“Um viciado por natureza”. É assim que o próprio Max Cavalera, do Soulfly, se definiu em uma entrevista recente, na qual abriu o jogo sobre a sua relação com as substâncias e detalhou a jornada que viveu — e ainda vive — para conseguir encontrar a paz interior e se distanciar do abuso de drogas.
Não à toa, as revelações de Max vieram durante uma participação no podcast Hardcore Humanism with Dr. Mike, um programa comandado pelo psicólogo Mike Freidman. Ele confirma, por exemplo, algumas das histórias mais bizarras que são associadas ao seu nome (via Loudwire):
Houve muitos anos de batalha porque eu era difícil de lidar, com essas merdas. Algumas histórias épicas. Todas essas merdas, é tudo verdade. As festas com o Ministry e vomitar no Eddie Vedder, isso aconteceu. É fodido e é insano, mas aconteceu mesmo.
Destacando ainda a importância de seu irmão, Igor Cavalera, ter tido um comportamento quase que straight edge para cuidar dele quando passava dos limites, Max também conseguiu se lembrar do dia em que ele chegou ao estopim.
Isso aconteceu, segundo ele, na estrada, em um período onde o álcool já não bastava mais e o músico passou a utilizar analgésicos pesados para controlar a ressaca do dia seguinte e, ao mesmo tempo, sentir algum tipo de “barato”. Nesse contexto, Cavalera se viu sem álcool por perto em um momento e recorreu a uma medida extrema:
Eu acabei indo ao banheiro e bebendo sabonete para as mãos, sabonete líquido para as mãos. Eu fui flagrado fazendo isso. Minha esposa abriu a porta, e eu estou com o jarro todo de sabonete líquido. Ela ficou, tipo, ‘Que porra você está fazendo?’. Eu fiquei, tipo, ‘Eu estou bebendo sabonete líquido. Eu preciso de ajuda’. Foi um daqueles momentos loucos.
Foi a partir desse episódio que Max resolveu, de fato, buscar ajuda e encontrou caminhos para chegar onde está hoje.
Max Cavalera e a jornada de recuperação do vício
Como o próprio ex-frontman do Sepultura conta, a sua jornada passou por uma clínica de reabilitação pois ele não se sentia capaz de lidar com tudo isso sozinho. Em uma fala com tons de desabafo, ele disse:
Todo mundo é diferente. Algumas pessoas conseguem fazer isso sozinhas, elas têm essa força de vontade. Eu realmente não conseguia. Eu não tinha tanta força de vontade assim. Então eu fui até um lugar, eu fiquei lá de seis a oito meses. Era na Flórida. E foi uma experiência miserável ali, só aprendendo. Eles enfiam essa merda na sua cabeça 24 horas por dia nas aulas. Eu senti muita falta da minha família.
Houve um médico que falou com a minha esposa. Ele basicamente disse, ‘Se ele continuar fazendo o que ele está fazendo, ele vai estar morto em alguns anos. Não tenho nem dúvidas’. Essas coisas fazem você abrir os olhos para a realidade. Eu comecei a ver as coisas de outra perspectiva.
E eu fiquei, tipo, eu trabalhei tanto a minha vida todo. Eu consegui sair do Brasil. As chances eram de um em um bilhão contra [mim]. Eu fiz tudo isso. E eu vou jogar tudo isso fora por essas merdas de drogas e álcool? Não, cara. Eu não quero fazer isso. Mas é difícil.
Por fim, como dissemos logo no início, Max Cavalera se descreve como um “viciado por natureza” e deixa bastante claro que não acreditar estar “totalmente curado”. Segundo ele, o vício estaria “provavelmente dormente” neste momento, o que o obriga a estar sempre atento para controlá-lo.
Você pode ouvir a entrevista inteira de Max logo abaixo.