Fotos por Creative Club
Era apenas uma quarta-feira, que em São Paulo geralmente é conhecida como dia de jogo, mas neste caso em específico havia outro evento tomando as atenções: na Audio, tradicional casa de shows paulistana, o mestre Kamasi Washington voltaria a se apresentar no Brasil três anos após seu último show no país.
Além da expectativa por uma grande apresentação, uma ótima notícia veio de última hora quando o cantor, rapper e instrumentista Masego foi anunciado como o dono do show de abertura, além da discotecagem do grande DJ Nyack, que tratou de esquentar o público com um setlist que abrangia alguns gêneros negros, com notoriedade para o House.
Às 21h30, sua mesa saiu de cena para que o show de Masego começasse, e a partir daí ele dominou o público, que em boa parte não o conhecia, ou ao menos não estava ali por ele. “Eu não conhecia ele, mas nossa, é bom demais,” disse uma voz no meio da pista, logo após o show começar. E isso se provou durante a hora em que ele se apresentou.
Masego na Audio
O domínio de palco e do público do artista são tão impressionantes quanto o seu carisma, colocando todo o público para cantar o que ele quisesse. Viajando entre o R&B e o Dancehall, a pista esquentou e para onde você olhasse, via gente dançando, mostrando claramente que ele ganhou o público do jazz. As excelentes músicas e a potência vocal se aliaram à dança e os diversos talentos do artistas, que contaram com a dança, malabarismo e o saxofone, culminando numa ovação após o hit “Tadow”, que fechou o show.
Show de Kamasi Washington em São Paulo
Mas, falando em saxofone, o grande momento era Kamasi Washington. O artista principal da noite, até por seus mais de 1,90 e sua bata azul escura, é uma figura imponente, e sua música fala mais alto ainda. Não só sua, porque seu show é um verdadeiro ritual jazzístico: todo mundo tem seu momento de brilhar, com solos virtuosos durante as faixas. Brilham a ponto que seria uma injustiça não mencioná-los nominalmente.
Antonio Austin e Ronlad Bruner Jr eram os dois bateristas, que tocando de forma dessincronizada ocupavam todo o espaço disponível no ouvido do público, dando o plano de fundo para os artistas da frente. O baixista Miles Mosley se destacou demais tanto ao longo das músicas quanto em seus solos, com destaque especial para o solo na emocionalmente carregada “Sun Kissed Baby”, faixa composta para a nova filha de Kamasi. O baixo parecia, em momentos, um solo de guitarra de Heavy Metal.
Dontae Winslow é quem ocupou a frente do palco ao lado de Kamasi, quase como uma segunda figura de destaque por sua imposição visual, e, claro, por seu talento no trompete, também com bons solos. Patrice Quinn, nos vocais, entregava a emoção mesmo com o microfone não estando tão alto como é comum a vocalistas de gêneros mais pop, e em momentos parecia estar orando. Brandon Coleman, nos teclados e sintetizadores, entregava timbres mais pesados em diversos momentos.
O grande destaque, no entanto, era de Kamasi. Embora ele dividisse os holofotes, como todo grande nome do jazz muito bem fazia, o grande nome do gênero na atualidade trazia com seu saxofone incríveis solos e até grandes melodias quando não estava em seu momento de brilhar.
Um raro talento fora da curva, provando porque o artista cruza as linhas de gêneros e tem o nome tão presente na cultura pop – a ponto de levar 3 mil pessoas numa noite de quarta-feira de futebol a uma casa de shows na Barra Funda.
Mais que apenas um show, foi uma experiência engrandecedora.
Assista ao vídeo logo abaixo e veja como foi o show de Kamasi Washington em São Paulo!
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