mandando [vídeos] novos e dizendo o quanto eles também amam.

TMDQA!: Mas vocês acabaram de voltar aos palcos, tocaram em alguns festivais aqui e ali, e vão sair em turnê em breve. Então, como tem sido? E como estão as expectativas para a turnê?

Courtney: Bom, temos muitas coisas para trabalhar e nós não fomos capazes de, sabe, ensaiar ou qualquer coisa assim. Então, eu só quero tipo… semana que vem, nós vamos tirar uns dias para ensaiar como banda e isso é algo que nós não conseguimos fazer desde antes de começarmos a turnê com o Limp Bizkit no Verão que, infelizmente, teve que ser cancelada.

E, sabe, é só algo com o que eu sempre me preocupo porque, por eu ter criado uma expectativa tão alta de finalmente voltar a fazer shows, eu ficava preocupada de ter ficado com uma expectativa alta demais e achei que eu não gostaria tanto assim. Mas é o oposto! Tipo, em todos os shows, eu me vejo às vezes incapaz até mesmo de olhar para a plateia porque, quando eu olho pra eles, quando eu realmente olho pra eles, eles estão tão felizes por estar ali.

Nem exatamente por mim, nem pelo Spiritbox, só em geral! Eles estão tão felizes de estar em um show, o que é tão emocionante pra mim. E é, tipo, me faz ficar muito emotiva e eu meio que preciso parar de olhar para as pessoas às vezes porque eu consigo me ver ali, sabe. Eu sinto que todos nós sentimos tanta falta disso.

TMDQA!: Eu [e nós aqui no Brasil] ainda estamos com essa saudade…

Courtney: Eu sei! É terrível. Eu espero que nós possamos voltar ao que quer que seja o normal em breve porque para todos nós, os artistas e as pessoas nos shows, é uma parte tão grande das nossas vidas. Então, nós estamos tão felizes. Só de fazer esses shows, ainda que, sabe, o tempo todo eu fico, “Eu fiz isso errado, e fiz aquilo errado, e aquele outro errado”. [risos]

No fim do dia, eu tenho que ficar tipo, “Cara, eu só estou tão… vamos não pensar sobre isso e focar em treinar e, tipo, só ser muito grata por sermos capazes de fazer alguns shows para as pessoas”. Porque é só, tipo, não há nada como isso.

TMDQA!: Que demais. Eu estou super empolgado para vê-los ao vivo, vou tentar achar um jeito de ir até vocês antes mesmo de vocês virem pra cá…

Courtney: A gente quer ir até vocês! Deixa a gente ir até vocês! [risos]

TMDQA!: [risos] Sim, claro! Queria falar um pouco sobre “Constance”, porque acho que essa música é tão especial e sei que ela é muito especial pra você também. A primeira coisa que eu queria saber é o quão legal foi ter uma versão orquestrada — acho que vocês chamaram de acústica, no caso — e quão emocionante foi fazer isso. E você diria que… essa é a minha opinião, mas eu acho que essa é a melhor música para recomendar a alguém que não conhece o Spiritbox.

Courtney: Ah, legal! Sim, sim.

TMDQA!: Você concorda com isso ou escolheria outra?

Courtney: Ah, eu não sei. É tão difícil falar agora, porque eu não sei. Eu não sei ao que as pessoas vão responder quando elas ouvirem o álbum inteiro ou as outras músicas. Mas eu acho que essa música ainda é tão especial pra mim e o que você está ouvindo naquela versão acústica, com os violinos e os violoncelos também, é a minha primeira vez e a primeira vez do Michael apresentando essa música.

Aquela é a primeira vez que nós de fato a apresentamos, então eu estava realmente… eu estava tipo, “Eu nunca apresentei essa música antes”. Porque nós fizemos isso ao vivo, foi uma gravação ao vivo, e eu fiquei preocupada de ficar emotiva quando a cantasse. E eu ainda não fiquei, eu tenho sido capaz de cantá-la, e eu sinto que a cada vez que eu a canto a música me deixa menos triste e mais verdadeiramente feliz. Sabe? Está me dando uma sensação de fechamento.

