Lançamentos

Emicida celebra relações humanas, Taylor Hawkins e faz do Lollapalooza um palco para transformações

Emicida faz verdadeiro ritual no palco do Lollapalooza Brasil 2022, homenageia o Foo Fighters e recebe Drik Barbosa, Rael e Majur. Leia resenha do show.

Emicida no Lollapalooza Brasil 2022
Foto por @Creativeclub.today

Por mais que Emicida esteja amplamente ligado ao Rap e à cultura Hip Hop, seus shows conversam bastante com quem é fã de gêneros como o Rock And Roll.

Isso porque o músico carrega uma banda de apoio afiada e que faz bom uso de instrumentos como guitarra, baixo e bateria, e muita gente se surpreende quando ouve os primeiros sons do palco do cara.

Publicidade
Publicidade

Isso ficou bem claro logo de cara, quando Emicida entrou no palco com uma guitarra e seu grupo apresentou uma versão bastante pesada de “Boa Esperança”, que tem passagens como “‘Cês diz que nosso pau é grande / Espera até ver nosso ódio”.

Ao final, com direito a um “1-2-3-4” vindo diretamente do Punk Rock, a explosiva primeira faixa mostrou como seria o tom da primeira parte da apresentação do cara.

Emicida no Lollapalooza Brasil

Foto por @Creativeclub.today

Com um belo palco que imitava vitrais de um teatro ou até uma igreja, lembrando o documentário do músico lançado na Netflix como complemento do disco AmarElo, Emicida sempre manteve um tom pesado em seus vocais, como se estivesse desabafando cada uma das letras que entoava.

Logo no começo do set, sem papas na língua, o rapper não esperou que a plateia começasse um coro contra o presidente e ele mesmo mandou um “Bolsonaro, vai tomar no cu” em alto e bom tom usando seu microfone.

Ele o fez quando também motivou os jovens de 15 a 18 anos a tirarem seus títulos de eleitor de forma nada sutil, como você pode ver no vídeo abaixo, e ao se expressar tão claramente a respeito, mostrando seus ideais, a plateia foi conquistada como quando levantou os braços a pedido do artista em “Gueto”, proporcionando uma bela cena.

Nesse momento, inclusive, ele entoou o clássico “Eu Só Quero é Ser Feliz”, de Cidinha e Doca, sobre como o povo periférico sempre bradou por uma vida melhor e por “andar tranquilamente na favela onde nasceu”.

Continua após o vídeo

Participações, Hits e o “Pulmão cheio de ar”

Da metade para o final do show, Emicida passou a enfileirar alguns hits e o fez em momentos como quando tocou “Hoje Cedo”, gravada originalmente com participação especial da cantora Pitty.

Quem fez os seus vocais na versão ao vivo foi a guitarrista Michele Cordeiro, que já vinha dando shows particulares incríveis com seus riffs e solos durante o set, e antecipou um momento do show repleto de convidados.

Primeiro, veio Rael para a colaboração em “Levanta e Anda”, e o rapper ficou para uma performance de “Luz” com Drik Barbosa.

A segunda, aliás, também teve participação fundamental na execução do ponto mais alto do show, a performance de “AmarElo”.

Antes dela, Emicida fez um discurso falando sobre como tem sido difícil passar pelos últimos tempos, e encorajando a conexão entre artistas e fãs, já que ela nos mantém seguindo adiante. Também falou sobre como devemos “encher os pulmões” para gritar por uma vida melhor e um país “do tamanho dos nossos sonhos”.

Após receber Majur e realizar a explosiva performance da canção que tem o sample icônico de “Sujeito de Sorte”, do Belchior, Emicida sentou-se ao palco e conversou com o público “de perto”.

Taylor Hawkins, abraços e conexões humanas

Foto por @Creativeclub.today

Por lá, ele começou brincando a respeito de Doja Cat, dizendo que não a conhecia e que ficou maravilhado, afirmando que aqui no Brasil, a rapper estaria “na batalha do Santa Cruz com nóis“.

Depois disso, ele abordou a perda de Taylor Hawkins, baterista do Foo Fighters, e afirmou:

Todo mundo aqui é muito fã de Foo Fighters. Pela música, pela energia, pela história, pela capacidade técnica, pela vibração, pelos concertos.

Nesse momento, eu queria emanar daqui as melhores energias para a família do nosso irmão que infelizmente nos deixou, certo?

Ao encerrar o show, ele disse que se inspirou no Tokyo Ska Paradise Orchestra, com quem excursionou, para pedir que todo mundo se abraçasse:

Levantem as duas mãos.

Agora, abaixem elas lentamente pro lado esquerdo e pro lado direito e abracem a pessoa que está do seu lado.

Isso é o que faz a existência humana fazer sentido, senhoras e senhores. Por favor, não percam a capacidade de exercer a primeira vocação que nós temos, que é a de sermos seres humanos.

Abracem, beijem, amem e digam quantas vezes forem necessárias: ‘você é importante pra mim’. Tudo isso faz muita diferença.

Shows do Emicida são verdadeiros rituais. Espaços e oportunidades para que as pessoas façam reflexões, cresçam e lavem as suas almas.

Tributo ao Foo Fighters e Taylor Hawkins

Como a banda liderada por Dave Grohl cancelou a performance que faria amanhã (27) no Lollapalooza Brasil, Emicida foi convocado para um tributo que terá Planet Hemp, Criolo, o seu companheiro de palco DJ Nyack, o lendário KL Jay (Racionais MC’s), Bivolt e mais.

Você pode encontrar mais detalhes por aqui.

Sair da versão mobile