Música

ARTISTA DO MÊS: Tim Bernardes e os Mil Caminhos entre o Indie e a MPB

Dono de um dos melhores discos do ano com "Mil Coisas Invisíveis", Tim Bernardes é o Artista do Mês do Tenho Mais Discos Que Amigos! Confira papo exclusivo.

Tim Bernardes é o Artista do Mês TMDQA!
Foto por Biel Basile

Foto de capa por Biel Basile

Intimista e, ao mesmo tempo, expansivo. É esse paradoxo que melhor define a carreira de Tim Bernardes nesse momento e, ao mesmo tempo, o seu mais novo lançamento Mil Coisas Invisíveis, que explora os caminhos entre o Indie e a MPB.

É exatamente por isso que o cantor e compositor paulista é o Artista do Mês do Tenho Mais Discos Que Amigos! e, em um papo exclusivo que passou por temas que englobam não apenas o novo álbum mas toda a carreira, solo e com O Terno, Tim nos levou por uma verdadeira jornada por dentro de seu mundo musical.

Com a conversa, o sucessor de Recomeçar (2017) ganha uma profundidade ainda maior. Tim deixa claro que as 15 músicas de Mil Coisas Invisíveis são 15 “novos lados” de seu trabalho, cada vez mais consistente e maduro. Não à toa, a própria entrevista foi conduzida enquanto o artista estava em turnê pelos Estados Unidos, abrindo shows do Fleet Foxes e se transformando em mais um talento brasileiro exportado com sucesso.

Artista do Mês TMDQA!

Tim Bernardes é o Artista do Mês TMDQA!

Um dos detalhes mais interessantes do disco é a forma como as letras navegam entre mensagens diretas e metafóricas. Para o artista, no entanto, as metáforas são apenas uma forma de abordar de forma direta assuntos que não são tão concretos assim:

Eu gosto muito de comunicação direta. Eu quero transportar uma coisa que eu senti ou que eu pensei pra outra pessoa, ou quase até dividir, ter uma cumplicidade. O que eu acho é que alguns assuntos que foram chegando nesse disco, se eu os comunicasse diretamente, o assunto se perderia.

Nas músicas que são — liricamente, as palavras são mais imagéticas, ou menos concretas, é porque eu estou tentando comunicar diretamente um assunto que é menos concreto. Pra mim é sempre direto, só que os assuntos vão ficando menos concretos, mais abstratos.

Ele relembra, então, uma frase da música “Trovoa”, de seu próprio pai (Maurício Pereira) para exemplificar o conceito por trás dessas escolhas: “um instante único em que o poema mais lírico se torne a coisa mais lógica”. “A comunicação precisa transcender, de alguma forma, para falar sobre assuntos que transcenderam alguma lógica”, explica Tim, que finaliza: “falar com a metáfora é como você consegue comunicar o sentimento”.

Mil Caminhos entre o Indie e a MPB

Descrever a sonoridade de Tim Bernardes sempre foi difícil, mas em Mil Coisas Invisíveis se torna uma missão quase impossível. O tom mais intimista do álbum esconde a complexidade por trás de algumas das composições, banhadas de verdade a todo tempo e sempre navegando entre influências, referências e inspirações que vão do Indie à MPB.

Com o sucesso internacional, é natural que surja o questionamento sobre uma possível pressão na hora de compor, já que Tim passou a ser visto como um representante daquilo que a música brasileira tem de melhor para todo o mundo. Ele, no entanto, não se abala com isso e explica que essa situação não o faz focar mais em uma sonoridade ou outra:

Acho que não [trago influências brasileiras] pra ‘mostrar pra galera’, mas sim para tentar colocar mais da minha própria expressão, pra que eu me sinta mais identificado ali, sabe? Mais completo, porque eu tenho vários lados. Eu acho que eu estou sempre equilibrando o disco em si, mas também sempre a minha discografia como compositor.

O músico seguiu elaborando a resposta e falou também sobre a importância de lançar esse disco internacionalmente, já que ele vem sendo promovido pelo selo americano Psychic Hotline fora do Brasil:

Eu já tinha essa vontade de, na hora de parar pra lançar esse disco, entender se eu tinha uma estrutura pra lançá-lo fora do país também, pra arriscar isso. Ao mesmo tempo, também, conscientemente pensando que isso não pode influenciar — pelo menos não muito — a minha música. Porque é aquilo que eu estava falando: eu faço pra mim. Eu tenho que amar a parada.

Se eu já não pensava o que o público brasileiro ia achar disso, não faz sentido eu ficar pensando [no público internacional]!

Em outros trechos do papo, que você pode ouvir em formato de podcast clicando aqui, Tim Bernardes também dá detalhes sobre o processo de gravação de Mil Coisas Invisíveis, conta a história do piano da Rádio Eldorado que foi utilizado no álbum e, claro, abre o jogo sobre a relação que tem com lendas da música brasileira, como Gal Costa.

Entrevista com Tim Bernardes

Você pode assistir à entrevista exclusiva na íntegra, conduzida por Felipe Ernani, logo abaixo através do vídeo no canal de YouTube do Tenho Mais Discos Que Amigos!

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