Fazer clipes é sempre uma missão árdua para as bandas. É necessário dosar a mensagem passada com o que o espectador pode entender, e algumas vezes essa comunicação sofre alguns ruídos no meio do caminho.
Em outras, claro, a polêmica é a alma do negócio.
Seja qual for o motivo, vários vídeos de bandas famosas foram banidos durante os anos em que não havia YouTube e a MTV comandava a veiculação dos clipes.
Nesta lista, separamos os 15 clipes mais icônicos a serem banidos da TV, que vão desde motivos bem bobos para bandas como Foo Fighters e Queen até as experimentações visuais bizarras e provocativas de Trent Reznor com o Nine Inch Nails.
Confira a seguir.
Foo Fighters – “Low” (2002)
A lista começa bem leve, com uma situação quase inacreditável. Um dos últimos vídeos a ser banido, “Low” juntou Dave Grohl e Jack Black para um clipe que relata uma noite de bebedeira e culmina com a dupla usando perucas e se vestindo de mulher.
A MTV considerou isso tudo inaceitável e retirou o vídeo de sua programação.
Queen – “Body Language” (1982)
Muitos afirmam que o vídeo de “Body Language”, faixa do álbum Hot Space, foi o primeiro a ser banido pela MTV. Ainda que tenha sido um dos pioneiros, os relatos mais corretos mostram que “Joan Crawford”, do Blue Öyster Cult, tem esse posto.
O “chocante” clipe da canção do Queen tinha algumas cenas provocantes, com corpos suados sendo expostos de forma sedutora.
O canal achou a produção “sugestiva” demais.
Alice Cooper feat. Twisted Sister – “Be Chrool to Your Scuel” (1985)]
Como era fácil chocar as pessoas naqueles tempos, não é mesmo?
O clipe de “Be Chrool to Your Scuel”, parceria entre o Twisted Sister e Alice Cooper, foi tirado da programação devido às cenas gore/nojentas que envolviam zumbis na tela.
Mötley Crüe – “You’re All I Need” (1987)
O clipe de “You’re All I Need” tratou de um tema bem sensível e fez com que eventualmente o Mötley Crüe colocasse um aviso antes do clipe sobre as cenas chocantes. “Quem disse que o jornal das 18h é bonito?”, diz o texto exibido nos primeiros segundos.
A ideia era expor um relacionamento que envolvia violência doméstica, e Nikki Sixx chegou a deixar bem claro em entrevistas que a canção “não é conivente nem explora essa tragédia” ao mostrar “claramente como uma vida é destruída e a outra estragada para sempre”.
Motörhead – “Killed by Death” (1984)
Não, o vídeo de “Killed by Death” não foi banido por uso excessivo de motocicletas ou por ser anos 80 demais.
Segundo a MTV, o clipe trazia “violência excessiva e sem sentido”. Confira e julgue por si mesmo, mas não esqueça de levar em conta o contexto da época.
KoRn – “A.D.I.D.A.S.” (1997)
Ainda que não seja exatamente tão chocante assim, o vídeo do KoRn para “A.D.I.D.A.S.” é bem desagradável. Afinal de contas, já começa com os caras aparecendo mortos depois de um acidente com um carro que estava cheio de prostitutas e um cafetão.
Com direito até à aparição do ator Carel Struycken, o Tropeço de Família Addams, o vídeo basicamente mostra a autópsia dos caras e ainda revela que o vocalista Jonathan Davis estava usando roupas íntimas femininas.
Talvez a MTV tenha nos feito um favor?
Soundgarden – “Jesus Christ Pose” (1991)
A ideia do Soundgarden com “Jesus Christ Pose”, cujo nome foi inspirado em uma foto de Perry Farrell (Jane’s Addiction), era chocar. E os caras conseguiram.
Mesmo com um comunicado de Chris Cornell avisando que a canção não tinha nada a ver com religião, e sim com “pessoas explorando um símbolo”, a banda chegou a receber ameaças de morte de grupos cristãos que consideraram a música uma afronta aos costumes religiosos. E, claro, a MTV fugiu da polêmica.
Nine Inch Nails – “Closer” (1997)
Dava pra fazer uma lista de clipes polêmicos apenas do Nine Inch Nails, mas a verdade é que “Closer” (e mais um que estará bem no final da lista!) foram escolhidos como representantes das viagens de Trent Reznor e, nesse caso, do diretor Mark Romanek.
Basicamente fazendo jus ao teor sexual da música e trazendo diversas imagens controversas, incluindo a sexualização de objetos religiosos e o uso de equipamentos de fetiches sadomasoquistas, o clipe pode não assustar tanto assim alguns e, para outros, pode ser realmente assustador.
A MTV, claro, censurou as cenas mais pesadas sempre que foi obrigada a exibir o clipe.
