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Após ruptura ideológica, direita "força" retirada de filme de Danilo Gentili elogiado pela própria anos atrás

Após elogios da direita anos atrás, filme de Danilo Gentili é atacado pela própria e governo determina que plataformas devem removê-lo de seus catálogos.

Danilo Gentili
Foto: Reprodução/Twitter

O filme Como se tornar o pior aluno da escola, inspirado em um livro homônimo de Danilo Gentili, está envolvido em uma grande polêmica.

A obra, que foi lançada nos cinemas em 2017, integra o catálogo de alguns serviços de streaming e recentemente, após ser disponibilizada na Netflix, foi duramente criticada nas redes sociais por supostamente incentivar a pedofilia.

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Nesta terça-feira (15), o Ministério da Justiça e Segurança Pública determinou, em caráter cautelar, que as plataformas que possuem os direitos de distribuição da obra devem suspender imediatamente sua exibição.

Como informa o Metrópoles, caso não seja cumprida a decisão da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) em cinco dias, as empresas podem pagar multa diária de R$50 mil.

Citando como base da decisão o Código de Defesa do Consumidor e a Constituição Federal, a pasta comandada pelo ministro Anderson Torres alega que a suspensão é aplicada “tendo em vista a necessária proteção à criança e ao adolescente consumerista”.

Torres, inclusive, utilizou sua conta do Twitter no último fim de semana para criticar o filme e afirmar que a produção tem “detalhes asquerosos”. Ele ainda adiantou que a pasta iria adotar “providências cabíveis” para o caso.

Polêmica com o filme de Danilo Gentili

No último domingo (13), muitos internautas criticaram a cena de Como se tornar o pior aluno da escola que mostra o personagem de Fábio Porchat, Cristiano, seduzindo dois meninos.

No trecho que viralizou na internet, o ator está mediando um conflito entre dois garotos e diz:

Vamos esquecer isso tudo, deixar isso de lado? A gente esquece o que aconteceu e, em troca, vocês batem uma punheta pro tio.

Após os comentários, Gentili, roteirista e ator no filme, rebateu os críticos em seu Twitter:

O maior orgulho que tenho na minha carreira é que consegui desagradar com a mesma intensidade tanto petista quanto bolsonarista.

Os chiliques, o falso moralismo e o patrulhamento: veio forte contra mim dos dois lados. Nenhum comediante desagradou tanto quanto eu. Sigo rindo.

Segundo o colunista do Metrópoles Leo Dias, o humorista tem explicado a situação para algumas pessoas próximas. Gentili reforça que a discussão sobre pedofilia, presente no longa, vem sendo tirada de contexto.

Atualmente, o filme — que não é recomendado para menores de 14 anos — está disponível na Netflix e também no Telecine, GloboPlay, YouTube, Apple e Amazon Prime Video.

Direita brasileira elogiou filme em 2017

Em meio à polêmica, a professora Lola Aronovich, da Universidade Federal do Ceará, lembrou em sua conta do Twitter que em 2017, quando o filme foi lançado, o jornalista Diego Bargas publicou uma crítica na Folha de S. Paulo apontando bullying e pedofilia no filme.

Na época, o discurso de Bargas foi apoiado por simpatizantes à esquerda política e duramente criticado pela direita, que direcionou ofensas e xingamentos ao jornalista sob comando do próprio humorista, que ainda era tratado como um ícone do bolsonarismo naquele momento.

Até mesmo o pastor Marco Feliciano parabenizou Gentili na época do lançamento do filme, dizendo que “há tempos não ria tanto”. Agora, ele alega que “estava no telefone” e não viu a cena polêmica, retirando os elogios feitos anteriormente — aplaudidos por grande parte de seus seguidores, diga-se de passagem.

Em uma matéria publicada pela professora, o jornalista diz ainda que “a confusão com Gentili me fez perder o emprego” e confirmou que foi demitido pela Folha. Em seu tweet, Lola destaca a mudança de opinião e afirma que “hoje os mesmos reaças que atacaram Diego chamam Gentili de pedófilo”.

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