Eu pude apresentá-la, durante a turnê do Limp Bizkit, na frente do meu avô e dos meus tios. E o meu avô nunca tinha ouvido a música, porque ele não tinha conseguido ouvi-la por ela deixá-lo muito triste. E ele pôde me ver cantando e foi tão legal! Foi o último show antes de tudo ser cancelado, e eu sou muito grata por isso.

Então eu acho que hoje, quando eu a canto, ela me deixa bem feliz. Me dá um conforto.

TMDQA!: Acho que essa música é um bom exemplo, mas há outros no disco cheio como “The Summit”, de como eu acredito que há muitos elementos do Pop nas músicas de vocês.

Courtney: Sim!

TMDQA!: E eu vejo os seus stories compartilhando coisas de, tipo, Ariana Grande e tudo mais. Então, como a música Pop te influenciou no Metal e como vocês conseguem fazer essas duas coisas coexistirem quando estão escrevendo as músicas?

Courtney: Eu acho que tudo vai se alinhando por conta do ato de compor. Sabe, é tanto… é tão difícil fazer caber as coisas que te influenciam quando a sua música é só riff, riff, riff e você não pensa nelas como um panorama completo. Eu não sei, eu sinto que se a base é uma boa composição, e se o Michael está me trazendo à mesa uma música que me tem em seu esqueleto, então você meio que pode ir para qualquer lugar com isso porque você está construindo a partir de uma boa base.

E eu acho que é por isso que muitas músicas Pop ressoam conosco. Porque elas têm uma base tão forte, e há tanta intenção nelas para que você possa realmente… ela permite que você construa tanto a partir disso. Então é por isso que eu acho que somos atraídos por elas e por isso que alguns dos melhores músicos do mundo são atraídos por ela.

Porque é uma música recheada que você está tocando, não é só sobre quão rápido você pode fritar na guitarra ou quão rápido você consegue fazer blast beats. O que é ótimo! E eu amo isso também, e às vezes você precisa só, sabe, fazer gracinhas com a guitarra e fazer loucuras com a caixa da bateria, mas eu acho que, não sei, nesse momento das nossas vidas nós estamos realmente hiper focados em compor e acho que, não sei, isso só permite que eu faça o que eu quiser, na verdade. É bem empolgante.

TMDQA!: É algo que você realmente percebe quando ouve o disco. Eu adoro as bandas de ‘core’, meio que esse gênero, mas às vezes fica uma coisa um pouco formulaica demais. E com vocês, é completamente diferente. Cada música é seu próprio universo, o que é algo legal demais e acho que é o que você falou, a composição ser o foco de tudo. Então, isso é legal, é algo que realmente dá pra perceber quando você ouve.

Courtney: Obrigada! Eu acho que algumas bandas encontram um propósito e conforto maior ficando realmente presas a um gênero, e aí alguns de nós, eu acho, encontram… nós encontramos mais conforto meio que só deixando as coisas abertas e sendo fluidos. E acho que os opostos dessas coisas poderiam realmente… se os papéis fossem invertidos, tipo, aquela banda teria medo de como nós fazemos e nós teríamos medo de como eles fazem.

Então, acho que todos nós só… sabe, acho que toda banda tem essa necessidade de escrever suas músicas estranhas e você basicamente só espera que as pessoas curtam. E você não assume nem toma por garantido que elas irão, porque você vai fazer de qualquer jeito, você vai simplesmente fazer o que quiser.

TMDQA!: Já que estamos falando disso, eu sempre gosto de fazer uma pergunta meio que sobre as origens ou algo assim. Então, qual é a sua relação com o Metal? Como você foi introduzida a ele e como você se apaixonou por ele? Eu sei que você já teve um histórico com bandas no passado e quero falar disso depois, mas como você começou com o Metal e o que ele significa pra você?

Courtney: Sabe, eu acho que indo desde as bandas mais famosas, mais pesadas como o System of a Down e o Linkin Park e o Limp Bizkit e coisas assim — quando eu estava crescendo, essas bandas tinham elementos pesados e essas guitarras metálicas, pesadas, com afinações pra baixo e até vocais gritados bem agressivos… eu não tinha ouvido essas coisas.

