Foto por Meredith Truax
O Glass Animals é o Artista do Mês de Outubro aqui no Tenho Mais Discos Que Amigos!
Já queridinha do público brasileiro após uma passagem marcante pelo Lollapalooza Brasil com a turnê do disco How to Be a Human Being, o grupo liderado pelo vocalista e multi-instrumentista Dave Bayley aumentou ainda mais seu sucesso com o aclamado disco Dreamland, de 2020, que ganhou uma expansão em 2021 capitaneada pelo novo single “I Don’t Wanna Talk (I Just Wanna Dance)”.
Continua após o vídeo
Em entrevista exclusiva a Felipe Ernani, editor do TMDQA!, Dave falou sobre essa nova fase da banda e o inesperado sucesso do álbum mais recente, que abriu muitas portas e segue surpreendendo o próprio grupo.
Mais ainda, ele também comentou as inspirações que foram trazidas pela quarentena e a viagem nostálgica forçada pelo tempo de lockdown e relembrou assuntos abordados na nossa primeira entrevista, no ano passado, como a paixão por videogames e a sua relação com a música brasileira.
Você pode assistir ao papo no vídeo acima ou ler a transcrição aqui abaixo.
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Artista do Mês TMDQA! — Dave Bayley (Glass Animals)
TMDQA!: Oi, Dave! Como você está?
Dave Bayley: Oi! Eu estou muito bem, obrigado. Como você está?
TMDQA!: Eu estou bem também. É um grande prazer estar falando com você. Como eu acabei de falar, vocês são os nossos artistas do mês de Outubro…
Dave: Foda!
TMDQA!: Sim! Eu queria começar falando sobre o novo single, que ironicamente se chama “I Don’t Wanna Talk (I Just Wanna Dance)”. [risos] Mas, é, essa é uma música tão cheia de groove. E, pra mim, essa música realmente soa como um passo à frente em relação ao que foi o Dreamland. Então fiquei pensando: ela foi escrita durante as sessões do Dreamland ou foi depois?
Dave: Foi depois! Aconteceu muito rápido, faz só uns dois meses. Eu acho que a gente sempre teve uma coisa de “fruta fresca”… a gente chama de “fruta fresca”, mas é tipo uma série de músicas que fazemos entre álbuns que a gente espera que não estejam atreladas a nenhum projeto maior ou a algum tema de um álbum ou coisa do tipo, necessariamente, como o som do álbum.
Então, há muito mais liberdade, o que nos permite experimentar e ver o que acontece. E isso veio disso. Só entramos no estúdio um dia e simplesmente saiu em um dia. Eu nem sei como, eu só sentei e toquei a linha de baixo e comecei a cantar por cima e simplesmente estava tipo, pronto. Foi tão rápido.
TMDQA!: Que demais. E é uma linha de baixo bem legal, inclusive. Essa música meio que parece um hino de fim da quarentena, né? Ainda que a gente não tenha efetivamente estado em quarentena esse tempo todo, mas agora tudo está finalmente reabrindo e tal. Foi meio assim que vocês se sentiram? Finalmente, depois de tanto tempo falando, chegou a hora de dançar?
Dave: Sim! Basicamente. É meio que uma percepção de que eu passei um grande tempo durante o lockdown só pensando demais em tudo e ficando, tipo, muito preso na minha própria cabeça. Porque eu acho que ninguém teve aquele mecanismo de liberação — fazer aquelas coisas que fazem com que você se sinta humano, sinta os pés no chão, que aliviam a pressão e o estresse.
Tipo, normalmente você vai ver seus amigos, vai a uma festa, você vai jogar algum esporte, você faz seus hobbies. E ninguém podia fazer nada disso. Então eu senti que… é, eu estava pensando demais em tudo e falando comigo mesmo toda noite, sem conseguir dormir direito. E essa música… é daí que veio. Eu não quero falar! Eu estou falando comigo mesmo. Eu não quero falar comigo mesmo, eu só quero sair e festejar.
TMDQA!: Eu acho que essa música é bem pessoal, de certa forma. E sinto que, de certa forma, é uma continuação do que foi o Dreamland, que é também um disco bem pessoal. Mas acho que se olharmos lá pro começo com o ZABA, não era exatamente um disco bem pessoal. Fiquei pensando… vocês têm crescido como banda, tipo, o público de vocês tem crescido a cada lançamento e a cada lançamento vocês falam sobre coisas mais pessoais. Como você se sente sabendo que quanto mais você explora o lado pessoal, mais as pessoas se identificam com o que você canta?
