Nos últimos dias, Paul McCartney lançou seu novo livro As Letras e, por lá, conferimos diversos detalhes pra lá de interessantes sobre as composições de sua carreira solo e dos Beatles.
No total, a obra conta com 154 letras escritas por Macca e o TMDQA! sabe que vários fãs do Fab Four estão sedentos por alguns dos detalhes exclusivos desse livro. Pensando nisso e em parceria com a editora Belas Letras, responsável pelo lançamento no Brasil, separamos 12 das revelações mais marcantes e interessantes de Paul.
Confira a seguir!
As Letras, de Paul McCartney
Vale lembrar que, na sua edição brasileira, a obra vem em edição numerada de colecionador, custando R$599.
São dois volumes em capa dura, somando quase mil páginas, além de uma caixa especial. De acordo com a casa editorial, as composições continuam em inglês a pedido do autor, mas as histórias contadas por Macca foram traduzidas ao português.
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“And I Love Her”
“Eu a trouxe à sessão de gravação, onde o produtor dos Beatles, George Martin, a ouviu. Estávamos prestes a gravá-la quando ele disparou: ‘Ficaria melhor com uma introdução’. E eu juro, na mesma hora, George Harrison falou: ‘Bem, que tal isto?’. E dedilhou o riff de abertura, que é um gancho e tanto; a canção não é nada sem ele. Trabalhávamos muito rápido, e as ideias brotavam espontaneamente.”
“Blackbird”
“Quando eu compus ‘Blackbird’, em 1968, eu tinha plena consciência das graves tensões raciais nos Estados Unidos. No ano anterior, 1967, os ânimos se acirraram, mas em 1968 a coisa piorou. A canção foi composta semanas após o assassinato de Martin Luther King. As imagens contidas na letra (asas quebradas, olhos encovados, anseio geral por liberdade) têm muito a ver com esse momento.”
“Eleanor Rigby”
“‘Eleanor Rigby’ se inspira numa senhora com quem eu me dava muito bem. Nem sei como conheci ‘Eleanor Rigby’, mas eu costumava ir até a casa dela, e isso foi mais que uma ou duas vezes. Descobri que ela morava sozinha, então eu ia até lá jogar conversa fora, o que é meio doido se você pensar que sou um rapazinho de Liverpool. Mais tarde, eu me oferecia para fazer as compras para ela. Ela me dava uma lista, eu buscava os itens, e depois sentávamos na cozinha dela.”
“The Fool on the Hill”
“Sei que algumas pessoas pensam que a minha descrição do Maharishi como ‘fool’ é depreciativa. Não tem nada a ver. Costumo receber a carta ‘The Fool’ (‘O louco’) nas leituras de tarô, por exemplo. Talvez seja por minha tendência de tentar enxergar o lado positivo das coisas ou de ficar de olho em novas ideias e aventuras. Na canção, estou simplesmente descrevendo como o Maharishi era percebido por tantas pessoas — como o ‘guru sorridente’. Essa não era a minha própria percepção. Eu fico pasmo com a dificuldade que as pessoas têm em captar a ironia.”
“From Me to You”
“Quando compusemos esta canção, estávamos em turnê com Roy Orbison. […] É uma imagem especial para mim, aos 21 anos, andar pelo corredor do ônibus e ver Roy Orbison lá no fundão, de traje preto e óculos escuros, dedilhando seu violão e compondo ‘Pretty Woman’. […] Ele tocou a canção para nós, e dissemos: ‘Essa é das boas, Roy. Excelente’. E então dissemos: ‘Bem, que tal esta?’, e tocamos ‘From Me to You’. Uma espécie de momento histórico, no fim das contas.”
“Good Day Sunshine”
“Em geral, eu chegava à casa de John com a ideia plenamente formada. Às vezes, eu tinha que esperar, se o John se atrasasse para se levantar. Ele era um adorável preguiçoso, e eu, um jovem para lá de entusiasmado. Mas isso não é problema, se você pode esperar à beira de uma charmosa piscina. Comprada com o dinheiro de nossas composições. A gente costumava brincar com isso. Tão logo percebemos o valor monetário de nossas canções, costumávamos brincar: ‘Vamos compor uma piscina’.”
“Got to Get You Into My Life”
“Em suma, esta canção é a minha ode à maconha. Foi algo que entrou em nossas vidas, e achei que seria uma boa ideia escrever uma canção com a frase ‘Got to get you into my life’, e só eu saberia que eu estava falando sobre o dia em que a maconha entrou na minha vida.”
“Hey Jude”
“A primeira vez que eu toquei esta canção para John e Yoko foi no chamado ‘Piano Mágico’, na minha sala de música. Eu estava sentado ao piano, e eles estavam em pé, atrás de mim, quase em meu ombro. Então, quando cantei ‘The movement you need is on your shoulder’, imediatamente me virei para John e falei: ‘Não se preocupe, vou mudar isso’, e ele me olhou bem sério e disse: ‘Não vai, não. É o melhor verso da letra’.”
“I Saw Her Standing There”
“A primeira vez que toquei esta canção para John foi quando nos reunimos para fumar chá no cachimbo do meu pai (e quando eu digo chá, eu quero dizer chá). Cantei: ‘She was just seventeen. She’d never been a beauty queen’. E John falou: ‘Tenho lá minhas dúvidas quanto a isso’. Assim, a nossa principal tarefa era nos livrarmos da parte da rainha da beleza. Após muitas tentativas, surgiu uma solução.”
“Let It Be”
“Na época em que gravamos ‘Let It Be’, eu estava pressionando a banda para voltarmos a tocar em clubes noturnos — voltar ao básico e nos unirmos novamente como banda, terminar a década como a havíamos começado: só tocando pelo prazer de tocar. Com os Beatles não foi possível levar essa ideia a cabo, mas isso influenciou a direção do álbum Let It Be. Não queríamos nada de truques de estúdio. Era para ser um álbum honesto, sem overdubs. Não acabou exatamente assim, mas o plano era esse.”
“Penny Lane”
“Os personagens de ‘Penny Lane’ ainda são muito reais para mim. Até hoje eu passo por ali e mostro ao pessoal a barbearia, o banco, o corpo de bombeiros, a igreja onde eu cantava e onde a enfermeira estava parada com a bandeja de papoulas de papel enquanto eu esperava o ônibus. Bonita, aquela enfermeira. Eu me lembro dela como se fosse hoje.”
“Yesterday”
“Fazer a música foi tranquilo, mas para a letra eu ainda só tinha o verso ‘scrambled eggs, oh my baby, how I love your legs, scrambled eggs’. Assim, durante uma pausa nas filmagens, Jane e eu fomos a Portugal tirar uma folga. Aterrissamos em Lisboa e pegamos a rodovia. Rodamos três horas e pouco — cerca de 290km — até Albufeira, perto de Faro. […] Uma das coisas que eu gosto de fazer quando me sinto assim é me esforçar para pensar. ‘Scrambled eggs, tan, tan, tan… O que pode funcionar aqui?’. Comecei a experimentar as opções. Para manter a melodia, eu teria que encaixar as sílabas em torno delas. Scram-bled eggs — três sílabas. Você tem possibilidades como ‘yes-ter-day’ e ‘sud-den-ly’. Também me lembro de ter pensado: ‘As pessoas gostam de canções tristes’. Eu me lembro de ter pensado que até eu gosto de canções tristes. Ao chegarmos a Albufeira, eu já tinha a letra completa.”