Música

Stranger Things: conheça bandas de Metal que inspiraram o personagem Eddie Munson

A nova temporada de Stranger Things vem dando o que falar e o personagem Eddie Munson é um dos grandes motivos disso. Saiba as inspirações por trás dele!

Eddie Munson, o personagem metaleiro de Stranger Things

A nova temporada de Stranger Things está dando o que falar e um dos tópicos mais quentes sobre a série é o novo personagem Eddie Munson, interpretado pelo ator Joe Quinn.

Na produção, ele é o líder do “Hellfire Club” no colégio de Hawkins e serve como uma boa representação dos headbangers da época, estando bastante ligado ao Metal que, naquele tempo, era uma forma bem proeminente de contracultura.

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Não à toa, Eddie aparece com diversos acessórios relacionados a bandas daqueles anos — mais especificamente, de 1986, quando a série acontece — e a gente até te contou por aqui sobre como a família do lendário Ronnie James Dio cedeu itens originais do cantor para a produção.

Para além do visual, Joe Quinn teve que fazer uma imersão no mundo do Metal da época e falou sobre isso em uma entrevista com a Entertainment Weekly. Apesar de tocar guitarra desde os 7 anos, ele explicou que o processo de sua interpretação não foi tão simples assim:

Eu ouvi muito Heavy Metal. Essa foi… Deus, é impossível não soar pretensioso quando falo isso, mas, sim, essa foi minha forma de entrar no personagem. […] Eu não me consideraria um guitarrista brilhante, mas eu consigo tocar. Foi muita sorte porque os roteiros saíram, eu acho, em algum momento durante a pandemia. Então eu pude começar a praticar furiosamente!

Com isso em mente, a gente resolveu revisitar os grandes discos lançados em 1985 e 1986 para “adivinhar” quais foram as bandas que Joe ouviu para entrar no personagem. Vem com a gente nessa e separa seu melhor fone pra curtir alguns hits da época!

Dio

Obviamente, temos que começar a lista com a banda Dio, liderada pelo vocalista citado acima que serviu como base para seu figurino. Se você não conhece, vamos por partes, começando pelo importante fato de que Ronnie James Dio também foi vocalista do Black Sabbath, sendo o segundo mais importante cantor da banda atrás de Ozzy Osbourne.

Ao deixar o grupo, formou o Dio e teve sucesso quase instantâneo em 1983, quando lançou o aclamado disco Holy Diver. Na série, entretanto, as peças que Eddie usam são referência ao disco The Last in Line, que chegou no ano seguinte — ainda que, vale ressaltar, o álbum Sacred Heart tenha sido lançado em 1985.

Um dos pontos mais importantes de Dio para o personagem é a temática das letras, que sempre gira em torno de coisas místicas, o que encaixa perfeitamente com a paixão de Eddie pelo RPG de tabuleiro Dungeons & Dragons.

W.A.S.P.

Enquanto é notável que Dio chama mais atenção, não dá pra ignorar o fato de que Eddie usa, também, um patch da banda W.A.S.P. em seu figurino. O grupo havia surgido há pouco tempo (considerando, sempre, que estamos falando de 1986), tendo chamado atenção há cerca de 2 anos com seu disco de estreia, capitaneado pelo single “I Wanna Be Somebody”.

No entanto, o grande sucesso dos caras veio de seu segundo disco, The Last Command (1985), e é ele que iremos destacar aqui. “Wild Child” se tornou um dos maiores hits do meio dos anos 80 e, até hoje, é parte integral de qualquer playlist de respeito que busque representar o Metal daquele período!

Metallica

Agora, vamos embarcar por uma viagem pelo que chamamos de “Big Four of Thrash”. O termo foi designado para falar de quatro bandas específicas que surgiram por volta da mesma época e se tornaram referência mundial no Thrash Metal, estilo de música pesada que conta, na maioria das vezes, com guitarras rápidas, vocais rasgados e letras intensas sobre temas polêmicos.

