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Doutor Estranho no Multiverso da Loucura é a mistura perfeita de fantasia e terror

Sam Raimi resgata suas produções de terror para fazer um dos filmes mais autorais no Universo Marvel, mas lembrando-se de que ainda é um Doutor Estranho 2.

doutor estranho no multiverso da loucura
Foto: Divulgação/Marvel

Doutor Estranho no Multiverso da Loucura é um marco importante na história do Universo Cinemático da Marvel (MCU). Apesar de estar profundamente interligado a outros filmes e séries do estúdio, o segundo filme protagonizado pelo Mago Supremo finalmente consegue estabelecer um gênero narrativo alternativo que tira essa obra da famosa “fórmula Marvel”.

Ao atribuir elementos de terror na trajetória de Doutor Estranho e Feiticeira Escarlate, o diretor Sam Raimi oferece algo novo para os fãs e gera sensações insólitas em um público que já vinha no piloto automático há mais de uma década. No passado, James Gunn e Taika Waititi conseguiram fazer isso (em Guardiões da Galáxia e Thor: Ragnarok, respectivamente), mas utilizando-se da comédia como segredo para a inovação.

Aqui, Stephen Strange (Benedict Cumberbatch) encara os mistérios do multiverso para proteger a jovem America Chavez (Xochitl Gomez) de monstros demoníacos que a perseguem para usar o poder da garota em benefício próprio. Wanda Maximoff (Elizabeth Olsen) retorna como a Feiticeira Escarlate, como vimos ao final de WandaVision, e tem um papel fundamental nessa aventura.

A partir daqui, o material conta com spoilers do filme Doutor Estranho no Multiverso da Loucura.

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doutor estranho no multiverso da loucura
Foto: Divulgação/Marvel

Um pouco de droga, um pouco de salada

Dizer que Doutor Estranho 2 é um filme totalmente de terror seria um exagero. No fim das contas, é, sim, mais um filme de super-heróis, com todas aquelas facilidades que nos acostumamos ao longo de todas as fases da Marvel no cinema.

No entanto, este filme vai muito além daquele padrão já conhecido da jornada do herói em três atos, com os tradicionais catalisadores para que o protagonista passe pela aventura, enfrente o vilão e cumpra seu objetivo. A estrutura pode até ser parecida, mas Sam Raimi inclui toques de horror para que as ameaças sejam potencializadas e o senso de urgência se torne mais realista.

A partir daí, bastou ao diretor recorrer a referências à própria filmografia para criar uma mistura super interessante. Para quem não sabe, Raimi já tinha em seu currículo tanto filmes de herói (primeira trilogia do Homem-Aranha) quanto de terror (Evil Dead e Arraste-me para o Inferno, por exemplo).

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Foto: Divulgação/Marvel

Não é perfeito, mas é muito bom

Tecnicamente, Doutor Estranho no Multiverso da Loucura não é um primor quanto ao roteiro, que foi escrito por Michael Waldrom (Loki, Rick and Morty). Como todo filme de herói que se propõe a mostrar muita coisa, ele peca no ritmo excessivamente acelerado em alguns momentos, principalmente na primeira metade da exibição. 

São poucos personagens novos, mas muitas nuances inéditas daqueles que já são conhecidos. Além de America Chavez, os heróis do multiverso acabam tendo dificuldade para estabelecer um vínculo com o público e quase saem da “referência legal” para o “fan service desnecessário”.

No entanto, além de trazer o terror, a direção de Sam Raimi distribui muito bem o tempo de tela entre os personagens, dá espaço para Benedict Cumberbatch brilhar e aproveita a melhor fase da carreira de Elizabeth Olsen para ultrapassar todas as expectativas que existiam em relação à Feiticeira Escarlate. Se havia algum receio de torná-la uma personagem pasteurizada e menos interessante que a versão original dos quadrinhos, o que vemos é uma escolha muito mais ousada do que até o fã mais otimista poderia imaginar. 

Raimi deixa completamente de lado o medo de ser ridículo e insere elementos de diferentes subgêneros do horror, com características que vão desde o terror oriental de obras como O Chamado até o gore de Stephen King, transformando Wanda em uma espécie de Carrie, A Estranha da Marvel. Até os zumbis adquirem uma roupagem totalmente nova e se encaixam muito bem nesta proposta maluca. 

A psicodelia abraçada em Doutor Estranho 2 conta ainda com a contribuição magistral de Danny Elfman, o compositor responsável por uma das trilhas sonoras mais criativas dos últimos tempos.

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Foto: Divulgação/Marvel

Conexões e mais conexões

O MCU pode estar começando a se enrolar conforme vai ficando maior, mas não, abordar o multiverso e as suas infinitas possibilidades não é a causa disso. Na verdade, ter tantas oportunidades para inovar pode ser a salvação do universo compartilhado.

O que coloca em risco a vitalidade dos filmes de super-heróis da Marvel é a conexão cada vez mais profunda entre as suas obras. Para aproveitar Doutor Estranho no Multiverso da Loucura na sua totalidade, seria necessário assistir a pelo menos outros dois filmes e duas temporadas de séries do Disney+, sem contar as grandes obras da Fase 3. 

Isso é um bloqueio para a chegada de novos fãs, que se veem afastados da possibilidade de adentrar nesse mundo geek pela simples – e justificável – preguiça.

Ainda assim, para quem acompanha todo o desenvolvimento do universo compartilhado e realmente se dedica a conhecer os detalhes daquelas obras, a sensação de recompensa é incomparável ao se deparar com um filme como Doutor Estranho no Multiverso da Loucura.

Loucura, aliás, é parar de acompanhar logo agora que estão vindo por aí tantas novidades. X-Men, Quarteto Fantástico, nova formação dos Vingadores, novas versões de heróis clássicos… que venha mais multiverso!

Confira o trailer de Doutor Estranho no Multiverso da Loucura: