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Alexisonfire e A Day to Remember incendeiam São Paulo em noite pré-Lolla

Com muita saudade em jogo, Alexisonfire a A Day to Remember fizeram shows explosivos durante noite pré-Lolla em São Paulo. Veja detalhes!

Alexisonfire em São Paulo
Foto por Stephanie Hahne

2012 e 2014. Esses foram, respectivamente, os anos das últimas apresentações de Alexisonfire e A Day to Remember no Brasil antes das duas bandas serem confirmadas no Lollapalooza 2022 e, com isso, trazerem suas novas turnês ao país.

A noite da última quinta-feira (24) em São Paulo, portanto, serviu tanto como uma viagem no tempo para quem acompanha a cena há anos quanto como uma apresentação a duas das bandas mais marcantes da música pesada na última década, unindo os mundos do Post-Hardcore e do Metalcore — que, convenhamos, quase sempre andaram de mãos dadas.

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Completamente lotada, a Audio, na Barra Funda, recebeu primeiro os canadenses do Alexisonfire. Logo de cara, vale um destaque para a pontualidade da banda e da produção com relação a ambos os shows, que seguiram praticamente à risca a programação e proporcionaram toda a base da experiência incrível que foi esse retorno à vida de shows para vários dos presentes.

No palco, o AOF começou com tudo com a dobradinha “Drunks, Lovers, Sinners and Saints” e “Boiled Frogs”, ambas do disco Crisis (2006), que logo fizeram com que uma enorme rodinha punk se abrisse bem no meio da pista, dando pinta de como a apresentação seria absolutamente catártica para os fãs que aguardaram uma década — entre idas e vindas do grupo — para ver ou rever essas canções executadas com perfeição.

A performance em si, aliás, merece louvores. As vozes de George Petitt, Dallas Green e Wade MacNeil estão mais afiadas do que nunca, enquanto Chris Steele segue encantando com sua presença de palco e Jordan Hastings se mostra um mestre na bateria, lutando até mesmo contra a falta de ritmo do público (este que escreve incluso!) que, empolgado, batia palmas o show todo sem muita preocupação com o tempo das músicas.

Foto por Stephanie Hahne

O setlist foi tudo que se poderia esperar, com exceção de gostos específicos e da notável ausência de “Born and Raised”, que não foi tocada em nenhuma das apresentações no Brasil até agora. Mas, como o próprio AOF diria, “we are not the kids we used to be, stop wishing for yesterday”! Teve música nova e, enquanto a (já quase antiga) “Familiar Drugs” empolgou o público, a bem recente “Sweet Dreams of Otherness” surpreendeu ao funcionar muito bem ao vivo, mostrando que os caras acertaram a mão no single do próximo disco.

As músicas com refrães fortes, como as duas que fecharam a apresentação (“This Could Be Anywhere in the World” e “Young Cardinals”) foram os grandes destaques, mas a resposta do público para faixas como “We Are the Sound” e “Crisis” foi bem interessante, bem como o belo momento criado com “The Northern” para dar um certo respiro aos presentes.

Foto por Stephanie Hahne

Depois de 10 anos, a palavra que melhor resume essa passagem do Alexisonfire pelo Brasil é catarse. Sentado na área aberta entre um show e outro, era impossível não reparar o olhar se satisfação do público, que chegava ao local aberto encharcado de suor para recuperar o fôlego e receber de braços abertos o A Day to Remember.

A Day to Remember

De forma semelhante ao que aconteceu com o Alexisonfire, o A Day to Remember já chegou com tudo e apostou em um dos seus maiores hits, “The Downfall of Us All”, para abrir a performance.

Logo de cara, o público já estava completamente conquistado pela banda e os 8 anos que se passaram entre um show e outro ficavam evidentes: a plateia estava sedenta por um show do ADTR, pronta para cantar todos os hits a plenos pulmões, e a banda correspondeu essa energia com um setlist que beira a perfeição.

