Molchat Doma faz góticos brasileiros cantarem russo em estreia explosiva no Brasil

Molchat Doma em SP-14 — Foto por Stephanie Hahne/TMDQA!

Talvez você não os conheça pelo nome mas, se costuma consumir conteúdo no TikTok, com certeza já ouviu seu maior hit. Estou falando do Molchat Doma, banda bielorrussa de Pós-Punk que surpreendeu a todos — e até a si mesma, imagino — ao descobrir uma base de fãs bem grande no Brasil.

Inicialmente conhecido apenas pelos mais dedicados ao estilo, o grupo se viu nos holofotes após a faixa “Судноb (Sudno)”, do disco Etazhi (2018), se transformar em um sucesso no aplicativo de vídeos rápidos, servindo como trilha sonora para os mais diversos conteúdos que você possa imaginar — mas, principalmente, na mão de influencers de moda na Europa. É claro que a comoção chegou ao Brasil e acabou agradando quem já tinha um pé no estilo.

Na última segunda-feira (11), o trio composto por Egor Shkutko (vocais), Roman Komogortsev (guitarra, sintetizador e bateria eletrônica) e Pavel Kozlov (baixo e sintetizador) fez seu primeiro show em terras brasileiras na Áudio, em São Paulo. Pois é, o grupo subiu ao palco após as 22h de uma segunda-feira e, ainda assim, encontrou uma casa de shows lotada e com fãs que sabiam todas as difíceis palavras de suas músicas.

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Molchat Doma em SP-16 — Foto por Stephanie Hahne/TMDQA!

E falando nos fãs, foi justamente a plateia que deixou nítido o motivo da banda ter crescido tanto em tão pouco tempo. Décadas após o surgimento de grupos como o The Cure, Joy Division, Bauhaus e afins, faltava um ato que carregasse o “legado” para uma nova geração através do mainstream. Por lá, estavam pessoas que você dificilmente encontraria em casas de médio porte para cima, como a Áudio, mas sim em boates nichadas e bem menores pela cidade. Além, é claro, dos curiosos que queriam entender o que catapultou o Molchat tão alto.

Com dificuldade de manter a pose mais séria e sombria que carregam, os bielorrussos desistiram de esconder a felicidade lá pelo meio do show. Aos gritos de “Olê, olê, olê, Molchat, Molchat”, o vocalista Egor abriu um sorriso e repetiu mais uma vez seu “obrigado” carregado, deixando nítido que não esperava a recepção tão calorosa. Por vezes falando em russo e por vezes em inglês, ele fez o melhor que pôde para se comunicar com os fãs, que berravam a cada palavra e a cada música.

No setlist, além do grande hit que ficou para o final catártico, estavam músicas de seus três discos — S krysh nashikh domov (2017), Etazhi (2018) e Monument (2020). Após quase duas horas de show, o Molchat Doma ainda deixou um gosto de “quero mais”, e uma promessa subliminar de que não deve demorar pra voltar.