Dave: É bem bizarro, porque eu sou uma pessoa bem tímida, eu acho. Faz com que eu me sinta meio… não sei, quando eu lanço uma música pessoal eu sinto como se estivesse pelado. [risos] É bem estranho. Mas eu acho que talvez eu esteja me acostumando com isso, e a principal mudança foi meio que perceber que tenha um pouco de… talvez minha confiança tenha crescido um pouco. E as turnês — eu odiava me apresentar na frente das pessoas! Tanto! Me deixava fisicamente mal.
Eu nunca fazia isso. Nem na escola, nem em performances de sei lá, teatro. Eu odiava isso e eu nunca fazia nada disso. Então, quando nós começamos a tocar ao vivo, eu estava tão nervoso. Eu realmente odiava isso. Mas aos poucos eu fui me acostumando e ficando mais confortável no palco, e acho que com esse conforto eu encontrei um pouco mais de confiança para fazer peças de composição mais pessoais.
E eu acho que também pensei sobre como algumas das minhas músicas preferidas escritas por outras pessoas são bem pessoais. É por isso que as pessoas — é por isso que eu me identifico com elas, porque elas fazem com que eu me sinta menos sozinho quando estou me sentindo estranho. E é tipo, se você em algum momento se abre sobre algo, tipo, quando eu ouço o Brian Wilson [dos Beach Boys] em Pet Sounds, eu fico tipo, “Caramba, ele se sente assim também”. E isso é incrível! Talvez esteja tudo bem eu estar com essa sensação estranha. [risos]
Então eu fiquei tipo, “É, vamos tentar”. [risos] Se todas as minhas pessoas favoritas estão fazendo isso, vamos copiá-las!
TMDQA!: [risos] Adorei. Você disse que não curtia se apresentar ao vivo, mas acho que isso mudou agora, especialmente depois da pandemia, né?
Dave: É… eu ainda fico bem nervoso.
TMDQA!: Ah, é?
Dave: Com certeza. Tipo, meia hora antes do show eu estou andando em círculos e eu, tipo… eu estou com a minha mala aqui do lado, e eu fico tipo, “Ah, o que eu faço? Eu não tenho a meia certa”, e fico tirando tudo de dentro da mala. Aí o pessoal da banda vem aqui e pergunta, “O que diabos está acontecendo? Está uma bagunça!”, e eu fico, “Não, eu só estou nervoso”. E aí eu subo no palco, toco uma música e está tudo bem.
Dreamland
TMDQA!: Mas recentemente vocês lançaram a primeira gravação ao vivo da banda, de “Heat Waves”. E ficou incrível! Na gravação dá pra perceber o quanto a plateia estava ensandecida. Como foi isso?
Dave: Foi uma loucura! Foi em Nova York, e em geral a plateia em Nova York é bem de boa, eles são bem, tipo… a gente pensou, “Será que fazemos em Nova York? Porque, tipo, você vai poder me ouvir cantando direito”, porque a plateia fica bem quieta, eles não costumam cantar junto, tem muita gente “descolada” em Nova York. Então nós pensamos, “É, vamos fazer em Nova York, vamos fazer em Nova York”. E aí eles ficaram malucos! [risos]
TMDQA!: [risos] Você pediu!
Dave: Eu pedi, é verdade. Eu queria um pouquinho, no fundo! Mas eles foram tão altos! Eu só queria umas cócegas pra ficar ali no fundo. Foi tão alto que eu não conseguia me ouvir. Foi incrível, absolutamente incrível.
TMDQA!: E ficou muito legal mesmo. Sobre isso, eu fiquei pensando o quão louco é ter o seu maior hit — acho que “Heat Waves” é o maior hit de vocês, né? — sair durante a pandemia e agora… obviamente, você vê as reações das pessoas na internet, mas agora finalmente subir no palco e ver como as pessoas respondem a ela… como isso faz você se sentir?
Dave: É maravilhoso. Eu não conseguia acreditar nos primeiros shows do retorno e eu chorei no palco. Foi maior do que eu poderia imaginar, absolutamente maior. Tipo, a gente terminou o álbum, estávamos prestes a lançá-lo e aí veio a pandemia e nós pensamos que esse era o fim. Nós pensamos, tipo, turnês são a forma como ficamos vivos enquanto banda e nós não tínhamos mais isso. E nós pensamos que a banda provavelmente iria acabar.
E nós só pensamos que o disco não iria funcionar em uma pandemia. “Ninguém sabe como lançar um disco na pandemia, então vamos lançá-lo porque não vai bem de qualquer jeito, então já vamos começando a escrever o próximo e depois que a pandemia acabar a gente lança o quarto álbum”. Só descartando mesmo, tipo, esse álbum estava morto.