Falaremos de todas elas — afinal, todas estavam em um período de alta relevância nos anos próximos a 1986 — mas a gente começa pela maior das quatro: o Metallica. Apesar do nome associado sempre ao Thrash, o quarteto conseguiu furar a bolha com lançamentos mais comerciais nos anos seguintes e é a mais bem-sucedida desta cena.

No entanto, lá em 1986, o grupo ainda estava em sua fase mais pesada e havia acabado de divulgar o aclamado Master of Puppets em Março, considerado por muitos até hoje como o melhor álbum não só da carreira do Metallica como também de todo o Thrash Metal. Pouco antes, também haviam lançado os fundamentais Kill ‘em All (1983) e Ride the Lightning (1984).

Slayer

Outro integrante do Big Four e o primeiro a encerrar suas atividades oficialmente (em 2019) é o Slayer. Liderada por Tom Araya e responsável pela carreira de músicos icônicos como Kerry King e Jeff Hanneman, a banda foi possivelmente a mais polêmica entre as quatro ao sempre explorar temáticas ligadas a questões como ocultismo e satanismo. Por isso, sem dúvidas, também ajudou na construção do personagem de Eddie e seu “Hellfire Club”!

Em 1986, o Slayer chegou a lançar o aclamado disco Reign in Blood, considerado por muitos o melhor de sua carreira contendo faixas como “Raining Blood” e “Angel of Death”. No entanto, como o álbum chegou apenas em Outubro, vamos considerar mais as influências dos dois primeiros trabalhos da banda, Show No Mercy (1983) e Hell Awaits (1985).

O primeiro se tornou bem famoso no círculo underground, tendo sido lançado pela pequena gravadora Metal Blade e rapidamente conquistando o posto de mais vendido da história do selo. O sucessor serviu como uma evolução natural até chegar em Reign in Blood, e é considerado até hoje uma pedra fundamental do Thrash Metal por elevar a sonoridade ao seu extremo mais pesado.

Megadeth

Chegamos ao terceiro integrante do Big Four e, pra quem não sabe, o Megadeth surgiu a partir do desligamento de Dave Mustaine do Metallica — ou seja, as bandas sempre tiveram suas histórias intimamente conectadas. Por conta disso, no entanto, a linha do tempo é um pouco diferente e o Megadeth só lançou seu primeiro disco lá em 1985.

Killing is My Business… and Business Is Good! chegou fazendo barulho na cena underground, tendo também sido lançado por um selo independente. Até por isso, é o único trabalho da banda a nunca ter entrado em nenhum chart e pode ter sido uma excelente inspiração para Eddie entender a pegada mais crua do gênero.

Isso porque, em grande parte, o Megadeth redesenhou sua sonoridade para Peace Sells… but Who’s Buying?, que chegou em Setembro do ano seguinte e já teve muito mais promoção por ter sido lançado em uma grande gravadora.

Um detalhe pra lá de interessante: a música “Mechanix”, que fecha a versão original do álbum do Megadeth, foi escrita por Mustaine ainda durante seu tempo no Metallica. Por isso, não estranhe se você for ouvi-la e perceber inúmeras semelhanças com “The Four Horsemen”, que foi lançada como a versão retrabalhada por James Hetfield e companhia!

Anthrax

Para fechar o Big Four, temos o Anthrax. A banda tem uma pegada um pouco diferente das outras três, tendo sido a primeira a trazer uma sonoridade mais comercial, em grande parte por conta da voz de Joey Belladonna — mas não sem antes explorar o underground com o disco Fistful of Metal, de 1984.

O novo caminho do Anthrax começou em 1985, com a chegada de Spreading the Disease e principalmente do single “Madhouse”, que ganhou até clipe (algo bem diferente pra época) e furou algumas barreiras, ajudando outras bandas do gênero a terem mais espaço.

Com o tempo, o Anthrax também se diferenciaria de seus outros companheiros de Big Four por explorar sonoridades distintas, sendo ligado a estilos como o Groove Metal e ficando menos presa ao Thrash, como fez também o Metallica.

