MITA coloca fã de música em primeiro lugar e estreia com o pé direito em São Paulo

Primeira edição do MITA Festival em São Paulo teve shows de Gorillaz, Two Door Cinema Club, Matuê, Liniker e mais. Leia resenha e veja fotos.

Liniker no MITA Festival em São Paulo
Foto por Stephanie Hahne / TMDQA!

Quando a pandemia causada pelo Coronavírus atingiu o mundo todo, vimos de perto como a música foi uma das áreas mais afetadas, e isso aconteceu em diversos níveis diferentes.

Desde as bandas independentes até as gigantescas produtoras de turnês internacionais, toda a indústria parou por conta do isolamento, e nós, fãs de música, passamos um bom tempo dependendo apenas da Internet para ouvir nossos discos favoritos e assistir a vídeos de shows que haviam acontecido em outras épocas.

Graças ao avanço da vacinação contra a COVID, os eventos estão de volta e os festivais de música estão dando as caras pelo país aos montes, causando inclusive uma espécie de “congestionamento” de calendário, já que é comum ter grandes eventos rolando em períodos parecidos e até mesmo em dias iguais.

Primeira Edição do MITA em São Paulo

DAY e Lucas Silveira (Fresno) no MITA Festival SP
Foto por Stephanie Hahne / TMDQA!

Pois no último final de semana aconteceu, nos dias 14 e 15 de Maio, a primeira edição do MITA Festival em São Paulo.

Dividido entre a capital paulista e o Rio de Janeiro, que receberá o festival no próximo final de semana, o Music Is The Answer apostou na mistura de artistas internacionais com grandes nomes da música brasileira, e apresentou um line-up com Gorillaz, Two Door Cinema Club, Matuê, Marina Sena, Marcelo D2 e muito mais.

O TMDQA! esteve na Spark Arena durante os dois dias e o que ficou bem claro pra gente é que a organização do MITA, evento realizado pela Bonus Track em parceria com a 30 Entertainment, colocou o fã de música em primeiro lugar e valorizou a experiência dele por lá.

Programação e Horários dos Shows

Desde que os horários dos shows foram anunciados, com apresentações divididas em dois palcos, nós já respiramos aliviados ao termos a notícia de que os horários não eram conflitantes.

Sendo assim, quando um show acabava em um palco, outro começava no local ao lado, e foi possível assistir a tudo que os artistas queriam entregar na íntegra, sem precisar ficar correndo pra lá e pra cá e acabar, ao final das contas, perdendo boa parte dos shows favoritos.

Tudo isso deixou claro que o MITA colocou a música à frente de tudo, fazendo uma espécie de ponte entre artistas, bandas e seus seguidores com uma das principais reivindicações de quem garante seu ingresso para os festivais: a de uma grande experiência para o público.

Experiência

Gilberto Gil no MITA em São Paulo
Foto por Stephanie Hahne / TMDQA!

E por falar em experiência, essa é uma das palavras mais comentadas por quem organiza, frequenta e avalia festivais, e definitivamente foi o ponto alto do MITA 2022 em São Paulo.

Sem medo de errar, podemos afirmar que o layout da Spark Arena, aliado às opções de comida, bebida e banheiro, por exemplo, fizeram com que o público se sentisse em casa, tendo que andar muito pouco e de forma tranquila para alternar uma apresentação incrível do seu artista favorito com uma pausa para um lanche.

No meio de tudo, as ativações de marcas parceiras do festival deram as caras, e com a sorte de contar com dois dias ensolarados em SP, a sensação era de que estávamos em um ambiente intimista, mesmo que fosse uma área enorme prestes a contar com artistas de peso internacional no palco.

Como foram os shows?

E esses artistas deram o que falar desde o primeiro dia, sábado, quando a cantora DAY mandou suas canções voltadas ao Pop Punk, Emo e música Pop, entoando também covers de “Na Sua Estante”, da Pitty, e “Helena”, do My Chemical Romance.

Essa última veio com a participação especial de Lucas Silveira (Fresno) que ainda participou de “Finais Mentem” e tocou “Casa Assombrada”, da sua banda.

Com sua vibe etérea e sob o Sol escaldante do começo de tarde, Xênia França mostrou todo seu talento com um vozeirão e discurso afiado, mostrando (e ensinando) até música nova para o público que ali estava.

Quem também fez bonito foi Black Alien, que apresentou um set voltado ao sensacional Abaixo de Zero: Hello Hell, um dos melhores discos nacionais de 2019, e fez questão de proporcionar inclusão ao cantar o tempo todo com uma intérprete de libras ao seu lado.

Com uma voz encantadora e também dona de um dos melhores álbuns brasileiros dos últimos anos, Luedji Luna foi um destaque do dia e também uma das primeiras artista a entoar gritos de “Fora Bolsonaro” com a plateia. Na sequência, Marina Sena passou a sensação de que estava conversando de perto com seu público, em alguns momentos transformando palco e plateia em uma mesa de bar.

