Em 12 de Junho, o músico paulista Fernando Rosa atraiu a atenção do público ao tocar no último dia do Vibra Open Air, maior evento de cinema ao ar livre do mundo que aconteceu no Jockey Clube, em São Paulo.
O baixista se apresentou antes da exibição do filme Summer of Soul (2021), documentário musical e registro histórico criado em torno do Harlem Cultural Festival, evento que celebrou a história, arte, cultura e moda afro-americana durante seis semanas no verão de 1969.
O cultuado festival contou com shows de grandes nomes da música nos Estados Unidos como Stevie Wonder, Nina Simone, Sly and the Family Stone, Gladys Knight and the Pips e muitos outros.
A apresentação de Fernando Rosa carregou a missão de recriar o ambiente do Harlem Festival e, além da participação especial da cantora anglo-jamaicana-nigeriana Jesuton, ele foi acompanhado no palco por Michel Lima no teclado e Samuca Correa na bateria.
No repertório, não faltaram hits do Soul, Funk e Disco, embalando a plateia com versões inéditas de clássicos da black music dos anos 1970 e 80, como “Don’t Stop Till You Get Enough”, de Michael Jackson, “I Wish”, do já citado Stevie Wonder, e “Let’s Groove”, do Earth, Wind & Fire.
Fernando, cujas influências serviram de trampolim para desenvolver um estilo próprio, promove em suas apresentações uma mistura deliciosa da Música Brasileira, Soul, Hip Hop, Experimental, Fusion e, lógico, Jazz. Inclusive, ele já realizou shows com ingressos esgotados na Europa.
Fernando Rosa se destacou durante a quarentena
Na pandemia, Rosa começou a apostar nas redes sociais e deu um salto para mais de 450 mil seguidores, ganhando admiradores famosos no mundo inteiro como Lenny Kravitz, Spike Lee, Slash, Adam Levine, Stefan Lessard e DJ Lord.
O brasileiro vem se destacando tanto que se tornou o primeiro baixista do país a ter um instrumento criado pela marca Fender especialmente para ele. Tá bom ou quer mais?
Com tamanha repercussão, o TMDQA! conversou com Fernando Rosa para saber mais sobre a apresentação no Vibra Open Air, o sucesso nas redes sociais e mais detalhes da parceria do músico com a Fender. Confira todo o papo a seguir!
TMDQA! Entrevista Fernando Rosa
TMDQA: Oi, Fernando! Obrigado por tirar um tempinho pra falar conosco. Queria começar perguntando sobre o que já rolou, a apresentação no Vibra e toda a questão do “Summer of Soul”. Como foi participar disso e assistir a essa obra que tá tão ligada com o trabalho que você realiza diariamente?
Fernando Rosa: Participar do “Summer of Soul” foi uma grande honra por tudo o que o documentário significa. Tem toda uma força, um idealismo dentro disso, além da música e do evento em si. E com certeza isso fala diretamente com o trabalho que eu tenho realizado. Estrelas como o Stevie Wonder e Nina Simone estão entre os grandes artistas que participaram e fizeram com que esse evento se tornasse uns dos mais importantes em termos de música e direitos civis dos negros americanos. A minha música fala muito sobre isso porque eu tenho dentro do meu repertório todos esses artistas.
Ter um show de abertura para um documentário que ficou silenciado por tantos anos e que finalmente pôde ser televisionado tem um sabor muito especial para mim. Poder representar esse som tanto no Brasil como no mundo é uma experiência incrível. Eu tive a honra de ter a Jesuton cantando comigo. Foi incrível. Foi um evento de grande qualidade e com artistas incríveis. Eu só tenho a agradecer.
TMDQA: O seu trabalho como músico é inquestionável, claro, mas é curioso observar como o formato de lives acabou tendo um efeito tão grande na sua carreira, assim como as redes sociais. Hoje, como você enxerga esse encontro da carreira de músico com a de influenciador digital e como tem sido explorar esse lado que muitas vezes é deixado de lado por muita gente?
Fernando Rosa: A rede social foi um divisor de águas na minha carreira e com certeza o que eu alcancei em dois anos com lives e vídeos trabalhando nesse período eu não conquistei em quase 30 anos de carreira. Eu me assustei até. Para mim, foi uma surpresa porque eu não tinha isso planejado. Com todo mundo em casa, eu comecei a utilizar a ferramenta.
Mas eu não imaginava a força que isso tinha e como poderia me impulsionar. Na música, as pessoas que souberam aproveitar tiram uma vantagem enorme. Hoje o mundo gira em torno disso. A internet te leva a lugares que você nunca imaginou. Eu sou uma prova viva de que a internet é uma ferramenta de grande auxílio para qualquer artista.
TMDQA: Não dá nem pra citar aqui o tanto de gente incrível que te segue. Mais do que o status que isso traz, quão importante é esse reconhecimento quando você olha para toda a sua trajetória até chegar no ponto em que está hoje?
Fernando Rosa: É de uma grande importância para mim e um dos motivos é que muitas destas pessoas que estão me seguindo e que me acompanham ali na rede, que me elogiam, me mandam comentários e mensagens e que me convidam para tocar são pessoas que eu tenho como referência. Algumas delas eu acompanho minha vida inteira e agora poder falar com elas e até gravar com elas e ter o respeito desses grandes artistas é uma sensação incrível.
Eu nunca poderia imaginar que pudesse chegar perto de pessoas que eu tenho contato e convívio hoje em dia. Complementando a pergunta anterior, isso só mostra o quanto o mundo ficou pequeno. Eu não preciso pegar um avião ou participar de festas para cruzar com as pessoas. Está tudo conectado pela internet. Eu recebi mensagens até de gente de Hollywood, do mundo inteiro, na verdade. Também esportistas e jornalistas. Foram abertas muitas portas para mim. Graças a Deus tudo está dando muito certo.
TMDQA: Queria que você contasse um pouco mais sobre essa colaboração com a Fender. O que isso significa pra você, enquanto baixista e enquanto músico brasileiro?
Fernando Rosa: A Fender faz parte da minha vida desde que eu iniciei. A empresa que popularizou o contrabaixo elétrico, que o colocou em linha de produção e fez com que isso virasse um produto foi a Fender. Ela é sinônimo de música e de ídolos. Um monte de músicos consagrados usam Fender, dos mais consagrados aos mais modernos, de John Mayer a Jeff Beck. A Fender faz parte da história da música. A música foi construída com a Fender e ter a oportunidade de ser o primeiro brasileiro a ter um endorse direto com a Fender — porque geralmente aqui no Brasil os endorses são feitos através de importadoras que representam a marca no país…
Eu tive um contato direto com a Fender e eles fizeram um contrabaixo especificamente para mim. Isso é incrível porque o sonho de todo músico é ter uma Fender. Eu lembro que eu era criança e aquilo era algo muito distante para mim, porque a exportação não acontecia como hoje. O mundo é globalizado agora, mas naquela época era um instrumento ou outro que você via importado.
A gente se contentava com o produto nacional, que era bom mas não se comparava com o produto internacional. Então, ter um instrumento deles com o meu nome é um sonho realizado. A empresa está dando muita abertura e essa para mim é uma conquista inédita.