Música

Lobão critica festival e diz que Rock in Rio é "túmulo do Rock"

Em entrevista ao podcast de Rafael Bittencourt, guitarrista do Angra, Lobão disse que o Rock in Rio é a antítese do Rock e criticou fator empresarial.

Lobão
Crédito: reprodução

Na última semana, Lobão participou do podcast do guitarrista do Angra, Rafael Bittencourt, e criticou o Rock in Rio.

Para o músico de 64 anos, o festival carioca — que terá sua nova edição realizada em Setembro — é a “antítese do Rock” e atende mais a interesses empresariais e menos à promoção do próprio gênero:

Eu acho o Rock in Rio a antítese do Rock. Eu acho meio careta, aquela coisa de ‘por um mundo melhor’. Eu sou da geração que vi o Woodstock, aí você pega para ver o Rock in Rio. O jingle, o layout, aquela alegria. É horrível, é o túmulo do Rock. O Rock in Rio é o contrário do Rock. Tanto que as atrações brasileiras têm trio elétrico, DJ, tudo menos o Rock. Eu acho lamentável você ter um festival que detrate mais ainda o gênero no âmbito geral. A essência [do evento] é algo mais empresarial, tem essa atmosfera. E o Rock é sujo, tem cheiro de urina.

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Em tempo, os dois dias do festival em 2022 mais ligados ao Rock — que têm Guns N’ Roses e Iron Maiden como headliners — foram os últimos a ter ingressos disponíveis. Veja mais detalhes aqui.

Lobão reclama do algoritmo das redes

No papo, Lobão também falou sobre o algoritmo das redes sociais e como muitos artistas hoje em dia se tornam dependentes desse processo:

Com o celular, você fica jogando para a plateia o tempo todo. Tirando selfies e tudo mais. Se você não prestar atenção, fica escravo de precisar muito da aprovação externa. Tem gente que fica falando sobre likes, mas eu não estou nem aí. Muitos vivem em função disso.

Já Rafael comparou a época atual com o tempo em que ele e Lobão começaram na música:

Hoje vemos uma escravidão ao algoritmo. Inclusive os artistas. Quando você começou ou eu comecei, você não sabe direito para quem está tocando, se a pessoa vai gostar ou não. Era algo mais vago e a criatividade era mais honesta. Hoje, você sabe a faixa etária, quais outros interesses dos fãs. Isso faz com que artistas não toquem mais em certos assuntos. Já não vejo a MPB falar de orixás e da cultura afro-brasileira, porque pode incomodar os evangélicos. Antes tinha muito. Não tem mais também aquelas coisas que possam gerar comentários dizendo que é esquerdista ou reacionário. Existem assuntos que os artistas se esquivam, porque ele conhece tão bem o público, que começa a perder opinião.

Nesse sentido, Lobão comentou que costuma trair seu próprio público em prol de uma autenticidade:

Sempre traio meu público. É preciso manter a integridade do que você é. A pior forma de solidão é ser amado pelo que você não é. Quando saí da cadeia, sentia que as pessoas me amavam pelo que eu não era. Precisei desfazer isso, joguei fora uma parte do público. Recentemente, também parei de falar de política e muitos foram embora do meu Twitter.

Confira os vídeos da entrevista de Lobão a seguir!

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