É claro que o hit “Por Supuesto” foi amplamente cantado pela plateia, mas o show ainda teve outros ótimos momentos de voz e dança de uma artista que parece já ter encontrado caminhos para seguir a carreira além de um grande sucesso.

Uma das grandes atrações do dia, Gilberto Gil alternou sua performance entre momentos de pé e sentado para mostrar que ainda é um dos maiores do país. Estar ali apreciando clássicos e ouvir de pertinho que “o Rio de Janeiro continua lindo”, em um dia tão belo, foi inesquecível.

Talvez a maior e mais grata surpresa do primeira dia de MITA tenha sido o inglês Tom Misch. Ainda não tão conhecido em terras brasileiras, o músico conseguiu levar uma plateia volumosa ao palco Deezer, onde fez um show técnico e pra lá de competente, mas também bem gostosinho para quem queria dar uma relaxada e de quebra ainda conhecer música nova. Tom agradeceu várias vezes durante a apresentação, parecendo também surpreso com a calorosa recepção.

Por fim, os australianos do Rüfüs Du Sol foram os responsáveis por fechar o primeiro dia de MITA. A banda de música eletrônica retornou após três anos de sua primeira passagem por aqui, também em um festival. Nas grades do palco Villa-Lobos, fãs carregavam placas e dançavam muito ao som das batidas, transformando o fim do dia em uma verdadeira festa.

Segundo Dia

Gorillaz no MITA Festival SP
Foto do Gorillaz no MITA SP por Stephanie Hahne / TMDQA!

O Rap deu a tônica do segundo dia de MITA Festival 2022 e o fez com representantes de diferentes gerações do Hip Hop brasileiro.

Coruja BC1, dono do ótimo Brasil Futurista, entoou críticas pesadas misturando rimas, batidas e elementos bastante orgânicos, e ainda recebeu a poderosa Larissa Luz como um complemento incrível ao show.

Mais tarde, Marcelo D2 mostraria por que é um dos maiores da história ao misturar Rap, Samba e Rock nos sons que apresentou ao lado do filho, Sain, e Matuê veio no começo da noite para embalar uma multidão que sabia cantar tudo e mais um pouco dos seus hits do trap.

Após um show gigantesco no Lollapalooza, Tuê mostrou que não apenas sabe conduzir plateias de todos os portes como deve ser escalado para eventos dos mais importantes, já que tem um número imenso de seguidores ao seu dispor.

Antes de falarmos das atrações internacionais, ainda tivemos o Heavy Baile, que transformou a Spark Arena em um verdadeiro Baile Funk e colocou todo mundo pra dançar e Liniker, esplendorosa.

Na semana que antecedeu o festival, nós publicamos um artigo mostrando por que a artista é uma das maiores do país, e concentramos os nossos motivos em vídeos de performances ao vivo estonteantes.

Foi justamente isso que aconteceu no MITA SP, e através de belas canções, uma voz inigualável e a clara satisfação de estar no palco, Liniker foi um dos pontos altos do evento.

Two Door Cinema Club no MITA em São Paulo
Foto por Stephanie Hahne / TMDQA!

A banda indie Two Door Cinema Club se apresentou com um esquema de luzes muito bonito no palco, e é claro que o êxtase veio com “What You Know”, maior hit da banda, transportando a plateia diretamente para uma festa indie em 2010.

Festa essa, aliás, que provavelmente também teria algum som do Gorillaz entre as seleções dos DJs, e foi com Damon Albarn que a primeira edição do MITA SP chegou ao fim.

O artista britânico de 54 anos de idade (que aposta nas roupas jovens e acabou rendendo brincadeiras do público por conta disso) liderou seu projeto ao lado de um time de músicos bastante talentosos.

O show do Gorillaz é uma experiência interessantíssima que mistura uma banda no palco e um telão enorme mostrando cenas psicodélicas dos personagens que formam a versão “virtual” do grupo.

Entre performances empolgadas, Elton John aparecendo na sua versão Gorillaz e hits como “Feel Good Inc.” e “Clint Eastwood”, o show serviu para aquecer o coração de fãs do caldeirão que mistura Indie, Rap e World Music de maneira bastante particular.

Além disso, ainda agradou quem viajou com o Gorillaz pelas artes do telão e até mesmo os desavisados que não faziam ideia que o grupo já não se apresentava no formato exclusivo de “bonequinhos no telão” há longos anos.

O Gorillaz fechou bem a noite e talvez seu único defeito seja não arrastar a quantidade de público que um festival como o MITA merece por conta da sua estrutura, organização e experiência.

Mesmo tendo alcançado os grandes públicos, é um grupo de nicho que cairia muito bem como uma segunda grande atração internacional, mas que como headliner acaba esbarrando na barreira de ter construído sua carreira muito mais na direção do experimentalismo do que do mainstream.

MITA no Rio de Janeiro

Nos próximos dias 21 e 22, o MITA desembarca no Rio de Janeiro com um line-up bem parecido e com a adição de bandas e artistas como Jão, The Kooks, Marcos Valle, Alice Caymmi e muito mais.

Você pode garantir seus ingressos para os shows no Jockey Club clicando aqui.