Quando se fala na febre Emo no Brasil, poucos nomes vêm à cabeça se não o do Simple Plan. Emblemática por ser uma das primeiras a trazer a sonoridade ao país com hits como “I’m Just a Kid” e “Perfect”, a banda já tem mais de 20 anos de carreira e voltou mais forte do que nunca em 2022 com seu novo álbum Harder Than It Looks.
O trabalho é, ao mesmo tempo, uma evolução natural da sonoridade do grupo e uma ode aos tempos de ouro, simbolizando muito bem o atual momento vivido por toda a cena Pop Punk que vem despontando novamente, ganhando novos membros — jovens e diversos, por sinal — e reverenciando seus velhos astros.
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Em um papo pra lá de sincero, o baterista Chuck Comeau conversou com o TMDQA! sobre o intenso processo de composição de Harder Than It Looks e como ele foi muito além de simplesmente revisitar uma fórmula de sucesso. Além disso, Chuck comentou sobre a atual situação da cena da qual faz parte e até montou seu “EP ideal” do Simple Plan.
Confira tudo a seguir!
TMDQA! Entrevista Simple Plan
TMDQA!: Olá, Chuck! Prazer em falar contigo. É um prazer estar falando com você, sou fã de longa data e fiquei muito empolgado com esse novo disco! Queria começar te parabenizando pelo álbum e, sabe, logo no começo já dá pra perceber que ele tem uma vibe bem Pop Punk, algo que soa muito autêntico vindo de vocês. Como foi abraçar isso novamente e tentar voltar um pouco ao que fez vocês serem famosos em primeiro lugar?
Chuck Comeau: Primeiramente, obrigado pelas belas palavras! Eu realmente agradeço. Fico feliz que você tenha gostado do disco e goste da banda há tanto tempo, isso significa muito, eu aprecio isso.
Eu acho que você descreveu perfeitamente, eu acho que essa era realmente a ideia com o disco: abraçar aquilo que realmente fez a banda ser o que é. De verdade, voltar atrás e encontrar a essência do que o Simple Plan é, encontrar os elementos, os ingredientes que fazem uma música do Simple Plan, e eu acho que a gente realmente teve que se perguntar, e eu acho que nós sabíamos. A gente não demorou muito para descobrir; eu acho que a gente sabe o que nós amamos na nossa banda, e nós sabemos o que os nossos fãs amam na nossa banda. E eu acho que a ideia era realmente voltar, tipo passear por toda a carreira e história e voltar ao que conectou com as pessoas, ou que conectou conosco.
Se você olhar para isso com a perspectiva de um período de 20 anos e todos os álbuns que já lançamos, tipo, eu acho que realmente o que faz o Simple Plan ser o Simple Plan é meio que essa energia jovem, as músicas rápidas, bem na sua cara, e as músicas tensas e, sabe, a vibe Pop Punk acelerada. Então obviamente isso é parte da receita do que torna essa banda especial, eu acho, em diversas formas. Mas também é questão de ser um livro aberto, ser realmente honesto e sincero e não ter medo de ser vulnerável e pessoal. E acho que isso é o que nos diferencia de tantas outras bandas. E talvez no estilo, onde temos músicas como “Perfect” e “Untitled”, e temos músicas como “Crazy”, e músicas que abordam temas sociais mas também algumas outras bem pessoais. Nós temos as músicas emotivas, as baladas, as outras mais, sabe…
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Não estou dizendo que somos a única banda, mas isso definitivamente é uma marca registrada, algo que os fãs amam e que nós amamos fazer. E eu acho que a banda é realmente boa nisso, então isso teve que se parte da mistura. E também, tipo, uma coisa mais introspectiva, talvez até mais sombria, como o terceiro álbum que foi um pouco mais… um pouco mais profundo. Isso é parte do vocabulário da banda e de como nós escrevemos músicas, e também da parte divertida de tudo isso.
