Entrevistas

Daparte retorna aos palcos com segundo disco de estúdio

O TMDQA! bateu um papo exclusivo com a Daparte sobre "Fugadoce", segundo disco de estúdio da banda, e o retorno aos palcos pós-pandemia. Veja!

Daparte
Divulgação

Por Bia Vaccari

Aproveitando a retomada de shows, os mineiros da Daparte preparam-se para cair na estrada no próximo dia 19, num show no estacionamento do Distrital em Belo Horizonte. A apresentação serve como uma retomada para a banda, que recentemente lançou seu segundo álbum da carreira, Fugadoce.

O trabalho ficou na gaveta durante quase dois anos, inicialmente planejado para chegar ao público em abril de 2020, sofrendo, é claro, novas versões ao longo do caminho. Durante o período, no entanto, a banda formada por Túlio Lima, João Ferreira, Juliano Alvarenga, Bernardo Cipriano e Daniel Crase não ficou parada: em novembro, o grupo encontrou um escapismo no rock ‘n’ roll para produzir o EP Como Não Se Lembram, com quatro faixas inéditas.

Enquanto isso, 2021 serviu como um aquecimento para o que veio a ser a Era Fugadoce: totalmente reimaginada e com o planejamento, tracklist e até mesmo os arranjos sendo revisitados diversas vezes, a banda deu início ao lançamento do segundo disco com singles que antecederam o trabalho completo e que agora juntavam-se às faixas previamente lançadas em 2019 e 2020, como iaiá”, “Calma” e “Segundas Intenções”.

Foram oito músicas das treze faixas que compõem Fugadoce previamente divididas com os fãs por meio de singles: cada um trazendo uma abordagem diferente, seja com participações especiais ou até mesmo clipes animados.

O TMDQA! bateu um papo com Juliano Alvarenga e João Ferreira durante o lançamento do álbum e, na ocasião, a dupla revelou ao site o amadurecimento que o trabalho sofreu durante todo o tempo que esperava pelo timing do lançamento. Um dos desafios, no entanto, era justamente testar esse formato de singles que acabaram “revelando” aos fãs todo o álbum previamente:

Fomos nessa onda pra experimentar — pra alimentar uma fanbase isso é muito bom, você tá sempre lançando single de dois em dois meses ou até em tempos mais curtos. Mas a gente sentiu uma falta em um momento de ‘tá bom de single né galera, vamo lançar esse disco’. Eu acho que é importante também da mesma forma, lançar um trabalho que as pessoas vão ouvir de cabo a rabo, treze músicas que a gente fez, escolher suas preferidas e até as que não gostam.

O vocalista e compositor complementa: 

É muito importante também para as pessoas entenderem a identidade da banda, o que a gente fala, o que a gente quis dizer com um trabalho longo.

Fugadoce, de uma forma geral, mostra Daparte em seu jeito de ser, falar e sentir; em paralelo, o trabalho ainda mostrou à banda uma nova forma de produzir e lançar sem esfriar o contato com os fãs.

A pandemia e Fugadoce

“Sofreu demais”, refere-se João Ferreira aos impactos que o período pandêmico deixou no segundo disco da banda. “O primeiro single a ser lançado foi ‘Segundas Intenções’ em 2019 e de lá pra cá a banda fez muita coisa e passou por muita coisa.”

“Trabalhamos com produtores diferentes e inevitavelmente a gente vai ficando mais velho, vai crescendo como pessoa também”, observa. “’Você Gosta Dela’ a gente fez novamente do zero, com uma roupagem diferente e fomos mudando a setlist do disco, revisitando ele e decidindo o que fazer com ele a medida que o tempo foi passando.”

A abordagem emocional da banda no trabalho também foi bastante diferenciada se comparada ao primeiro trabalho da Daparte, o disco Charles, de 2018:

Ele é mais sólido no sentido das músicas se comunicarem mais e terem uma identidade mais pessoal. O Fugadoce tem conceito, uma melodia mais feliz… é um disco mais comunicativo.

Famosa entre os fãs por ser uma banda de “se dançar chorando”, de uma certa forma, o segundo disco do grupo consolida essa ideia, além de mostrar os integrantes antes, durante e depois de um processo de amadurecimento pessoal e autoconhecimento artístico.

“A gente fala uma linguagem que as pessoas querem ouvir, querem ir pro show cantar”, complementa Juliano. “Fizemos algo nesse segundo disco que atinge várias pessoas, gera uma identificação com as letras.”

A ideia, segundo João Ferreira, era passar por todos esses humores e emoções humanas que vivemos diariamente: seja dias tristes ou dias mais alto astral, Fugadoce é descrito pelos músicos como um disco dinâmico. “Tem momentos mais pra baixo, mas têm músicas pesadas também pensadas pra shows”, finaliza.

Próximos passos

Preparando-se para subir no palco novamente e dar início ao lançamento de Fugadoce ao vivo, João relembra das dificuldades enfrentadas durante a pandemia diante da banda:

Foi um exercício de empatia entre nós, entender o limite do outro, quando íamos voltar a ensaiar… segurar a onda, não estressar demais o próximo. A banda tá mais madura na relação entre a gente. Conseguimos crescer também, lançamos singles que a galera abraçou bem, trouxemos um público novo pra banda também.

Juliano Alvarenga complementa, observando que atualmente a Daparte vive seu melhor momento para voltar aos palcos. “Conseguimos uma base melhor pra atingir pessoas”, analisa, relembrando a boa performance que o single “Calma” teve nas plataformas de streaming, além do feat com a banda Lagum, “Nunca Fui Desse Lugar”, e os clipes no YouTube.

Além disso, uma vez que a Daparte viu-se numa introspecção criativa durante todo o período de isolamento social com o segundo álbum da carreira pronto, João ainda sinaliza: “Já temos material pra conseguir pensar no terceiro disco.”