Exodus

Para além do Big Four, sempre houve uma quinta banda que circundou todas as discussões sobre os maiores nomes do Thrash Metal. Falamos do Exodus, liderado por Gary Holt e que já chegou a ter Kirk Hammett (do Metallica) em sua formação — o grupo, aliás, já foi tão elogiado por Dave Mustaine a ponto do músico do Megadeth sugerir que o Anthrax fosse trocado pelo Exodus no Big Four, e o próprio Scott Ian, guitarrista do Anthrax, defende a existência de um Big Five.

A influência do Exodus, portanto, é inquestionável. Considerando o ano de 1986, no entanto, o grupo estava apenas começando e havia surgido como mais um grande nome da cena Metal com seu disco Bonded by Blood, de 1985. Novamente, um ótimo exemplo para um mergulho profundo no mundo metaleiro dos anos 80, já que o trabalho foi influência para inúmeros outros.

Ah, e tem mais uma curiosidade aqui: em 2004, o Exodus lançou uma música chamada “Impaler” que deveria ter sido parte do disco de estreia. A razão pela demora? Kirk Hammett era o autor de um dos riffs da faixa e resolveu levá-lo para o Metallica, incluindo-o em “Trapped Under Ice”, que saiu um ano antes de Bonded by Blood.

Overkill

Mergulhando mais fundo no underground da época, chegamos ao Overkill. A banda surgiu por volta de 1983 com demos e foi ganhando espaço aos poucos, lançando seu disco de estreia Feel the Fire em 1985. O trabalho contém a faixa “Overkill”, que naturalmente virou um hino do grupo e é até hoje uma das grandes músicas da carreira do grupo.

Apesar de nunca ter sido tão popular quanto outros grupos da mesma cena, o Overkill pode ter sido um ótimo objeto de estudo para Joe Quinn — afinal de contas, é preciso conhecer coisas que vão além do óbvio, não é mesmo? Com seu estilo único, incluindo diversas quebras de sonoridade, a banda certamente traz um olhar diferente com relação ao Thrash Metal, se aproximando muito do Speed Metal.

Kreator

Saindo dos Estados Unidos, o que a gente percebe é uma versão ainda mais agressiva do Thrash Metal, muito bem representada pelo Kreator. O grupo alemão, liderado até hoje por Mille Petrozza, incorporou elementos do Black Metal e de outros estilos da contracultura europeia para gerar o excelente Endless Pain (1985), um clássico entre álbuns de estreia.

Chamado por muitos inclusive de Proto-Death, no sentido de ter aberto as portas para o surgimento do Death Metal, o trabalho é considerado fundamental e pode ter feito parte das playlists do ator. Vale ressaltar que, no final de 1986, o Kreator ainda lançou outro clássico, Pleasure to Kill, que pode muito bem ter inspirado o personagem também!

Mercyful Fate

Falando em artistas europeus, não dá pra deixar de fora o Mercyful Fate — até porque a banda também é representada pelo personagem na série com o uso de um patch. Liderado pelo lendário King Diamond, o grupo dinamarquês teve uma curta existência entre 1981 e 1985 (com diversas reuniões depois) e se tornou possivelmente a banda mais influente do Metal na época.

Não à toa, diversas lendas já citadas na lista, como o Metallica, têm versões para músicas da banda, que foi também uma das pioneiras a explorar temas ocultistas e satanistas. Muitas vezes colocado no mesmo balaio de nomes do Black Metal como Venom e Bathory, o Mercyful Fate se destacava por ter um pouco mais de apelo comercial, apostando mais em melodias e riffs enérgicos, sem se preocupar em ser tão extremo quanto os outros musicalmente falando.

As letras, claro, sempre abordavam temas polêmicos e é loucura não colocá-los como parte do Metal Extremo, mas é fato que canções como “Evil”, parte do disco de estreia Melissa (1983) exibem clara influência do Hard Rock e até do Rock Progressivo, gerando uma sonoridade pra lá de única.

Não à toa, o álbum Don’t Break the Oath, de 1984, é considerado por muitos como o ápice do Metal Extremo daquela década e certamente a homenagem no seriado fez todo sentido.

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