E eu diria que o último elemento é escrever esses grandes refrães que, quando você ouve uma ou duas vezes, você consegue lembrar dele e por que ele grudou e é algo que parece que, sabe, tem uma questão de fazê-los soarem “gigantes”. E isso é a forma como o Pierre faz música. É isso que eu amo, porque eu quero que seja muito memorável e grudento e, tipo, o mais inesquecível possível.
Então a ideia toda era criar um álbum que seria um clássico, simples assim. Nós teríamos que ter tudo isso junto, mas é fácil dizer, “Ah, nós precisamos disso e daquilo”, mas realmente executar isso, fazer isso na vida real, não só na teoria… essa é a parte difícil. Essa a parte que, sem trocadilhos, é harder than it looks [mais difícil do que parece], sabe! [risos] Conseguir fazer isso.
Acho que é uma das razões pela qual fizemos o disco assim, porque por mais que seja só, tipo, “Ah, sim, vamos fazer isso, vamos encontrar a essência da banda e fazê-la soar moderna e nova”. Bom, ok, é meio que um desafio. Então eu acho que às vezes você só escreve uma música e sente que ela tem todos os ingredientes certos, mas por algum motivo a magia só não opera. Acho que com esse disco, nós só escrevemos e deixamos rolar até a magia funcionar.
E nós olhávamos pra trás e íamos para os nossos carros e ouvíamos a música depois das sessões de gravação e simplesmente sentíamos aquela adrenalina lá dentro, no estômago e no coração, quando você simplesmente que, é, essa é pra valer, tipo, isso está me acertando em cheio, sabe? Então eu acho que também vai acertar os fãs em cheio.
Esse era o objetivo. Nós tínhamos que sentir que, se nós fôssemos fãs, nós iríamos querer ouvir as músicas e sentir tipo, “Ah, sim, essa é a minha banda preferida, eles voltaram!”. E meio que era essa a tarefa, a missão era acertar 10 vezes isso, sabe? E ter um disco diverso e que representaria tudo que já fizemos em nossa carreira, além de novas coisas, novas coisas que nunca fizemos antes. Tipo, eu penso em uma canção como “Iconic”, que é provavelmente uma das que mais me empolga nesse álbum e, digo, nós estávamos um pouco com medo, tipo, “Isso parece um pouco diferente, não sei se os fãs vão gostar dela”. E agora que o disco saiu, ela se tornou meio que uma das preferidas, o que é algo que me deixa bem feliz.
“Anxiety” também é diferente, é um pouco mais sombria, tem aquele sentimento de Reggae que nós tivemos em “Summer Paradise” mas, ainda assim, estamos assumindo alguns riscos. Voltando às nossas origens, sabe, abraçando quem nós somos, mas ao memso tempo seria chato fazer isso se não estivéssemos nos desafiando e desafiando nossos fãs também, tentando adicionar novos sabores e novas vibes. E sei lá, eu acho que o disco, quando eu o ouvi na íntegra, eu senti qualquer coisa — tipo, exatamente o que eu te descrevi, é exatamente sobre isso que estou falando, e nós termos sido capazes de fazer isso de verdade é algo que me empolgou bastante.
TMDQA!: Que demais. E você mencionou a parte desafiadora, mas ao mesmo tempo é divertido, né? Porque deve ser uma experiência única voltar às origens — tipo, nós éramos adolescentes quando isso tudo começou, ou pelo menos éramos todos mais novos, e eu sinto que esse disco meio que retoma alguns temas que vocês exploraram antes mas talvez com uma maturidade emocional diferente, de um jeito que faz vocês conseguirem continuar se relacionando com as mesmas pessoas de antes.