Mas eu acho que eu pouco a pouco fui ficando imersa aos subgêneros, quando fui uma adolescente um pouco mais velha. Eu tinha 18 anos e foi como a fábula do sapo que é fervido na água; eu não fui jogada de uma vez na água fervente, a temperatura só foi pouco a pouco aumentando e eu fui de músicas e bandas que eu descobri de formas comerciais, como a MTV, até… Principalmente pelo meu irmão mais novo descobrindo o seu amor pelo Metal e eu estar em uma banda com ele, eu fui de ouvir coisas tipo Rage Against the Machine para bandas de Death Metal como Despised Icon.

Então foi uma transição bem lenta, e eu acho que um dos motivos para ela ter sido tão efetiva para mim é porque eu mudei dos EUA para o Canadá quando eu era adolescente. E quando eu fui pra lá — eu não sei como é no seu país, mas no Canadá eles tocam e eles dão apoio aos artistas canadenses muito mais do que fariam se eles não fossem canadenses. Então, tipo, você tem que tocar uma certa quantia de conteúdo canadense.

E há todas essas bandas que eu nunca tocariam na rádio ou teriam clipes exibidos nos EUA, que estavam passando na nossa equivalente da MTV no Canadá. Bandas como AlexisonfireProtest the Hero tinham clipes sendo exibidos no nosso equivalente do TRL Countdown [Disk MTV, no Brasil]. Então eu fui exposta a músicas muito únicas, eu acho, especificamente por ter me mudado.

E a minha mente explodiu, porque… eu nem sabia o que era gritar, na verdade. E eu fiquei só, tipo, “O que é isso?”. Então isso me levou para o buraco do coelho, quando eu era uma adolescente com um início tardio.

TMDQA!: Que demais. Você diria que o Metal mudou sua vida?

Courtney: Sim. Porque é a primeira vez que eu deixei de ser só uma criança que aprendeu acordes de guitarra e tocava para mim mesma e passei a colaborar com outros músicos e criar música de verdade, que eu de fato tinha feito. E só, tipo, a parte colaborativa! Tipo, começar a aprender como meus companheiros de banda escrevem suas partes.

Então eu acho que… sabe, eu fico tão feliz que meu irmão e eu fizemos músicas estranhas pra cacete! Porque isso nos atraiu para outras pessoas que faziam músicas estranhas pra cacete. E uma dessas pessoas foi o Michael, sabe? Eu o conheci quando ele tinha 16 e eu tinha 18, lá em 2008. Então, sabe, o Metal me deu o meu marido e meu companheiro de banda! [risos]

Então, é tipo, eu fico tão feliz que existem as cenas de música. Especialmente lá atrás quando nós éramos crianças, por todas as pessoas com pensamentos parecidos terem sido capazes de se encontrar. Se não fosse isso, nós nunca teríamos encontrado uns aos outros, tipo, descoberto que nós gostamos das mesmas coisas.

TMDQA!: Sim! Como eu disse, eu quero falar um pouco sobre o seu passado na música. E eu me lembro de você no iwrestledabearonce, e é bem curioso pra mim porque nessa banda — se eu não me engano, e acho que não estou enganado — você entrou quando ela já existia há algum tempo.

Courtney: Demais. [risos]

TMDQA!: E agora, com o Spiritbox, essa é a sua banda. Como essas experiências se comparam? E como que o tempo que você passou no iwrestledabearonce, tocando na Vans Warped Tour e tudo mais, te influencia agora com o Spiritbox?

Courtney: Bom, eu fui simplesmente arremessada ao fogo. Tipo, eu fui de só trabalhar no meu trabalho normal — eu trabalhava em uma Lululemon, uma loja de roupa de yoga, e aí essa banda só me ligou naquela noite e foi, tipo, “Ei, você pode entrar na nossa banda amanhã na Warped Tour e terminar a Warped Tour?”. Porque a vocalista deles saiu e eu fiquei tipo, “Ok”.

Então eu fiz isso e… eu não consigo acreditar que eu fiz isso. Eu simplesmente não consigo acreditar que eu tive a audácia de fazer isso, porque foi realmente assustador. Mas eu aprendi tanto por estar em uma banda que já estava estabelecida, tanto coisas boas quanto ruins, tipo, não estar tão apegado à sua forma de fazer as coisas e também não só fazer as coisas de forma inercial, mas também só de ver pessoas que estavam fazendo o que elas amavam fazer.