E eu fiquei tão chateado por umas duas semanas. E sair disso para chegar nisso, tipo, foi tão maior do que eu imaginei. Me quebrou um pouco.
TMDQA!: Mal posso esperar para vê-los ao vivo! Eu estava dando uma olhada no setlist de vocês e, nossa, toda música é um hit. Nem tanto no sentido de ter sido super popular, mas todas são tão dançantes e fáceis de cantar junto. Deve ser um show maravilhoso de assistir.
Dave: A gente se diverte bastante no palco, sim!
TMDQA!: Voltando um pouco para o que eu estava falando de explorar esse lado mais pessoal, uma das músicas que mais me chamou atenção [no Dreamland] foi “Your Love”. Porque, instrumentalmente, é uma música tão divertida e me lembra bastante do How to Be a Human Being. Mas quando você vê a letra… eu não quero dizer que é sombria, mas é um tema bem sério. Como você faz esse contraste? É algo que você curte fazer nas suas músicas, ter letras que soam como o exato oposto da música?
Dave: Com certeza! [risos] Eu gosto desses contrastes. Eu acho que há um certo aspecto sombrio nos acordes que meio que imita o aspecto sombrio da letra. Acho que ser viciado em um relacionamento bem tóxico, acho que muita gente já viveu essa situação antes e, de certa forma, eu comparo o tanto que aquela flauta é grudenta — como uma balinha, um doce que vicia — com o que vem por baixo sendo bem assustador. Os acordes são bem assustadores, bem bizarros.
Eu acho que é também sobre o contraste. Tipo, ser viciado em algo tóxico. Então, a música está só tentando imitar isso.
TMDQA!: Agora que você falou, faz todo sentido. A parte instrumental realmente é bem viciante. É, faz bastante sentido.
Dave: Que bom, que bom! [risos]
Bonus Levels
TMDQA!: Recentemente, vocês lançaram [a edição deluxe] “Bonus Levels” do Dreamland, que tem várias coisas legais. Mas o que se destacou pra mim foi a parceria com a Arlo Parks, que é uma artista tão incrível. Queria que você falasse um pouco sobre como foi trabalhar com ela, como surgiu a escolha de “Tangerine” e como foi inserir a voz dela na música.
Dave: Bom, a Arlo Parks é uma das minhas artistas preferidas no mundo. Acho que, em questão de letra, ela é praticamente intocável. É ridículo o quanto ela é sábia para a idade dela! E eu tropecei na música dela por acaso logo antes da pandemia, e aí durante a pandemia ela só me acertou em cheio, estava ressoando muito comigo. Aquela música “Black Dog” é só impressionante. Tão sombria e eu me relacionei tanto com isso, então quis fazer algo com ela de algum jeito.
Então começamos aos poucos; eu estava fazendo algumas covers no início da pandemia, eu fiz uma de Lana Del Rey, uma de Bill Withers, fiz uma cover de Nirvana! E aí eu estava só falando com ela no telefone sobre fazer alguma coisa, porque tínhamos um amigo em comum, o Mike, que me deu o número dela. E aí, falando com ela no telefone, ela diz: “Sabe, no meu primeiro show…”, no primeiro show dela, ela fez uma cover de uma das nossas músicas!
E eu achei isso muito louco! Incrível! Ela fez uma cover de “Youth” e até encontrou um vídeo disso e me mandou e foi tão engraçado. Então eu fiquei tipo, “Olha, vamos fazer uma cover”, e aí fizemos uma cover de Drake porque achamos que seria engraçado e estávamos só nos divertindo.
E aí chegou a hora do nosso disco sair, e eu queria que ela fizesse parte disso de alguma forma. E [falei pra ela], “Escolha qualquer música com a qual você se identifique e vamos arrumar um espaço pra você”, e ela escolheu “Tangerine”.
TMDQA!: Ficou bom demais! E você deu um spoiler de uma das minhas próximas perguntas! Vamos chegar lá, porque eu queria falar um pouco sobre essas covers porque elas são bem especiais. Mas antes disso, algo que eu acho muito engraçado é que sempre que eu penso no Glass Animals, eu penso em Estados Unidos. Até o novo single, o clipe é cheio de referências dos Estados Unidos. Mas vocês são britânicos! Sou só eu ou as pessoas às vezes acham mesmo que vocês são dos EUA?
Dave: Sim, muita gente acha isso. Eu acho que a gente tem muita coisa dos EUA, porque eu cresci nos EUA até os meus 12 anos.
TMDQA!: Sim, sim! Você cresceu no Texas, né?