Chuck: Esse é provavelmente um dos — quer dizer, você está absolutamente coberto de razão, esse é provavelmente um dos maiores desafios para essa banda, tipo, “Ok, como você mantém a essência mas, ao mesmo tempo, como você reflete o fato de que você não tem mais 21 anos ou 19 anos de quando escreveu No Pads, No Helmets…Just Balls?”. E, de várias formas, isso continua igual. Porque o fato de estarmos nessa bada, eu acho que há algo que te mantém jovem e te mantém conectado à sua juventude, por você ver todos esses fãs jovens que vêm aos shows e se manter atualizado em tudo que está acontecendo e tudo mais.
Mas, ao mesmo tempo, você está mudando, você tem papéis diferentes na vida. Agora, nós somos pais, nós estamos casados, uau! Nós estamos, sabe, você tem novos problemas, novas realidades, novos desafios e novos obstáculos para enfrentar e é interessante, porque mesmo que os obstáculos sejam diferentes, a emoção que eles fazem você sentir é de alguma forma semelhante. Tipo, quando você está passando por algo difícil, sabe, com sua primeira namorada, ou você está terminando e alguém parte seu coração quando você tem 19 anos, comparado a algo como estar em um relacionamento ou um casamento e tentar fazer isso funcionar, e ter dificuldades e, sabe, há diferenças, é algo muito maior, mas ao mesmo tempo, de diversas formas, é bastante semelhante. É tipo, a mesma emoção crua que você sente.
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Tipo, quando você sente que ninguém te entende quando você tem 19 anos… bom, você pode ter esse mesmo sentimento! Quando você fica pensando, tipo, “O que eu faço com essa carreira? Devo continuar com essa banda? É isso que eu quero fazer? Será que as pessoas ainda ligam?”. Então, de diversas formas, é tipo, as coisas mudaram e você tem uma realidade diferente, e nós realmente queríamos que esse disco refletisse isso. Não queríamos que ele tentasse fingir que temos 21 anos de idade e estávamos escrevendo músicas que seriam estranhas para cantarmos; essa era, tipo, a única coisa que precisávamos evitar.
Mas ao mesmo tempo, sabe, há muitas coisas que são muito universais, que você pode sentir aos 20 anos e você pode sentir aos 40 e pode sentir aos 60. E até, tipo, depois na vida. Então eu acho que às vezes toda essa coisa juvenil é meio que rotulada de uma maneira injusta porque eu acho que muitas pessoas da nossa idade — não sei quantos anos você tem, mas estou assumindo que você é mais ou menos da mesma geração que nós —, sabe, a gente ainda vive do mesmo jeito, temos as mesmas questões, os mesmos problemas, nós todos também queremos pertencer, queremos ser amados, nós não queremos ser rejeitados, nós queremos que as pessoas acreditem em nós, nós queremos ter sucesso, temos medo de falhar. Todos estamos procurando um significado, todos pensamos se estamos no caminho certo ou se devemos fazer as coisas de um jeito diferente; nós temos medo de mudanças, mas também nos empolgamos com as mudanças. Eu acho que há tanto que as pessoas têm em comum e eu acho que, enfim, para voltar ao álbum e às músicas, eu acho que o tema ou uma das coisas chave do Simple Plan e das nossas composições é que sempre fomos um livro aberto, sempre muito honestos.
Nós sempre tentamos escrever sobre o que vivemos da forma mais honesta possível, e eu acho que é isso que tentamos fazer com esse disco. Nós tentamos e, às vezes, houve momentos em que dissemos, “Ok, quer saber? Isso soa um pouco como se estivéssemos tentando ‘conquistar’, não soa como nós agora mas como se estivéssemos tentando ser nossas versões de 21 anos”, e aí dizíamos, “Ok, quer saber? Isso não está funcionando, isso soa meio falso, não soa real”, e aí você meio que corrige.
