Dançante e macabro, "Dawn FM" eleva The Weeknd a novo patamar artístico

Com seu novo lançamento "Dawn FM", The Weeknd aposta na criação de uma atmosfera sonora que engole o ouvinte e o leva por uma verdadeira viagem.

The Weeknd
Foto por Brian Ziff

O primeiro grande disco de 2022 é de The Weeknd, que disponibilizou nesta sexta-feira (7) o aguardado Dawn FM.

O lançamento vinha sendo atiçado nas redes sociais há algum tempo, mas “Take My Breath” foi a única prévia antes da divulgação integral do material. E teve motivo pra isso, já que a grande sacada de Abel Tesfaye no novo trabalho é justamente a criação de uma atmosfera sonora que engole o ouvinte do começo ao fim.

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Primeiramente, vale a pena explicar o conceito de Dawn FM. Como o próprio nome diz, o álbum se coloca como se fosse uma estação de rádio, com direito a vinhetas (inclusive com narração de Jim Carrey), interlúdios e até comerciais fictícios.

A ideia surgiu a partir de um período depressivo de The Weeknd durante a pandemia, no qual ele começou a imaginar um mundo de fantasia onde essa FM era a única trilha sonora enquanto caminhava em direção à luz no fim do túnel. Por isso, não é de se estranhar que essa narrativa esteja recheada de elementos de ficção científica e brinque com a psicologia humana, de forma a provocar o ouvinte com toques macabros.

Dawn FM e a arte de criar um mundo com a música

Se você só acompanha The Weeknd de longe, pode achar que o cara se resume a ter alguns dos maiores hits das últimas décadas.

Acontece que o canadense vai além disso. Esse não é seu primeiro trabalho conceitual, mas dessa vez fica claro que ele realmente decidiu abraçar essa persona — não só por ter lançado o álbum de uma vez só, com apenas um single, mas também por não se preocupar com a existência de formatos físicos e/ou de novos hits dentro do álbum.

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Ao invés disso, a preocupação do artista foi totalmente focada em criar um mundo a partir de suas ideias sonoras. Essa fantasia, citada acima quando falamos do período depressivo do cantor, envolve o ouvinte como poucos discos recentes (ainda mais no âmbito Pop) e não é apenas por conta dos interlúdios que te “lembram” de estar em uma rádio.

Todas as músicas se encaixam e se complementam, trazendo belíssimos sintetizadores que são assinados por alguns dos maiores nomes da produção mundial — como Oneohtrix Point Never, Max Martin e Swedish House Mafia — e a influência eletrônica se traduz em uma espécie de constância no álbum, que adiciona ainda mais profundidade ao mergulho do ouvinte.

Influência da música eletrônica e nova sonoridade

Para o trabalho, aliás, essa influência foi fortemente explorada e criou uma nova sonoridade para um artista que, convenhamos, não tinha a menor necessidade de se reinventar.

Ainda assim, ele foi lá e fez: em faixas como “Gasoline” e “How Do I Make You Love Me?”, The Weeknd usa batidas que fogem do convencional de sua carreira. Em “Sacrifice”, por sua vez, Abel parece se reencontrar com as referências de Daft Punk que estavam presentes em outros momentos da carreira, enquanto “Don’t Break My Heart” cai em uma pegada Miami Bass que vai fazer brasileiros se lembrarem do Funk carioca dos anos 2000.

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No meio de tudo, o artista ainda resgata a influência de Quincy Jones e ícones do passado do Pop como Michael Jackson, tanto através da participação do primeiro em um dos interlúdios quanto também em “Out of Time” e “Here We Go… Again”, esta última uma excelente parceria com Tyler, the Creator que mostra a versatilidade do cantor.

É justamente essa versatilidade o ponto principal de Dawn FM. Aqui, The Weeknd parece ter deixado de lado qualquer outra preocupação e focado unicamente em expressar sua arte da forma que lhe é mais sincera neste momento. E, com isso, chegou a um novo patamar que ocupa virtualmente sozinho no mundo Pop.

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