Dave: Sim, eu cresci no Texas, em um lugar chamado Bryan, um lugarzinho. Então eu me identifico com muitas experiências dos EUA, porque são anos formativos. Tipo, até os 12 anos, é quando você está… com as suas experiências nostálgicas, é esse período que você fica referenciando. E muito disso acaba saindo nas letras.
Pode ser por isso. Especialmente no Dreamland, onde tenho muitas referências nostálgicas às comidas que eu comia, às músicas que eu ouvia quando era uma criança no Texas. Talvez seja por isso, eu não sei. [risos]
TMDQA!: Sim, sim. Essa é a minha percepção. Eu só queria que você falasse, porque qual o sentido se eu falar, né? [risos]
Dave: [risos] Eu gosto de ouvir as percepções das outras pessoas também!
TMDQA!: Como eu disse, queria falar também sobre as covers. Acho que as versões “stripped back” de algumas músicas que estão no Bonus Levels me lembraram bastante essas covers do início da quarentena. Quão divertido foi gravar essas versões mais cruas? Elas eram simplesmente demos que foram ressignificadas ou são versões propriamente ditas, tipo, você sentou e pensou ali em como tornar aquelas músicas mais cruas? E como elas se relacionam com essas covers, rolou alguma influência?
Dave: Olha, quando eu estou fazendo uma música, eu gosto bastante de voltar e pegar algumas referências da primeira demo. Eu sempre acho isso bem importante, porque às vezes a demo só tem alguma coisa, tipo, uma performance vocal, alguma coisa que foi capturada pelo clima, pela espontaneidade disso. Então eu estou sempre voltando e ouvindo a original.
E essas versões stripped back não são aquelas demos, mas às vezes estão meio que tentando pegar a essência delas, sem toda a produção. Todas elas começam dessa forma bem crua, então é bem legal voltar e tentar capturar essa atmosfera de como elas começaram.
E as covers, na verdade, são provavelmente bem similares às demos que eu fiz. No sentido de que, tipo, temos os acordes e a linha vocal e aí eu começo a jogar algumas coisas por cima e mantenho de uma forma bem sutil. Acho que definitivamente há um paralelo aí.
TMDQA!: Você pensa em fazer mais covers? Eu fiquei absolutamente apaixonado por algumas delas.
Dave: Ah, eu amo fazê-las. É só questão de encontrar um tempinho. Eu definitivamente iria amar, eu só preciso encontrar tempo. Eu preciso de mais tempo, tipo, mais lockdown. [risos]
TMDQA!: [risos] Voltando um pouco ao passado, como você mesmo disse, você era bem tímido e o Glass Animals era meio que uma banda de nicho. E aí vocês lançam o How to Be a Human Being e começam a tocar em grandes festivais — inclusive o Lollapalooza no Brasil e tantos outros lugares legais. Você pensava que… eu não sei, penso que talvez você pode acabar tão preso no momento que nem percebe que ainda pode ir além. Passava pela sua mente ser maior do que já era? Porque agora eu acho que vocês são. Com o Dreamland, vocês ficaram maiores do que com o How to Be a Human Being. Quão louco é isso pra você?
Dave: Eu tento não pensar nisso. [risos] Digo, é incrível, é maravilhoso, e permite que a gente faça coisas que a gente nunca imaginou que seriam possíveis. Tipo, fazer coisas realmente malucas no palco com o design das luzes e realmente chegar a um novo limite nesse lado das coisas, os trabalhos com arte e tudo mais.
Mas eu acho que, por ter ido bem — e ninguém esperava que fosse tão bem assim… [risos] a gente assinou um contrato bem, bem pequeno com a gravadora no começo disso. Então ninguém tem nenhuma expectativa, o que é um belo presente! Porque você meio que pode só ficar fazendo as músicas que gosta, ninguém está tentando mudá-las. Então, é, de um jeito estranho, meio que nos proporcionou essa liberdade, isso de ir bem.
É bem bizarro. E o que mais eu ia falar? Qual era a pergunta?
TMDQA!: Só queria saber o quão louco foi isso de já estar tocando em grandes festivais e de repente ficar ainda maior!
Dave: Você tem que tentar não pensar muito nisso. Assim que você começa a tentar fazer músicas que vão “ser grandes”, eu acho que você inevitavelmente começa a tentar adivinhar o que as pessoas vão curtir e você está ferrado. [risos] Você precisa fazer algo que você goste e que faça com que você se sinta bem.
E, no fim das contas, essa é a coisa mais importante. Se você está tocando algo que acha que é uma ótima música, isso é mais importante do que, talvez, “ser grande”.