Então, nós realmente queríamos ter tipo uma reflexão de quem somos, mas também queríamos que as músicas se conectassem com o nosso público, com os fãs. Então é encontrar esse equilíbrio e, sim, é complicado. Mas eu acho que quando falamos desse disco, nós fomos capazes de alcançar meio que um lugar bem feliz em relação a isso, e continuar seguindo com o mesmo tema que temos durante toda a nossa carreira que é, tipo, a vida nem sempre é fácil. Há obstáculos e não é como se não fosse ser desafiador, e às vezes vai parecer que não há solução e isso vai parecer algo meio desesperador, mas se você aguentar firme, se você não desistir, as coisas podem melhorar.
Sempre há esse sentimento de esperança que eu espero que nossa música dê aos nossos fãs. E eu sei que elas me dão isso quando eu as escrevo e, quando eu trabalho nas músicas, eu sinto que isso é super importante; que nem tudo é sombrio, nem tudo é positivo, é só que há obstáculos e se nós realmente acreditamos em nós mesmos e, se nós seguirmos com força através deles, nós podemos ser melhores e nós podemos olhar pra trás e sentir, tipo, “Cara, isso foi ótimo mesmo que tenha sido tão difícil. Eu sou muito grato por ter acontecido comigo porque agora eu sou mais forte, eu sou mais resiliente, e eu fiz isso ser de verdade, eu sou uma pessoa melhor por causa disso”. E eu acho que isso, de certa forma, resume bem vários dos temas dos quais falamos em nossas músicas.
TMDQA!: E realmente a primeira coisa que eu percebo nesse disco é que ele soa autêntico. É o que você falou, não soa como se vocês estivessem tentando ter 21 anos, soa como uma conexão entre nós e vocês. E, bom, eu tenho 28 — então eu era bem novo quando vocês começaram a lançar coisas! Mas estou trazendo isso porque, hoje em dia, tem muita gente até mais nova ouvindo todo esse revival do Pop Punk e até participando dele. Obviamente, muitos se inspiram em vocês, da mesma forma que vocês se inspiraram no Green Day e tudo mais. Como é ver essas pessoas nos shows e nos palcos, tão influenciados pela música de vocês?
Chuck: Eu acho que é realmente bem empolgante esse momento de agora onde há novos artistas surgindo que estão meio que sendo influenciados por um som do qual, eu acho, nós fomos uma grande parte e até meio que ajudamos a criar. E, sim, não há sentimento melhor do que quando uma jovem banda vem até você e diz, tipo, “Cara, vocês são o motivo para eu tocar bateria” ou “para eu estar em uma banda”.
O que eu acho realmente interessante é que há tantos pais que tiveram filhos e agora os filhos deles estão curtindo a nossa música, e é um pouco estranho a princípio porque você fica meio que, tipo, “Eita, peraí, segura um pouco, como isso aconteceu?” [risos] Mas ao mesmo tempo, tipo, sejam irmãos mais velhos ou pais ou primos ou amigos ou o que for, a gente não se importa com como as pessoas nos descobrem, mesmo que seja através do Scooby-Doo ou um filme ou o TikTok, qualquer coisa, desde que você esteja curioso sobre a nossa música, nós vamos te receber bem e estamos muito felizes que você esteja aqui conosco.
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E agora com as plataformas de streaming, tipo, você tem acesso a tudo ao vivo. Tipo, eu consigo, ao encostar em um botão ou em uma tela touch com a ponta dos dedos, ouvir a nossa discografia inteira, todo nosso catálogo, todas as nossas músicas. E eu acho que isso realmente remove várias barreiras e as pessoas podem se tornar fãs dessa forma e, em um dia, elas podem ouvir seis álbuns. Isso é incrivelmente empolgante! E nós vemos que o show tem tipo, pessoas jovens que conhecem todas as músicas, e tem o pessoal hardcore que está conosco desde o primeiro dia. Nós sempre recebemos bem todo mundo; se você nos conhecer por cinco minutos e você amar a banda, ou você nos conhecer há 20 anos, nós ficamos felizes do mesmo jeito por você estar ali.