Pearl Jam – “Jeremy” (1992)
Aqui, talvez mais do que em qualquer outro exemplo, a MTV errou feio com a censura. Não necessariamente por tê-la feito, mas pela forma como aconteceu.
Explicamos: o clipe de “Jeremy”, que trata da história baseada em fatos reais sobre um garoto que sofre com bullying no colégio, deveria acabar com uma tomada que mostrava o personagem principal atirando contra si próprio na frente dos colegas de classe.
No entanto, em uma tentativa de abafar isso, a emissora acabou editando o vídeo e criando uma situação ambígua que fez alguns entenderem que Jeremy teria atirado nos colegas e não contra si mesmo. Ao cortar algumas cenas, a impressão que fica é que os alvos eram outros alunos, já que eles aparecem cobertos de sangue.
Por conta disso, o vídeo chegou até a ser culpado como influência de um tiroteio em massa em 1996, o que deixou vários envolvidos na produção arrasados e fez o clipe se perder com o tempo.
A versão disponível acima é a original, com a visão do diretor, então deixamos bem claro que o clipe contém gatilhos relacionados a suicídio.
Sepultura – “Arise” (1991)
Tem Brasil na lista também! Para resumir, o problema com o clipe de “Arise” foi religioso: enquanto toca o hino do thrash metal no deserto, o Sepultura está cercado de imagens como crucifixos, inclusive com atores exibindo ferimentos com sangue e alguns até pegando fogo.
A justificativa oficial foi o uso de “imagens religiosas apocalípticas”.
Marilyn Manson – “(s)AINT” (2003)
É difícil não lembrar de todas as acusações chocantes com as quais Marilyn Manson está lidando atualmente, o que apenas adiciona ainda mais camadas às bizarrices do vídeo de “(s)AINT”, dirigido por Asia Argento.
De acordo com o cantor, o clipe é uma amostra da “autodestruição excessiva, da inalação lenta da dor, até que ela se manifesta em uma cachoeira de narizes sangrando, automutilação e cenas de sexo a três com homens”.
Como era de se esperar, o vídeo foi banido por suas retratações explícitas de sexo, uso de drogas e violência, mas foi vendido em DVD pelo site oficial de Manson por algum tempo, incluindo de “brinde” uma página autografada da Bíblia.
Rammstein – “Pussy” (2009)
O clipe de “Pussy”, do Rammstein, tecnicamente não deveria estar aqui. Ele nunca foi banido da TV, mas por um motivo bem simples: ele nunca nem chegou a ser cogitado para aparecer na programação televisiva, em grande parte porque se trata de, na prática, um filme pornô.
As cenas da banda tocando são intercaladas com atos sexuais não-simulados, realizados pelos membros do grupo e, às vezes, por dublês (em especial para as cenas de zoom, como os integrantes já fizeram questão de frisar). Obviamente, a versão disponível acima também está toda censurada.
Para encontrá-lo sem censura, só em sites especializados…
TOOL – “Prison Sex” (1993)
O bizarro clipe de “Prison Sex”, do TOOL, tratava de “assuntos sensíveis” demais para a MTV. O tema da canção é o abuso, e a tentativa de reconhecer os padrões para dar o “primeiro passo” em lidar com esses machucados.
Ainda que use bonecos, o vídeo é bem perturbador e talvez nessa o canal tenha acertado a mão.
The Prodigy – “Smack My Bitch Up” (1997)
Sem dúvidas um dos clipes mais interessantes dessa lista tem a direção de Jonas Åkerlund, um dos mais aclamados diretores da época. “Smack My Bitch Up” é uma música polêmica por si só, mas seu clipe elevou tudo a outro nível ao mostrar, em resumo, a rotina de uma pessoa que definitivamente leva a sério o conceito de party hard.
Há retratos em primeira pessoa do uso de várias drogas, incluindo heroína, além de brigas, sexo explícito com uma prostituta e vandalismo. A grande genialidade é que, ao final de tudo isso, é revelado que quem estava por trás das câmeras é uma mulher, algo que notavelmente adicionou à controvérsia mas também gerou aplausos pela subversão dos papéis de gênero.
Praticamente toda versão disponível na internet está censurada, mas ainda é possível encontrar alguns registros da versão completa. Basta procurar!
Nine Inch Nails – “Happiness in Slavery” (1992)
Banido quase que universalmente das redes de televisão, o vídeo de “Happiness in Slavery” elevou o patamar do chocante. Trent Reznor aparece cantando atrás de grades enquanto um ator nu é mutilado por uma máquina que parece uma cadeira de dentista até sua morte, com seu sangue sendo utilizado para regar plantas.
Ao final, o vocalista do Nine Inch Nails é visto se preparando para passar pelo mesmo ritual.