TMDQA!: Talvez até mais importante do que isso é o fato de que a sua música acaba chegando a diversos países, e o Brasil é um dos que mais ama vocês. Por que você acha que isso aconteceu? Você tem alguma ideia do motivo para os brasileiros se identificarem tanto com as suas músicas?
Dave: Porque os brasileiros são pessoas incríveis que curtem se divertir! [risos] Os brasileiros são mesmo pessoas incríveis que curtem se divertir e eu amei o tempo que eu passei aí. Foi um dos melhores momentos da minha vida quando eu fui ao Brasil, todo mundo foi tão divertido, tão legal.
Mas, eu não sei, não sei o que é. O que você acha que é?
TMDQA!: Eu chutaria que são as batidas, que são realmente bem dançantes. A gente curte bastante isso. Olha, da última vez que a gente se falou, você me recomendou um disco de música brasileira — o que me deixou envergonhado, porque como assim você, britânico, está me recomendando música brasileira? [risos] Mas você me recomendou um disco de synths chamado Onda de Amor…
Dave: Sim! Meu Deus, eu lembro disso. Sim, sim, sim.
TMDQA!: Você tem ouvido mais alguma coisa que pode compartilhar? Algo conectado ao Brasil ou que tenha meio que essa vibe?
Dave: Eu recomendei o Onda de Amor, né, músicas de sintetizadores dos anos 80 e começo dos 90, né?
TMDQA!: Sim! Você ainda anda ouvindo?
Dave: Eu ouço com bastante frequência, na verdade! O que eu tenho ouvido ultimamente? Digo, tenho vergonha de dizer que não tenho ouvido tanta música brasileira… o que eu estava ouvindo outro dia que era do Brasil? Ah, pera aí, deixa eu ver se consigo achar. Não, eu esqueci o que era. Era algum disco de compilação que era muito bom. Eu tenho que perguntar, foi o nosso baterista, o Joe, que me mostrou. A gente ouviu no ônibus da turnê, mas era ótimo.
Eu tenho ouvido uma música chamada “Just for Me”, da pinkpantheress. É uma canção brilhante. Mas eu acho que não é brasileira, acho que ela é britânica. [risos]
TMDQA!: Outra coisa que eu lembro que falamos na entrevista anterior foi sobre a inspiração do Dreamland na sua infância, não só nas comidas e tudo mais mas também nos videogames. Eu lembro que você me mostrou seu Super Nintendo, que você tinha comprado durante a quarentena. Fiquei pensando, você ainda tem tido tempo pra jogar? Acha que isso ainda vai ser uma influência nos próximos discos do Glass Animals?
Dave: Os videogames? Sempre vão ser uma influência! Eles foram uma parte tão fundamental do meu crescimento. A gente não tem tido muito tempo na estrada porque tem sido uma turnê tão maluca, mas eu recentemente comprei um Nintendo Switch — eu tenho um Nintendo Switch há um ano, talvez dois, mas eu acabei de comprar esse negócio que tem todos os jogos retrô.
Então agora eu tenho tudo, desde Sonic the Hedgehog até Streets of Rage, Street Fighter, tudo. E isso está me esperando lá na Inglaterra, então é isso que eu vou fazer quando voltar!
Uma outra coisa que tenho a dizer sobre os videogames é que as trilhas sonoras são incríveis. Quase todos os videogames têm algumas músicas incrivelmente espertas. A forma como eles fazem acordes sempre foi muito interessante, porque eles só podiam tocar uma nota — eles são monofônicos, mas eles tocavam um monte de notas rápido. É por isso que é tão genial. Eu amo.
TMDQA!: Eu acho que tinha uma referência a Doom no Dreamland, né?
Dave: Sim!
TMDQA!: E agora a gente tem o Mick Gordon, [que fez a trilha sonora dos jogos mais recentes da série] acho que ele está tocando com o Bring Me the Horizon ou fazendo o som pra eles na turnê nova.
Dave: Sério?
TMDQA!: Sim! E isso é uma loucura, né. Esses mundos estão realmente se cruzando. A música de videogame está finalmente tendo o respeito que merece. É bem legal, e você é parte disso também!
Dave: Já estava na hora. [risos] Eu me lembro de quantas horas eu passei ouvindo essas trilhas sonoras.
TMDQA!: Dave, muito obrigado! Foi um prazer falar com você de novo. Espero que possamos nos falar novamente em breve!
Dave: Com certeza, cara! Foi um grande prazer, espero vê-lo na próxima vez que estivermos no Brasil. Espero que seja muito em breve.