Sabe, todo mundo que eu conhecia que estava em uma banda não era capaz de fazer só o que amava. Eles tinham que trabalhar em tempo integral e a banda era algo paralelo, então essa foi a minha primeira vez vivendo isso de estar ao lado de pessoas que faziam o que queriam fazer para sobreviver. Então, eu aprendi muito com eles. Porque eles já tinham ficado lá nas trincheiras por cinco anos antes de eu entrar na banda.

Então, eu aprendi o que é bom e o que é ruim. Sabe, o que fazer e o que não fazer. Mas, é, foi insano. Definitivamente eu prefiro escrever e estar em uma banda em que não haja mais ninguém além de mim, porque eu me sentia como a madrasta naquela banda. Eu só quero ser a mãe! Sabe, porque aí não há ninguém com quem eu possa ser comparada além de mim mesma. Não há nenhuma competição além de mim mesma.

TMDQA!: Sim. E por fim, a pergunta mais difícil por último. Você tem uma música preferida nesse disco, ou duas, ou um Top 3, algo assim?

Courtney: Eu tenho! Tipo, elas mudam bastante, mas agora eu amo a faixa-título, “Eternal Blue”.

TMDQA!: É uma das minhas preferidas também.

Courtney: Eu amo essa música! Eu nunca ouvi… essa é uma das primeiras que o Michael fez e isso foi lá no Verão de 2019, quando ele começou… nós realmente pensamos oficialmente, “Vamos montar essa música”. Mas… eu não me lembro quando ele a escreveu, acho que ele provavelmente a escreveu na Primavera daquele ano, as partes principais dela. E, tipo, eu só nunca ouvi nada como essa música.

E eu quero explorá-la mais, e seguir mais essa rota. Porque, eu não sei, é algo que realmente me chama. E eu também amo “Yellowjacket”, acho que essa música é tão legal. É uma das minhas preferidas porque tem o Sam Carter! Tipo, vamos lá, né. É o Sam Carter. Ele mandou bem demais, é tão bom.

Então, essas são minhas duas filhas preferidas agora. Mas eu acho que vai mudar, acho que conforme os meses forem passando, outras vão se tornar minhas preferidas.

TMDQA!: E para aproveitar o que você disse, pra mim, toda música do Spiritbox soa como algo que eu nunca ouvi antes. É isso que faz essa banda ser tão interessante, então é isso!

Courtney: [risos] A gente está tentando… vocês estão nos vendo tentando descobrir o que fazer. E eu não sei se eu quero descobrir, acho que eu só quero continuar sem ser capaz de entender. Eu gosto disso.

TMDQA!: Courtney, muito, muito obrigado. Foi um prazer enorme falar com você e, de novo, tão empolgado para ver o disco sendo lançado e talvez vê-los aqui no Brasil ou talvez ir vê-los… eu não falei isso antes, mas Vancouver [cidade de origem da banda] é minha cidade preferida do mundo e estou tentando dar um jeito de vê-los com o Underøath e Every Time I Die.

Courtney: Bom, você nos avise, cara. Se você for até lá para isso, você me avise porque isso seria legal demais. Mas sem pressão, nós adoraríamos tanto fazer uma turnê pela América do Sul.

TMDQA!: Vai rolar!

Courtney: Tipo, toda banda ama! Não há nada como aí. Os fãs são tão, tipo… eu não sei o que é. Todo mundo se sente feliz. É meio como agora, quando nós tocamos músicas e todo mundo está tão empolgado de ter música de novo, é assim que eu acho que todas as bandas se sentem quando vão para a América do Sul.

TMDQA!: Vocês vão amar. Espero que dê certo.

Courtney: Eu espero que sim! A gente vai tentar de verdade. Estaremos aí assim que possível.

TMDQA!: Obrigado demais, Courtney! Foi um prazer imenso.

Courtney: Obrigada, tenha uma noite incrível! Foi ótimo te conhecer.

TMDQA!: Obrigado, você também!

Courtney: Talvez a gente se veja em Vancouver!

TMDQA!: Espero que sim! Ou no Brasil, tanto faz!

Courtney: Isso! Te vejo lá!