Há 18 anos, blink-182 lançava seu melhor disco e marcava de vez uma geração

"blink-182", lançado em Novembro de 2003, trouxe novas sonoridades para a banda de Tom DeLonge, Travis Barker e Mark Hoppus, e conectou Emo e Pop Punk.

blink-182 - blink-182 (Self Titled, 2003)
blink-182 – blink-182 (Self Titled, 2003)

Em 18 de Novembro de 2003, a banda californiana blink-182 lançou seu quinto disco de estúdio, homônimo.

blink-182 cairia como uma espécie de bomba entre os seus fãs, mas, principalmente, pegaria críticos e entendidos de música com diversas surpresas.

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Essa mistura de “choque” da mídia, muita qualidade e uma base de seguidores pra lá de engajada fez com que o álbum e sua simpática capa se tornassem um dos mais influentes do início dos Anos 2000, e a gente conta aqui o porquê.

blink-182 em 2003

Vale lembrar que há 18 anos o blink-182 já tinha 11 anos de estrada e vinha de mega sucessos recentes, em uma sequência vitoriosa comercialmente para os discos Enema Of The State (1999) e Take Off Your Pants And Jacket (2001).

Da noite pro dia, o trio formado por Mark Hoppus, Travis Barker e Tom DeLonge passou de uma promessa do Pop Punk californiano para uma das maiores bandas de Rock do planeta, e sucessos como “What’s My Age Again?”, “All The Small Things”, “Adam’s Song”, “The Rock Show”, “First Date” e mais consolidaram isso.

Acontece que com o sucesso veio a vontade de explorar novos horizontes e o Pop Punk cômico, cheio de piadas sobre peidos e relatos de relacionamentos adolescentes começou a dar espaço para outros gêneros musicais e outras letras.

Projetos Paralelos

O aspecto mais importante para entender blink-182 é se conectar com os projetos paralelos iniciados pelos integrantes antes disso.

Em 2002, o guitarrista e um dos vocalistas Tom DeLonge lançou o primeiro e único disco do Box Car Racer, projeto onde resolveu celebrar as influências do post-hardcore e bebeu nas fontes de bandas respeitadíssimas da cena, como Fugazi e Refused.

O disco tem Travis Barker na bateria, sendo que no mesmo ano o cara resolveu também homenagear o seu amor pelo Hip Hop quando se juntou a Tim Armstrong (Rancid) e Skinhead Rob no Transplants, que lançou seu primeiro disco em 2002.

Foi justamente após essas incursões sonoras por outros ritmos bem diferentes do que o blink vinha fazendo até então, que Travis e Tom retornaram a Mark Hoppus e o disco nasceu.

Trabalho Árduo e Nova Sonoridade

Os novos sons do blink levaram longos meses para serem gravados em 2003.

Para ser mais específico, o processo começou no dia 03 de Janeiro e só terminou em 24 de Outubro daquele ano, sendo que a banda alternou locações entre estúdios e uma enorme mansão que alugou especificamente para isso.

Aliás, diz a lenda que nessa mansão havia um espaço para “fumar toneladas de maconha” e aparelhos de televisão mostrando “pornografia no pay-per-view” durante o dia todo. Também reza a lenda que a banda foi expulsa do local e, por isso, foi para um estúdio propriamente dito.

O período foi tão longo, que Travis Barker chegou a se ausentar das gravações durante dias porque saiu em turnê com o Transplants após ter deixado ideias de baterias gravadas para que os outros músicos trabalhassem em cima.

Nesse tempo todo, Tom DeLonge e Mark Hoppus se dedicaram a sons como “Feeling This”, “I Miss You”, “Down” e “Always”, todos repletos de traços do Emo, Indie, New Wave e do próprio Post-Hardcore que tanto havia encantado DeLonge na sua adolescência.

Misturando isso com um primor raro, daqueles que parece acontecer só uma vez na carreira de uma banda, o blink-182 rapidamente passou do grupo “engraçadão” para aquele que não apenas falava sobre temas sombrios como já havia feito em “Adam’s Song”, como também utilizava instrumentais de acordo para isso.

Surpresa da Mídia

Essas mudanças todas pegaram o mundo de surpresa e teve jornalista que chegou a se perguntar como diabos iria escrever uma resenha falando sobre as impecáveis faixas do novo disco do blink-182 depois de uma carreira construída em cima de assuntos “banais”.

Não apenas era hora de reconhecer que os garotos haviam crescido, como o disco ainda contou com a participação do genial Robert Smith (The Cure) em “All Of This”, o que dava um carimbo definitivo de que esse era um trabalho para se prestar atenção.

Não teve jeito: o disco mais competente da banda foi reconhecido e passou a ser visto e ouvido como um dos mais importantes dos Anos 2000, fato que ressoa até hoje pelas gerações atuais.

Legado

Essa “ousadia” e o fato de que novas áreas foram exploradas fizeram com que o blink-182 conquistasse um feito raro.

Bandas californianas como The Offspring, Pennywise e NOFX, referências para o blink em início de carreira, estão bastante ligadas a gêneros como Punk Rock, Hardcore e Pop Punk, mas nunca pisaram de fato no território chamado de Emo por fãs e críticos.

Com blink-182, a banda que veio da “zoeira” passou a adotar uma estética que também conversou com esse mundo, e se hoje estamos vendo um revival do Pop Punk que se encontra com o Emo na imensa maioria dos lançamentos, esse disco tem um papel fundamental para servir como a “cola” que une os dois mundos.

Seja pela estética da arte, pela franja de Tom DeLonge ou os clipes incríveis lançados nessa época, com seu quinto disco o blink criou a síntese do que quase 20 anos depois estamos todos chamando de “estilo do momento”, sendo representado por adolescentes que misturam guitarras, refrães, melodias e batidas em caldeirões inspirados no que esses caras fizeram lá atrás.

Até o Rap foi imensamente influenciado pelo álbum, com artistas como o saudoso Lil Peep o celebrando sempre que podia, e não dá pra negar: uma geração inteirinha ficou marcada pelas 14 faixas que fazem de blink-182 um verdadeiro marco.

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