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ARTISTA DO MÊS: Devochka conquista o mundo através da sua música

DEVOCHKA é a Artista do Mês no TMDQA! em Janeiro de 2022 e deu entrevista exclusiva sobre carreira, sexualidade, machismo na música eletrônica e mais.

Devochka, Artista do Mês TMDQA!
Devochka, Artista do Mês TMDQA!

É com muito prazer que o TMDQA! revela sua primeira Artista do Mês em 2022, mais especificamente com a talentosa Devochka.

Conhecida pelo seu trabalho na música eletrônica, a brasileira está conquistando cada vez mais espaço internacionalmente, tem lançado músicas de muito sucesso no streaming e está estampando capas de algumas das mais importantes playlists do mundo.

Ao falar sobre a sua história em entrevista exclusiva para o TMDQA!, ela relembrou o começo difícil e o momento de guinada em sua carreira:

Por um acaso da minha vida eu tive que ir para uma república e eu não tive muito tempo de escolha. E assim, eu ganhava 600 [reais] e só de república — internet, luz e aluguel — era R$540, então eu comecei a tocar. Eu falei, ‘Pô, se eu ganhar 100, 200 reais aqui por mês, já dá pra comer’. Naquela época né, porque hoje em dia, esquece isso! [risos]

Eu comecei em 2010 com isso, mas em 2013 foi meu start na produção. Eu decidi largar o emprego quando eu não estava mais conseguindo conciliar as duas coisas, tipo, ‘Ou você fica aqui trabalhando de segunda a sexta das 8 às 18h ou você vai pra essa vida noturna’, porque eu tava trabalhando virada.

Quando eu não consegui conciliar as duas coisas, eu tive que escolher. Todo mundo falou, ‘Você é louca, você é louca’, mas eu optei pela música não porque eu estava ganhando muito bem, mas porque eu gostava muito mais de estar ali. Eu podia ser eu.

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Devochka e a Música Eletrônica

Devochka

Além disso, a artista também falou pra gente sobre como enxerga a presença feminina no mundo da música eletrônica, amplamente dominado pelos DJs homens:

Eu olho às vezes alguns festivais e falo, ‘Mano, tem tanta mina que tem sim capacidade de estar aqui’, entendeu? A gente precisa muito mudar isso um pouquinho. Tem até diferença de cachê. Eu posso levar as mesmas 2 mil pessoas do que o artista X, mas como ele é homem e leva mais mulheres pro backstage, pro camarote…

Gente, é uma tristeza falar isso, mas eu preciso ser verdadeira. Só por essa questão, porque o cara é bonito, boa pinta e leva um monte de mulher, ele vai ganhar mais. Então eu torço muito para que as coisas se equilibrem pelo menos um pouco. […] Eu acho que não só a questão da inclusão; a questão é tipo assim: o cara é bom, então ele merece espaço. Então vamos dar espaço e acabar com isso de que homem é melhor do que mulher, que mulher não produz. É coisa assim de que eu — eu! — já ouvi que, sei lá, eu tava dando pro DJ tal pro DJ tal fazer minhas músicas. Eu já vi esse tipo de comentário.

É uma frase que eu sempre tenho comigo: não importa o quão boa a mulher seja no que ela faz, sempre terá alguém pra tentar tirar os méritos dela. […] E é a realidade do nosso país. Eu acho que eu nem preciso falar muito porque vocês sabem como funciona.

Como você pode ver, Devochka não mediu palavras para responder as perguntas do Tenho Mais Discos Que Amigos! e também falou com a gente sobre sexualidade.

Ao explicar sobre como se encontrou, ela citou a dupla t.A.T.u. e também revelou a influência das russas na sua música e no surgimento de seu nome artístico:

Lá pra 2006, quando eu tinha 18 anos, eu sentia que tinha alguma coisa comigo mas eu não sabia o que era. Aí eu vi um clipe delas — e elas se beijavam no clipe — e eu senti um negócio diferente. Então eu comecei a acompanhar, e as letras das músicas batiam com os meus sentimentos ali naquele momento. E aí foi quando eu falei, ‘É isso. Gosto de mulher mesmo’. E aí eu me tornei uma seguidora bem assídua delas na época, até tentei aprender russo — o Devochka veio daí, inclusive.

Referências e Influências

Você pode assistir ao papo na íntegra logo abaixo e sacar muito mais a respeito da Devochka, que ainda falou pra gente sobre suas influências e que tipo de música faz seu trabalho correr mais forte:

Eu fazia um som mais pesadão antes, e eu até brincava que é pedrada, é como se eu fosse o Slipknot do eletrônico! E aí depois eu comecei a buscar mais musicalidade pros meus sons. Agora eu gosto de fazer uma coisa mais tranquila. […] Eu tenho referências de tudo que você pode imaginar. Por exemplo, Portishead. É disso até ouvir um Metal até a própria música eletrônica, tipo RÜFÜS DÜ SOL. Eu ouço muita coisa. Mas vamos colocar aí o Chris Lake, que é uma grande referência pra mim. Eu amo esse cara. Eu gosto também da autenticidade do Boris Brejcha, que já é um outro caminho, mas o cara é muito autêntico e eu aprendo muito com ele há muito tempo, só observando. […] Eu ouço muita coisa. Eu gosto de música boa, não interessa.

Assista à entrevista com Felipe Ernani através do canal do Tenho Mais Discos Que Amigos! no YouTube e/ou ouça a conversa todinha no Podcast TMDQA!, através de episódio que já está em todas as plataformas de streaming e podcasts.