E é empolgante. Eu espero que, por conta do que está acontecendo, mais pessoas descubram a banda. Porque pra mim, tipo, sempre foi o sonho. Nós sempre queremos alcançar mais pessoas, nós sempre queremos fazer shows maiores e ter mais pessoas conectadas à música, e nós nunca nos escondemos de fato dessa ambição. Esse sempre foi nosso objetivo: tocar o máximo possível de pessoas, emocionalmente e com as nossas músicas e letras.
TMDQA!: Faz todo sentido. Dessa nova geração de artistas, você tem algum favorito ou alguém que realmente chama sua atenção?
Chuck: Ah, sim, várias! Nós estamos levando conosco na turnê uma banda chamada Magnolia Park, eles são uma banda bem nova, acho que só têm um álbum. E o que eu gosto deles é que eles têm, eu acho, dois membros negros na banda, o que eu acho que é algo que não aconteceu o suficiente no Pop Punk. E eu acho que isso está ajudando, acho que isso é ótimo. Nós escolhemos eles para serem a banda de abertura porque eles são ótimos — não é só por terem essas pessoas, mas eu acho que é algo que nós queremos apoiar.
Quando pessoas diversas vêm para esse estilo e mostram carinho com ele e aí fazem isso bem, nós precisamos ser inclusivos, nós precisamos dar boas-vindas a essas bandas, esses artistas, porque é tipo — o Pop Punk é para todos. E a música alternativa sempre foi o Rock pra todo mundo. Então eu acho que é incrivelmente empolgante quando você vê que a música tem um impacto fora da bolha que você acha que geralmente vai ouvir esse tipo de músico. Então, acho que eles são uma que eu acho empolgante.
Eu diria também que, até artistas como a Willow, é a mesma coisa. É realmente legal ter artistas tão grandes que gostam tanto do Pop Punk. Tem um cara chamado iann dior que eu gosto demais, eu acho que ele é incrível. E é meio que louco que ele, tipo, ele quer fazer Pop Punk! Porque ele sabe fazer Rap e tudo mais, mas o rolê dele é querer fazer Pop Punk e Rock. E é só, tipo, “Uau, é tão legal que esse som nosso, que muita gente disse que estava morto e nunca iria voltar novamente, tem todas essas pessoas jovens que estão pensando, ‘É isso que eu quero fazer'”. Isso é empolgante. Tem as guitarras, as baterias, e eu acho que volta para o que eu disse sobre como eu me sinto quanto a esse estilo de música e por que eu acho que ele não se perde com o tempo e por que eu sinto que, de alguma forma, ele sempre vai estar por ali. Porque quando você o ouve, há algo que — eu acho que a palavra que você usou foi “autêntico”. E eu acho que as pessoas conseguem ouvir isso, as pessoas conseguem sentir isso, que é real. É genuíno, vem do coração, é honesto e é incrivelmente grudento e divertido, mas também é incrivelmente profundo e pessoal e emotivo. Acho que essa é a combinação, e isso é muito legal.
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Há outros artistas que eu gosto, tipo o YUNGBLUD — nós o vimos na Warped Tour antes de qualquer coisa acontecer com ele, ele estava literalmente acabando de começar mas já havia muito barulho sobre ele e nós o pegamos para cantar “I’m Just a Kid” conosco durante toda a turnê, basicamente. Foi muito legal fazer parte dos primeiros dias de alguém que eu sabia que iria realmente estourar e se tornar bem grande. Foi bem legal tê-lo dividindo o palco conosco e cantando conosco, legal mesmo. Gosto muito dele.
E não podemos ignorar o Machine Gun Kelly e a influência que ele tem. Acho que muita gente vai criticar mas, pra mim, qualquer pessoa que quer fazer esse tipo de música e está fazendo isso com o alcance que ele tem, é incrível, é empolgante, ajuda todo mundo da cena e eu acho que isso é uma coisa ótima.