A sequência inicial, que contou ainda com “All I Want”, “Paranoia”, “Degenerates”, “2nd Sucks” e “Right Back at It Again”, foi uma prova da capacidade do ADTR de manter seu público engajado a cada trabalho de estúdio. Mais do que isso, a performance de “Rescue Me”, parceria com Marshmello, deixou claro que não havia espaço para qualquer preconceito musical por ali. Felizmente, chegamos (majoritariamente) no ponto em que Pop e Metal podem se unir sem reclamações da maioria dos fãs.

Apesar de tudo isso, é inegável que a melhor resposta da plateia veio em clássicos como “Have Faith in Me” e “I’m Made of Wax, Larry, What Are You Made Of?”, enquanto as canções mais recentes incluídas no setlist, como “Mindreader” e “Reassemble”, dividiam o público — algo que a própria banda parecia reconhecer quando falou sobre a primeira faixa mencionada: “quem souber essa, cante junto; quem não souber, pule”.

Foto por Stephanie Hahne

Infelizmente, falar em A Day to Remember atualmente é falar em um dos casos de denúncias mais graves de uma cena que foi tão afetada por isso. O baixista Josh Woodard deixou o grupo em meio a diversas acusações de abuso sexual e até um suposto envolvimento em um acidente fatal, sequência de fatos que foi totalmente ignorada pela banda, ao menos até o momento, tanto nas redes quanto no palco.

Enquanto Jeremy McKinnon vive a melhor fase de sua carreira como vocalista, fazendo uma performance impecável sem aparentar qualquer esforço, os guitarristas Kevin Skaff e Neil Westfall tentam usar os timbres mais pesados possíveis para compensar a ausência de Woodard, que não foi substituído, e contam com a ajuda da bateria de Alex Shelnutt para isso.

No fim, a realidade — dura de admitir enquanto (suposto) baixista — é que Josh não faz lá muita falta. As guitarras fazem um ótimo trabalho para compensar, e não é como se Woodard tivesse as linhas mais criativas do Metalcore, que por sua vez já não costuma ter muitos baixistas de destaque. No entanto, esteticamente falando, é inegável que a ausência das quatro cordas chamam um pouco a atenção.

Foto por Stephanie Hahne

De toda forma, o ADTR já encontrou a fórmula do sucesso faz muito tempo e isso ficou muito claro nessa apresentação, que definitivamente não tem a mesma animação de antes. Felizmente, a saudade do público era tanta que pelo menos Jeremy se rendeu e pareceu bem mais ativo do que em outras performances recentes, ajudando a criar memórias bastante especiais para o público paulista.

Alexisonfire — setlist de 24/03 (Audio Club)

  1. Drunks, Lovers, Sinners and Saints
  2. Boiled Frogs
  3. Old Crows
  4. .44 Caliber Love Letter
  5. Rough Hands
  6. Sweet Dreams of Otherness
  7. We Are the Sound
  8. Crisis
  9. The Northern
  10. Familiar Drugs
  11. Pulmonary Archery
  12. Accidents
  13. Dog’s Blood
  14. This Could Be Anywhere in the World
  15. Young Cardinals

A Day to Remember — setlist de 24/03 (Audio Club)

  1. The Downfall of Us All
  2. All I Want
  3. Paranoia
  4. Degenerates
  5. 2nd Sucks
  6. Right Back at It Again
  7. Rescue Me
  8. Have Faith in Me
  9. Last Chance to Dance (Bad Friend)
  10. Mr. Highway’s Thinking About the End
  11. Mindreader
  12. Reassemble
  13. I’m Made of Was, Larry, What Are You Made Of?
  14. Resentment
  15. All Signs Point to Lauderdale
    Bis:
  16. If It Means a Lot to You
  17. Sometimes You’re the Hammer, Sometimes You’re the Nail
  18. The Plot to Bomb the Panhandle
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