13 de Julho chegou e, com ele, o famigerado Dia do Rock. A gente já te contou por aqui o motivo pelo qual esse dia celebra esse gênero tão querido para vários de nós e, na intenção de seguir nas comemorações, que tal explorar uma de suas vertentes mais famosas?
Há sempre um debate sobre o Metal ser parte do Rock ou não mas, olhando para a história do primeiro, é difícil não enxergar as suas origens diretamente ligadas ao segundo — daí a concluir se um ainda faz parte do outro, deixamos para uma discussão em outra hora.
O fato é que, dentre todas as comunidades que abraçam o Rock como estilo de vida, poucas o fazem com tanta paixão quanto a do Metal. Seja na forma dos truezões, os fãs que praticamente não aceitam qualquer música fora dos seus padrões, ou (cada vez mais, felizmente) na forma de pessoas que simplesmente são apaixonadas pelo peso e por tudo que ele traz, independente do restante de seu gosto musical.
Se hoje o Metal tem esse tamanho, muito disso se deve a uma evolução natural causada por discos que foram sendo lançados e alcançaram lugares muitas vezes inimagináveis. Nessa data especial, separamos 10 obras que cumpriram — e cumprem até hoje — esse papel.
Em tempo, por mais que essa lista tenha apenas discos lançados há pelo menos duas décadas, o Metal tem evoluído constantemente e vem alcançando novos ares. A gente inclusive te mostrou isso muito bem por aqui, quando separamos bandas que vem mantendo essa chama viva!
Confira a seguir!
1. Black Sabbath – Master of Reality (1971)
É claro que ao falar de origens do Metal, imediatamente estamos falando de Black Sabbath. Ainda que pudéssemos colocar qualquer disco da primeira fase da banda por aqui, é inegável a influência que Master of Reality teve nesse subgênero específico.
Os pesados riffs de canções como “Into the Void” e “Children of the Grave” representaram um passo gigantesco em uma direção mais pesada do que outros sucessos como “Paranoid”, que ajudaram a alavancar o Sabbath ao mainstream para que Master of Reality pudesse ter a influência que tem hoje.
Não à toa, é considerado por alguns o verdadeiro primeiro álbum de Metal da história.
2. Iron Maiden – The Number of the Beast (1982)
Mais de 10 anos após o surgimento do Black Sabbath, o Metal ainda era um gênero muito pouco representado. Ainda que houvessem aparecido grupos como Deep Purple e Judas Priest com suas respectivas e importantíssimas inovações sonoras, foi com o Iron Maiden que esse som realmente chegou às massas.
Eliminando as influências mais fortes do Blues e do Rock tradicional, o Maiden parecia mais próximo do Punk, com seus instrumentais velozes somados à voz marcante (tanto de Paul Di’Anno quanto de Bruce Dickinson!) para criar um som único, que até hoje é muito difícil de se replicar.
Com a chegada de The Number of the Beast em 1982, então, a banda chocou o mundo ao abraçar de vez a “estética do Metal”: caveiras, letras sobre Satã e tantos outros elementos que aos poucos foram se tornando marca registrada dessa cena.
3. Mercyful Fate – Melissa (1983)
Até então muito focada no Reino Unido, a cena do Metal finalmente foi se expandindo no meio dos anos 80 e chegou, entre outros lugares, aos países nórdicos. E, mais especificamente na Dinamarca, surgiu o influentíssimo Mercyful Fate que mudou a história do gênero em 1983 quando lançou Melissa.
Com faixas como a épica “Evil”, o grupo logo se estabeleceu como uma referência para quem buscava algo que saía do tradicional som britânico, sendo considerado parte da primeira onda do Black Metal. Também serviu, claro, para quebrar o estigma de que apenas eles poderiam fazer esse som, o que abriu portas para diversos outros artistas que vieram depois.
Prova de toda essa influência é a constante citação do Mercyful Fate como influência por verdadeiras lendas do Metal, incluindo integrantes do Slayer e do Metallica.
4. Metallica – Master of Puppets (1986)
E falando em Metallica… é claro que não poderia faltar um disco das lendas do Thrash Metal por aqui, e a escolha de Master of Puppets é quase que meramente ilustrativa já que os norte-americanos fizeram tantas contribuições ao gênero que é impossível elencá-las.
Desde a chegada de Kill ‘em All, o grupo de James Hetfield foi pouco a pouco ganhando seu espaço no mainstream — algo que, notavelmente, culminou com o Black Album anos depois. Pouco a pouco, a banda se transformou na maior representante do Metal no mundo inteiro, sendo conhecida até mesmo por quem nem curte tanto esse tipo de som.
Basta parar pra pensar: que outra banda seria capaz de colocar mais de 50 mil pessoas em um estádio para tocar uma música de mais de 8 minutos, como “Master of Puppets”, e ainda ter o público cantando junto do início ao fim?
5. Guns N’ Roses – Appetite for Destruction (1987)
Quando o assunto é popularização do Metal, é difícil não citar por aqui o Guns N’ Roses. Há uma eterna discussão sobre o estilo tocado pelos caras — desde Hard Rock até Glam Metal — mas, com o peso das guitarras de Slash, é difícil se deixar ser persuadido pelos vocais grudentos de Axl Rose e não classificá-los no mínimo como Heavy Metal.
