Em 2001, o Rock in Rio teve uma de suas edições mais marcantes, com nomes como Guns N’ Roses, Oasis, Foo Fighters e Silverchair levando o público à loucura. O mesmo aconteceu — mas de um jeito negativo — durante a apresentação de Carlinhos Brown, que foi escalado no dia mais pesado do evento.
Naquela ocasião, Brown foi vaiado e atacado com garrafas enquanto cantava para um público sedento pelas outras atrações do dia — que incluíam o próprio Guns e o Oasis, além do Papa Roach e uma parceria entre Ira! & Ultraje a Rigor.
Agora, 20 anos depois, Carlinhos falou com a Folha sobre esse dia que se tornou um marco da música brasileira. Para ele, o episódio foi “um dos primeiros cancelamentos” da história e está, sim, diretamente relacionado ao racismo:
Precisamos de tempo para observar o que são as coisas. E o cancelamento talvez seja a síntese [daquele episódio]. E dentro do cancelamento tem tudo. Tem racismo, preconceito contra o gênero, contra a música.
[Mas] que bom que houve aquele choque porque a gente sabia que, no Rock in Rio, a palavra Rock, suas quatro letras, era maior que Rio. Mas a gente também estava dizendo que o Rio é enorme. A música brasileira precisava ser mostrada.
Ainda nesse papo, Brown ressaltou que tem vontade de “fazer aquele show de novo”, explicando que tem um mentalidade muito diferente hoje. Naquele momento, o artista conta que tinha “expectativas gigantes” e era um “artista muito mais frágil”:
Já estava com música estourada — já tinha criado, com meus amigos, o axé music. Mas eu era frágil com inocências antropofagistas. Me vestia como índio, não queria me vestir como o cara do rock’n’roll.
Será que vem aí em 2022?
Carlinhos Brown no Rock in Rio 2001
Você pode relembrar o triste episódio de agressões a Carlinhos Brown no Rock in Rio de 2001 clicando aqui.