TMDQA!: Entendo. Queria falar um pouco também sobre o Brasil, porque é certamente um local onde eu sinto que há muito amor mútuo entre os fãs e vocês. Você tem uma memória favorita de suas passagens por aqui? Como estão as expectativas para voltar?
Chuck: Nossa, cara, tantas memórias incríveis. Tipo, de novo, eu sei que nós já falamos isso um milhão de vezes, mas há uma conexão especial. Há algo incrível que acontece conosco no Brasil, é o nosso lugar preferido — um dos nossos lugares preferidos de tocar no mundo inteiro. É tão divertido ir até aí. Os fãs fazem com que a gente se sinta como os Beatles, é incrível, é realmente impressionante.
Eu tenho tantas memórias, tipo a primeira vez que fomos foi em 2005, em um MIX Festival ou algo assim. E nós não podíamos acreditar em quantas pessoas estavam lá; nós éramos a atração principal e eu acho que tinha 50 mil pessoas e nós estávamos um pouco nervosos, porque nós nunca tínhamos tocados aí antes. E, claro, foi a recepção mais incrível e as pessoas amaram cada minuto do show. E desde então, sempre que tocamos no Rio de Janeiro, em São Paulo, eu me lembro — eu não sei em que cidade você está, mas há um lugar no Rio em que nós tocamos que é um local bem antigo onde eles colocam as pessoas sentadas nas varandas e é só, tipo, elas estão sentadas e todo mundo está amontoado, é um lugar tão icônico.
TMDQA!: É o Circo Voador!
Chuck: É, acho que é isso! Tipo, é tão legal tocar ali e foi tão incrível. É tipo, eu tenho fotos na minha cabeça; é tipo agora com as redes sociais que a gente tira um monte de foto, eu ainda consigo ver aquela noite na minha cabeça de tão legal que foi. E só, tipo, até do lado de fora dos hotéis e aeroportos e tudo mais, nós nos sentíamos tão amados e bem-vindos.
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Então, definitivamente planejamos voltar e esperamos que seja no começo de 2023 ou, enfim, em algum momento de 2023, e esperamos que possamos tocar no máximo possível de cidades. É um lugar muito especial pra nós.
TMDQA!: Vamos estar esperando vocês! Pra fechar a entrevista, tenho uma pergunta bem difícil. Se você tivesse que montar um EP com, sei lá, as cinco músicas essenciais do Simple Plan… o que você escolheria?
Chuck: Ah, cara, uau! Cinco músicas da nossa discografia inteira! Cacete… Bom, eu teria que escolher uma de cada álbum. Eu acho que, no primeiro disco, vou com “Perfect”. Eu acho que é provavelmente a música que, sabe, ainda que “I’m Just a Kid” seja enorme e uma música importante para nós agora, especialmente com o revival no TikTok e tudo mais, eu diria que “Perfect” é provavelmente aquela música essencial do Simple Plan que faz parte do No Pads, No Helmets…Just Balls. É a que realmente moldou nossa carreira e eu acho que é um dos motivos pelos quais fomos capazes de deixar de ser apenas uma banda, tipo, Top 40 da MTV para algo que dura mais tempo.
Acho que fez toda a diferença termos uma música que era emotiva assim, que era profunda assim. Acho que nos levou de um mundo que era, tipo, “Ok, legal, bandas Pop Punk”, para, tipo, uma banda que é um pouco mais — e eu uso essa palavra um pouco demais — mas uma banda um pouco mais atemporal, algo que você ainda pode amar 20 anos depois. Então, é, essa foi uma grande.
“Welcome to My Life”, no segundo disco. Eu acho que é a que realmente nos fez estourar ao redor do mundo, como no Brasil, especialmente. Eu acho que essa é a que meio que abriu a porta para que pudéssemos fazer turnês por toda a Europa e Austrália e… não, isso não é verdade, eu retiro o que eu disse, a gente já era bem grande [nesses lugares] com o No Pads. Mas na América do Sul e México, essa abriu tantas portas. E é só uma das músicas que eu acho que as pessoas pensam quando pensam em Simple Plan, “Welcome to My Life” é sempre uma das primeiras.