Não é demérito nenhum, aliás, que o GNR tenha sido um dos principais responsáveis por apresentar esse som para a multidão de uma forma tão digerível quanto possível. Foi justamente isso que fez o grupo se destacar em meio a toda a onda Glam, que incluiu outros grandes nomes como Mötley Crüe e Skid Row, ambos bem-sucedidos mas que não chegam nem perto do tamanho do Guns.
Apesar da falta de atenção em seu lançamento, Appetite for Destruction logo conquistou o público e foi capaz de apresentar o Metal para uma audiência totalmente nova, que se apaixonou pelo riff potente de “Welcome to the Jungle”, pela melodia inesquecível de “Sweet Child O’ Mine” ou pela intensa “Paradise City”, entre tantas outras.
6. Ratos de Porão – Brasil (1989)
A cena de Metal no Brasil começou bem antes de 1989, é claro, mas era muito reservada ao underground. Surpreendentemente, foi em uma de suas versões mais políticas, críticas e pesadas que começou a furar a bolha — falamos do Ratos de Porão, com o inestimável disco Brasil, de 1989.
Com sucessos como “Beber Até Morrer”, “Aids, Pop, Repressão” e “Amazônia Nunca Mais”, a banda liderada por João Gordo começou a ganhar relevância nacional e internacional e abriu os olhos de todo um novo público para o que já vinha acontecendo há anos no “submundo”.
Para além da contribuição musical, é sempre importante citar que, anos depois, quando Gordo entrou na MTV em 1996, tudo isso ganhou ainda mais potência e o Metal passou a ser ainda mais visto.
7. Pantera – Vulgar Display of Power (1992)
No final dos anos 80, o público que curtia o som pesado começava a enxergar um dilema. Por um lado, o Metal estava mais popular do que nunca — bandas como o Guns N’ Roses lotavam estádios com facilidade. Por outro, no entanto, a pegada underground vinha sendo substituída cada vez mais por algo comercial, palatável para o grande público.
Dessa necessidade surgiu o Pantera, que ressignificou sua sonoridade com o lançamento do aclamado Cowboys From Hell em 1990 mas atingiu um patamar absolutamente especial em Vulgar Display of Power, trabalho de 1992 que é a base para inúmeros subgêneros do Metal que habitam a cena atualmente.
Se a faixa-título da obra de 1990 foi uma revolução por si só, o peso e a agressividade trazidos em “Walk”, “Mouth for War”, “Fucking Hostile” e “Rise” eternizaram o Pantera na história do Metal. Isso sem nem falar na importância do groove para essa sonoridade, como fica mais do que evidente em “This Love”.
8. Sepultura – Roots (1996)
Voltando ao Brasil, simplesmente não é possível montar uma lista dessa sem a presença do Sepultura. E a escolha natural por aqui é Roots, trabalho mais do que único que chegou para revolucionar de vez a forma como o público (nacional e internacional) consome o Metal.
Considerado um dos precursores da sonoridade Nu Metal, que viria a dominar os anos 2000, Roots se apoiou justamente nas raízes brasileiras do grupo para construir um som único que soma groove e peso, expandindo o trabalho que começou a ser feito pelo Pantera anos antes e parece ter sido absorvido sob um significado único para o Sepultura.
A banda brasileira é tão influente que poderíamos ter citado aqui diversos outros discos, como os excelentes Arise e Chaos A.D., mas é difícil contestar o quanto Roots ajudou o Metal a se popularizar em território nacional e quantas portas ele abriu para bandas como Slipknot e tantas outras.
9. Linkin Park – Hybrid Theory (2000)
É quase que um ciclo natural dentro do Metal: as coisas surgem no underground, em suas formas mais pesadas, mas logo ganham espaço comercial a partir de bandas que são capazes de tornar aquilo mais palatável para o grande público. Esse foi o papel cumprido pelo Linkin Park no início dos anos 2000 com relação às bandas dos anos 90.
Influenciada fortemente pelos trabalhos de Pantera e Sepultura, por exemplo, a banda liderada pelo saudoso Chester Bennington foi capaz de manter todos os elementos característicos — peso, groove, guitarras, etc. — e imaginar uma forma na qual tudo se encaixa de forma belíssima, sendo complementado pela inigualável voz de Chester que fazia até os mais resistentes tolerarem (e até curtirem) seus gritos épicos.
É difícil que surja uma nova banda com tanta influência quanto o Linkin Park, que seja capaz de ressignificar o Rock (e o Metal) de um jeito tão importante.
10. System of a Down – Toxicity (2001)
De modo contemporâneo ao Linkin Park, quem também despontou com muita força foi o System of a Down, em especial com a chegada do aclamado Toxicity em 2001. Resgatando o teor político e crítico que não era visto no mainstream dos EUA há alguns anos, o grupo foi responsável por alguns dos hits mais pesados da história do país.
Claro que falamos de canções como “Chop Suey!”, que são capazes de unir belas e extravagantes melodias com elementos do Punk e até do Hardcore incorporados de maneira única, gerando uma sonoridade que conquistou uma legião de fãs que acompanha a banda até hoje, mesmo tantos anos depois.
O fim dessa lista, felizmente, não representa o fim da trajetória do Metal. Outros artistas vêm surgindo com força nos últimos anos e levantando suas próprias versões do gênero; por aqui, a gente sempre destaca nomes como Bring Me the Horizon, Spiritbox, Nova Twins, Loathe, Deafheaven e tantos outros que vêm escrevendo a nova história do Metal.
Seguimos acompanhando!