Texto por Felipe Ernani, Resenha/Audição por Vitor Meuren
Dono de alguns dos maiores hits dos anos 80, o Tears for Fears está de volta em grandíssimo estilo e acaba de anunciar seu primeiro disco de inéditas desde Everybody Loves a Happy Ending, de 2004.
A dupla formada por Roland Orzabal e Curt Smith já divulgou a faixa-título de The Tipping Point como uma prévia do que vem por aí, mas o TMDQA! teve o prazer de participar de um evento de audição do álbum em Londres, que aconteceu no auditório de um hotel e contou com a presença de ambos os integrantes e exigiu a apresentação do passaporte de vacina.
Bem-humorados, Orzabal e Smith abriram a festa com algumas piadas e detalhes sobre o processo de composição. Pra começo de conversa, The Tipping Point está sendo produzido há 7 anos e contou com a colaboração de compositores e músicos mais jovens, na tentativa de encontrar um disco que tenha “vigor” e que “transpusesse novos horizontes” para a lendária banda.
Novo disco do Tears for Fears
No entanto, a sensação da dupla com esse processo foi descrita como um speed-dating. A prática, mais comum em países estrangeiros, ocorre quando duas pessoas se sentam para um breve encontro na tentativa de encontrar um par. Não há, portanto, uma grande oportunidade de aprofundar essa relação.
Por isso, os músicos se sentiram um pouco frustrados e acabaram adotando uma outra abordagem que não estava presente em suas vidas desde que eram crianças: encontros apenas entre os dois, com suas vozes e seus violões, e daí surgiram as ideias para as principais canções.
Logo de cara, com o lançamento da faixa homônima, já percebemos que The Tipping Point terá a pegada bem tradicional do grupo, apostando na sonoridade épica e grandiosa que consagrou hits como “Shout” unida a novos elementos, como sintetizadores mais próximos do Pop atual.
No tracklist geral, a canção ocupa o segundo lugar e vem como parte de uma sequência das quatro primeiras músicas que exploram direções totalmente diferentes. Em “No Small Thing”, por exemplo, contamos com uma introdução no violão de 12 cordas e uma pegada mais Folk, enquanto “Long, Long, Long Time” aposta na pegada romântica que já se tornou marca registrada da dupla e “Break the Man” explora uma direção mais próxima ao Rock Progressivo.
The Tipping Point
O ponto alto do disco, ao menos em questão de energia, fica por conta de “My Demons”. Com um riff pesado e apostando em uma bateria diferenciada, a faixa fez todos os presentes no evento de audição se levantarem da cadeira, o que talvez tenha prejudicado um pouco a importantíssima “Rivers of Mercy”, que aborda temas importantes como o movimento Black Lives Matter mas se perde, musicalmente, em mudanças de estrutura.
Daí pra frente, o álbum segue navegando entre uma direção mais Pop, como em “Master Plan”, e bonitas baladas como “Please Be Happy” e “Stay”. A penúltima faixa, “End of Night”, também chama atenção por sua pegada mais experimental e densa, que pode ou não agradar o ouvinte.
De forma geral, a clássica abordagem Pop do Tears for Fears parece se encontrar com o Synth Pop moderno em The Tipping Point, resultando em algo que — feliz ou infelizmente, dependendo da sua perspectiva — não pode ser reduzido a apenas “mais do mesmo”.
Para uma banda que já conquistou tanto, é interessante e importante ver que a maturidade musical veio sem levar embora a vontade de experimentar. E a boa notícia para os fãs do vinil é que a dupla fez questão de ressaltar que o disco terá menos do que 44 minutos, para caber no formato clássico.
The Tipping Point chega na íntegra em 25 de Fevereiro de 2022. Logo abaixo, você confere o primeiro single do trabalho!