Há muito tempo, Rob Halford é um grande símbolo para a comunidade gay por ter se assumido publicamente ainda em uma época onde o preconceito era bem maior.
O vocalista do Judas Priest, no entanto, parece nunca ter feito muita questão de esconder isso dos seus colegas de banda. Da mesma forma, como conta o ex-guitarrista K.K. Downing em uma nova entrevista com Robb Flynn (Machine Head), os outros músicos nunca se incomodaram com esse fato.
Em trecho transcrito pela Blabbermouth e republicado pelo Metal Injection, Downing explicou:
A gente sempre soube que o Rob era gay. Porque a questão é que naquela época — nos anos 60 e particularmente no início dos anos 70, quando tudo ainda era meio que dentro do armário e coisas do tipo — as pessoas se sentiam um pouco mais confortáveis ao nosso redor porque nós ficávamos junto de grupos e gangues e nós sempre sabíamos que aquele cara é diferente para nós e aquela garota é diferente.
A questão principal é… Obviamente, pra mim, o Rob ser gay, além de [ter] uma ótima voz, eu achei que o Rob iria ficar na banda pra sempre, e ele obviamente vai ser teatral, ele vai obviamente ser articulado com as palavras — e ele era; ele era tudo isso. Sensibilidades e tudo mais, e o fato de ser um showman — então todos esses ingredientes [foram] ótimos atributos para ter como um frontman. E foi provado que eu estava certo.
O guitarrista ainda contou que não era segredo pra ninguém que Rob tinha suas aventuras sexuais depois dos shows do Judas Priest nos anos 80 e 90 — e, novamente, deixou bem claro que isso não era um incômodo. Afinal, os outros membros da banda agiam de maneira parecida:
Meus olhos já viram muita coisa. [risos] Até no meio dos anos 70, se você saísse do palco e o Rob estivesse no chuveiro com alguém da equipe e tal fazendo coisas. Digo, isso é o que é. Você não precisa entrar lá até acabar, qualquer coisa assim. É o que é. Porque o Rob tinha que aguentar muita coisa nossa. É a mesma coisa — não tem diferença. É a mesma coisa — o que é justo é justo. Estamos todos ali na van. Estamos prontos para ir. ‘Ok. Cadê a porra do Dave? Ok. Ele ainda está ali com uma garota. Alguém vai lá pegá-lo.’ A gente precisa ir. E a gente precisa chegar ao show ou sair do show. E essas coisas acontecem, é Rock and Roll. Muitas coisas foram colocadas como Rock and Roll porque era o Rock and Roll naquela época.
Por fim, K.K. ainda elogiou o fato de Rob “jogar pelo time” e entender como usar sua imagem para o benefício da banda através de um estilo bastante masculinizado:
Para ser justo com o Rob, o Rob era um cara que jogava pelo time. Ele sabe que a sua imagem e a forma como ele era na época e tudo mais apelava aos caras [e] apelava às garotas. E ele estava de boa com isso. A mesma coisa comigo, porque o seu público é o seu público. Nós tínhamos tantas pessoas que tinham sim uma ciência, obviamente, na época. Mas nós somos do entretenimento, nós nos apresentamos. Mas [nós tínhamos] uma grande crença na música e na imagem e em tudo que estava ao redor disso.
Eu ainda tinha um imenso orgulho do Rob como um ótimo frontman e homem de entretenimento e ótimo vocalista. E ele interpretava o papel também, igualmente, da forma como pensávamos que fazíamos na coisa ‘machona’ que era o Judas Priest. Porque nós tínhamos a roupa, o couro e tudo mais, e eu acho que qualquer coisa que tivesse a ver com qualquer coisa auxiliar — sexualidade ou qualquer coisa assim — não era só um papel. Não era algo do palco. Na mente do Rob, talvez era aqui e ali, mas pra nós, era tão feroz e completo, entregar essa música da forma que fazíamos, que eu me sentia tão orgulhoso de todos os meus colegas de banda. Porque nós tínhamos feito os uniformes, e era único na época, e era um sentimento tão poderoso. Porque a gente adorava isso, o que tínhamos. O público conseguia sentir isso, eu acho. E é por isso que nunca tivemos medo de tocar com qualquer outra banda, porque nós tínhamos o uniforme que ninguém mais podia colocar na época.
Confira a conversa na íntegra pelo vídeo abaixo!
K.K. Downing fala sobre sexualidade de Rob Halford