Quarto da tortura, racismo e mais: relatório detalha abusos de Marilyn Manson

Uma nova investigação sobre as acusações feitas contra Marilyn Manson aponta o cantor como obcecado pelo nazismo, racista e sequestrador de mulheres.

Marilyn Manson
Foto via Wikimedia Commons

Ao longo deste ano, Marilyn Manson foi acusado por muitas mulheres que alegaram situações graves de abuso, incluindo agressões sexuais.

Com a grande repercussão dos casos, a Rolling Stone realizou uma investigação durante nove meses que foi divulgada nesta semana e revela detalhes perturbadores envolvendo o cantor (via Loudwire).

Na análise apresentada pelo portal, as supostas vítimas definem Manson como um agressor em série, que manipula com frequência, um racista admirador da história nazista e um sequestrador que mantinha mulheres presas no que ele supostamente chama de “Bad Girls’ Room” (que pode ser traduzido como “quarto das garotas más”).

Além das informações sobre as acusações contra Manson, a nova investigação também foi atrás das histórias que alegam um padrão de maus-tratos do músico contra mulheres e outras que se envolveram com ele antes de sua fama com seu segundo disco Antichrist Superstar (1996).

O relatório apresentado pela Rolling Stone indica ainda que Manson estava acostumado a começar seus relacionamentos românticos supostamente abusivos com “bombardeio de amor” — o ato de realizar diversos elogios a alguém para ganhar sua confiança e conseguir manipulá-la no futuro.

Uma das acusadoras do músico, a modelo Ashley Morgan Smithline, descreveu por exemplo que Manson dizia que ele era “o único” que lhe entendia. Enquanto isso, a também modelo Sarah McNeilly conta que ele disse que a amava apenas uma semana depois deles se conhecerem. Ela relata:

Ele queria que eu começasse a escolher vestidos de noiva. Ele queria ter um bebê. Eu nunca experimentei um relacionamento como este – porque era fodidamente falso.

Racismo e obsessão com o nazismo

Mais ainda, diversas pessoas que conversaram com o portal apontaram atitudes racistas do músico. Fontes declararam que ele costumava usar a “palavra com n”, um termo bastante ofensivo às pessoas negras na língua inglesa. Uma dessas pessoas indicou que ele “quase se deliciava em ser capaz de dizê-la na frente de pessoas negras”.

Outra revelação foi a obsessão de Manson pelo movimento nazista. A atriz Esmé Bianco disse que, em um determinado momento, ele “a espancou com um chicote que [ele] disse ter sido utilizado pelos nazistas”. Já Smithline afirmou que o cantor exigiu que ela “comprasse o máximo de objetos nazistas que pudesse encontrar”.

Sala secreta de Marilyn Manson

Em meio a todos esses absurdos, uma das informações apresentadas que mais chamou atenção é a de que o artista manteria suas vítimas trancadas em uma cabine vocal adaptada — a tal “Bad Girls’ Room”, citada acima.

Neste local, que seria uma pequena sala de vidro adornado com espuma de isolamento de som, Manson supostamente torturaria mulheres psicologicamente por horas a fio, deixando-as em confinamento solitário.

Smithline declarou que, no início, o músico fez parecer que a sala era um ambiente legal. Ela conta que, um dia, não era mais assim:

Então, ele fez soar muito punitivo. Mesmo se eu estivesse gritando, ninguém me ouviria. […] Primeiro você briga, e ele gosta de brigar. Eu aprendi a não brigar, porque isso estava dando a ele o que ele queria.

A existência da sala não era um segredo, inclusive. Manson falou sobre ela abertamente em 2012 durante uma entrevista, quando declarou que poderia prender pessoas no local caso elas “fossem malvadas”. Na época, ele ainda ressaltou que o quarto é “à prova de som”.

Acusações contra Marilyn Manson

As alegações contra o músico tiveram início em Fevereiro, após Evan Rachel Wood, atriz e ex-noiva de Manson, compartilhar fortes relatos sobre seu relacionamento abusivo com Manson e declarar que passou por uma “lavagem cerebral” e foi “manipulada para ser submissa”.

Em seguida, Marilyn negou as acusações e citou em um comunicado que seus relacionamentos íntimos sempre foram “inteiramente consensuais”. Porém, não demorou para que outras acusações surgissem e o músico foi processado por Esmé Bianco, Ashley Morgan Smithline e também por sua ex-assistente pessoal, Ashley Walters.

As acusações que surgiram durante este ano coincidem com a investigação realizada pelo portal. O relatório indica que Smithline, McNeilly, Walters e uma mulher chamada Gabriella se encontraram com Bianco em Outubro de 2020 para discutir sobre os casos envolvendo Manson.

Consequências a Marilyn Manson?

Recentemente, mesmo com tudo isso que foi falado acima, um dos processos contra o cantor foi indeferido pelo tribunal por falta de detalhes das alegações. Nós te contamos mais sobre isso aqui.

Desde que as acusações vieram à tona, Marilyn Manson tem feito poucas aparições. No entanto, ele participou da audição de DONDA, novo disco de Kanye West, e novamente ao lado do rapper e de Justin Bieber durante o culto Sunday Service.

Desejamos que a justiça seja feita o mais rápido possível.