No terceiro disco eu diria que vou ter uma escolha controversa, mas acho que “Save You”. Meio que é uma canção muito emotiva, é muito pessoal, é sobre o irmão do Pierre batalhando contra o câncer, e há algo que é tão essencialmente Simple Plan nessa música que faz eu me sentir que isso é quem nós realmente somos.
No quarto disco, eu diria que é 50/50. Eu vou ter que escolher seis músicas, foi mal, cara! “Jet Lag” e “Summer Paradise”. “Jet Lag”, eu acho, é menos por ela ter sido um grande sucesso ao redor do mundo — e, sabe, isso é bem legal, mas foi a primeira vez que tivemos um dueto com uma mulher cantando e isso foi bem legal. Mas “Summer Paradise” abriu as portas para que nós tentássemos coisas diferentes e fizéssemos estilos diferentes com sucesso; foi uma música enorme na Europa, número um na Europa, na Austrália, em vários lugares do mundo. Nós tivemos tanto sucesso com ela e meio que nos deu um segundo “empurrão”.
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Tipo, sabe, você tem aquele primeiro momento com o primeiro e o segundo discos, e aí isso nos deu um segundo momento na nossa carreira onde sentimentos que, “Ei, quer saber, a gente ainda consegue conquistar novos sonhos e objetivos e novas coisas, e ainda podemos crescer como banda e alcançar mais pessoas!”. E nós podemos nos permitir tentar novas coisas assim, coisas que não são exatamente o que o Simple Plan faria, tipo isso ter essa vibe meio verão, Reggae, que nunca tínhamos feito antes. E foi enorme! Então essa foi realmente uma canção bem grande e importante pra gente.
E eu diria que, pra última música, eu escolheria “Iconic” do novo disco. Sabe, é tão difícil com esse novo disco — poderia ser “The Antidote”, porque eu acho que ela realmente representa a banda e os fãs e o relacionamento que temos. E, porra, eu esqueci de “This Song Saved My Life” que também é sobre isso! Mas eu acho que, no fim das contas, isso meio que representa o motivo pelo qual começamos a fazer isso. É algo emotivo, mas cheio de energia, fala sobre essa banda e nossos fãs, mas eu acho que “Iconic” é o próximo capítulo.
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Eu acho que essa é, tipo, falar sobre seguir o seu sonho e ser quem você quer ser e meio que se recusar a seguir as regras e seguir o seu coração ao invés disso, sem deixar que as pessoas destruam seus sonhos e realmente ir atrás de quem você quer ser e sonhar com fazer algo especial e excepcional na vida. Eu acho que se há algo que tem o DNA do Simple Plan todinho, é realmente isso, esse tema de querer, de não deixar os haters te derrubarem mas sim de conseguir alcançar algo especial. Acho que são esses temas que sempre estiveram nas nossas músicas, mas acho que aqui isso é feito de uma forma totalmente moderna. Ainda é a gente, mas tem cara de 2022, parece atual.
Também acho que essa é a maior em quesito de refrão; é provavelmente um dos maiores refrães que já escrevemos em nossas vidas, é algo com um impacto tão grande e poderoso. E eu só espero que essa música seja ouvida e que se torne um hit e que as pessoas… sabe, essa é a que a gente acha que pode alcançar novas pessoas, talvez de fora da base de fãs. Então, por isso, é uma música chave pra mim.
TMDQA!: Incrível! Chuck, muitíssimo obrigado pelo papo. Foi um prazer falar com você.
Chuck: [em português] Obrigado! [em inglês] Obrigado por todas as palavras gentis e por ser um fã por tanto tempo. Eu aprecio isso. Tenha um bom dia, até mais!